Sexta-feira, 25 de Abril de 2014

HÁ 40 ANOS, PORTUGAL RESSUSCITADO

 

 

 

 

Pintura mural no Porto - As Paredes da Revolução, Graffiti, 1978, Mil Dias    Pintura Mural no Cacém - As Paredes da Revolução Graffiti, 1978, Mil Dias

 

 

 

Pintura Mural em Santo António dos Cavaleiros - As Paredes da Revolução, Graffiti, 1978, Mil Dias e Pintura Mural em Lisboa, Centro de Cultura popular de Alcântara - As Paredes da Revolução, Graffiti, 1978, Mil Dias.

 

 

Pintura Mural em Lisboa - As Paredes da Revolução, graffiti, 1978, Mil Dias

 

Portugal Ressuscitado

 (Caxias, 26 de Abril de 1974)


"Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura
vi abrir-se a minha terra
como um cravo de ternura.

Vi nas ruas da cidade
o coração do meu povo
gaivota da liberdade
voando num Tejo novo.

Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido

Vi nas bocas vi nos olhos
nos braços nas mãos acesas
cravos vermelhos nos olhos
rosas livres portuguesas.

Vi as portas da prisão
abertas de par em par
vi passar a procissão
do meu país a cantar.

Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido

Nunca mais nos curvaremos
ás armas da repressão
somos a força que temos
a pulsar no coração.

Enquanto nos mantivermos
Todos juntos lado a lado
Somos a glória de sermos
Portugal  ressuscitado.

Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido"

José Carlos Ary dos Santos

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:30
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Domingo, 29 de Setembro de 2013

LAURO ANTÓNIO, LUISA TODI, VAVÁ, FERNANDO TORDO, CRISTINA CARVALHO

 

 

 

 

Por ser proibido captar imagens da belíssima e merecida homenagem a Lauro António no Luisa Todi, Setúbal, ficou a reportagem diminuída. A querida amiga Maria Eduarda Colares teve o privilégio de colmatar a omissão. A «je», em segundo plano, conversava alegremente com amigos.

 

 

Apresentação do convidado pelo Lauro António, o impulsionador das tertúlias "Vavadiando". A todos encantou o desfile de memórias do Vavá por Fernando Tordo. Fração da história da cultura portuguesa que foi pitéu saboroso e merecia livro a preceito por tão decisivo ter sido em tempo de breu o Vavá como ponto de encontro de personalidades nacionais.

 

 

A sempre atenta anfitriã, Maria Eduarda Colares.

 

 

Fernando Dacosta e a voz de Fernando Tordo no "O Café" cuja música composta pelo Tordo e com poema do Ary dos Santos, composição de José Calvário, foi inspirada na miscelânea de frequentadores do Vavá no final dos sessenta, princípios dos setenta.

 

Finda mais uma memorável sessão do Vavadiando, foi tempo de rumar ao lançamento do livro "Ana de Londres" escrito por Cristina Carvalho, filha do saudoso homem da ciência Rómulo de Carvalho. Não resisti a comprá-lo. Ilustrado pelo amigo de outras eras, Manuel San-Payo, que, finalmente, reencontrei.

 

 

No espaço original pela conceção e estrutura arquitetónica, foi tempo de dançar ao som dos "clássicos" da época referida na capa do livro: "Retrato de uma geração que teve a coragem de lutar".

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

"O CAFÉ" (1973)

 

"Chegam uns meninos de mota,
Com a china na bota e o papá na algibeira
São pescada marmota que não vende na lota
Que apodrece no tempo e não cheira
Porque o tempo
É a derrota

Chegam criaturas fatais
Muito intelectuais tal como a fava-rica
Sabem sempre de mais,
Escrevem para os jornais com canetas molhadas na bica
E a inveja (sim, a inveja!)
É quanto fica

Como quem está num chá dançante
Duas velhas de penante depenicam uma intriga
Debicando bolinhos vários
Dizem mal dos operários que são a espécie inimiga

Chegam depois boas maneiras
Com anéis e pulseiras e sapatos de salto
São as bichas matreiras que só dizem asneiras
Sâo rapazes pescado do alto
E o que resta
É pó de talco

Chegam depois os vagabundos
Que por falta de fundos não ocupam a mesa
Têm olhos profundos,
Vão atrás de outros mundos que pagaram com sono e beleza
Mas o troco
É a pobreza

Chegam finalmente os cantores
Os que fazem as flores neste mundo de gente
São os modernos trovadores
Que adormecem as dores numa bica bem quente

Como quem está num chá dançante
Duas velhas de penante depenicam uma intriga
Debicando bolinhos vários
Dizem mal dos operários que são a espécie inimiga

Chegam depois boas maneiras
Com anéis e pulseiras e sapatos de salto
São raposas matreiras que só dizem asneiras
Sâo rapazes pescado do alto
E que resta
(Evidentemente que é) Pó de talco

Chegam depois os vagabundos
Que por falta de fundos não ocupam a mesa
Têm olhos profundos,
Vão atrás de outros mundos que pagaram com sono e beleza
Mas o troco
É sempre a pobreza

Chegam finalmente os cantores
Os que fazem as flores neste mundo de gente
São os modernos trovadores
Que adormecem as dores numa bica bem quente."

 

Em 2009, 25 anos depois da partida de Ary dos Santos, este tema foi relançado em disco comemorativo (segundo vídeo).

 

publicado por Maria Brojo às 06:29
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Sexta-feira, 11 de Novembro de 2011

AUTO-ESTIMA À ‘BULHÃO PATO’

Oscar Durand, Margaret Morrison

 

Vamos ter menos feriados católicos e laicos. Acho bem – poucos celebravam condignamente a «coisa» que lhes prolongava o serão anterior, quiçá na remota possibilidade de convencerem a mulher a «coisar», o sono, o remanso no dia aprazado para a «coisa» oficial comemorar. Se a «coisa» favorecia salto entre dias úteis, tanto melhor. Dá-se o caso dos portugueses terem como sisma pular regras, ludibriar o estabelecido, o «patrão» colectivo ou o individual.

 

Como diz alguém a quem muito quero: _ "Este país é um chiqueiro, mas daqui não saio". Partilho a graçola. Fico grata ao lado divertido da «coisa», encontro piada nos embustes usuais do sapateiro ao talhante, adoro ironizar e deixar-me levar, julgam eles, à certa, quando o riso mais importa. Qual o divertimento dum povo bem-mandado, atitudes constantes das páginas certas dos manuais, sisudo, isento do olho pisco ao levar a melhor que faz crescer a auto-estima à ‘Bulhão Pato’ cujo inventor de apelido Mata pouco tinha para satisfazer o Eça, salvo amêijoas, ervas aromáticas, sal, alhos e azeite?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Não é feriado mas dia de S. Martinho que é saboroso celebrar.

 

Giacomo Ceruti

publicado por Maria Brojo às 08:11
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Sexta-feira, 28 de Outubro de 2011

O JOGO DO CAOS

Chris Achilleos

 

Se à Teoria do Caos, onze anos atrás, coube o Nobel da Economia, foi a Teoria do Jogo depois premiada. Jogo. Caos. Sistemas aleatórios isentos de previsibilidade. Flutuações erráticas do universo ou consequência de um caldo inicial de condições?

 

Uma caricatura da Teoria do Caos defendia que o bater de asas de uma borboleta em Pequim originava furacão em Nova Iorque. Modelo elementar a ilustrar o que importa: a evolução de um sistema dinâmico depende das condições iniciais. Fosse possível regredir no tempo - o almejado “ó tempo volta para trás” –, mudando as circunstâncias que ditaram um acontecimento, os caminhos assumidos seriam diferentes. Nas coisas e na vida. Como mão-cheia de berlindes caídos no chão. Por cada lançamento, diferentes as posições determinadas pelo cozinhado das infinitas variáveis.

A Teoria do Jogo envereda pelo princípio acção/consequência. Atitude gera atitude, comportamento, comportamento, acção, reacção. Boa esta, sendo meritória a acção que a determinou. Simples e curto: do bonito nasce bonito, do mau vem crueldade. Da gestão das boas ou más atitudes poderá surgir o equilíbrio. Verdade abrangente do trânsito à guerra, da economia à ética. Consequência: admitida a bondade desta teoria, querendo solidariedade teremos, primeiro, de fazer uso dela. Não é para me gabar, não senhora, que eu nem sou dada a essas coisas como a «peneirosa» ali do 11 B, mas tenham a fineza de acreditar que ainda garota, caracóis presos num laço, joelhos esfolados, já sabia bem demais que ou andava «direitinha», ou às bonecas dizia adeus. Ora bem! E, que saiba, de precoce não tinha pitada.

Não seja levada a ironia à conta de desdém. Da complexidade dos sistemas que a natureza engendra sei um pouco para dela abusar com galhofa. Todavia, o gosto de tornar acessível o tido por complexo tem destas coisas: pisar o ténue risco entre verdade e falsidade.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:15
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Sábado, 15 de Outubro de 2011

CARAPELHOS E MUITO MAIS

Richard Baxter

 

Nascida em localidade prosaica, fascinam-me nomes extraordinários dos sítios. Ainda pequenota, engraçava com a designação dos respectivos habitantes. Cabra, por exemplo, situada numa das margens cimeiras do Mondego; chamar «cabrões» aos que ali foram nados ou viviam não me parecia sensato. Mudança ajuizada, e a terra passou a Ribamondego, entrando tudo nos eixos.

De casos semelhantes está o país cheio. Cabrão e Cabrões resistem em Ponte de Lima e Santo Tirso, respectivamente. Ah valentes! «Vendas» há quatro: dos Pretos, das Raparigas, da Porca e das Pulgas. Vaginha, Vale da Rata e Vale de Mortos não desmerecem em originalidade. Punhete, para os lados de Valongo, Picha em Pedrógão e Purgatório são embaraço bastante paro os nativos que têm de o fazer constar. Cabeçudos, Bicha, Às Dez e Aliviada são decentes terras nortenhas. Decentes, mas um estorvo: Nascimento? Às Dez. Ou Aliviada. Ou Bicha. Configure-se, nestes casos, o fácies do burocrata de serviço e a reacção da fila que atrás aguarda, senha na mão e desespero no rosto - um pavor!

 

Teclas amigas informaram:” Bustos, Ancas e Mamarosa, formam o triângulo amoroso de Aveiro. Um pouco mais a Norte, a terra com menos letras de Portugal: um "U" e um "l" apenas: Ul, a escassos km de Oliveira de Azeméis. À entrada de uma bonita vila Alentejana, lia-se a placa "Manço". A população insurgiu-se por faltar o "s" no final - é que ali, não era só um, eram todos mansos, ou melhor, de Manços.” “Na EN 109, direcção Aveiro/Figueira da Foz, Carapellhos) é localidade.” E mais haveria para anotar, fosse profundo o conhecimento do país.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Centenário do nascimento de Manuel da Fonseca.

 

publicado por Maria Brojo às 07:51
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