Shari Warren
Começo de dia na cidade. No passeio, importada e impressiva torre. Esguia e ruiva. Barbicha. Ao lado, versão latina - magro como candeeiro de jardim, rabo-de-cavalo, barbicha liliputiana. A contradizer. Os dois como réplica em XL e M. Plácidos ao contrariarem a azáfama do dia inaugurado. E pensava: _ homem com rabo-de-cavalo remete para aventureiro na terra e/ou no céu. Como figurantes imaginários, mosqueteiros na espera de ordens secretas ao serviço de Ana de Áustria que a protegessem dum Richelieu malvado. O real desmentia: além de faltarem ou Athos ou Aramis, não cruzados ferros com a perícia que Dumas lhes inventara, somente lembravam cópias de 'Dartacão' impassível e sem chapéu. Que ventos os teriam feito poisar ali? Ela avançou, eles ficaram. Tão ociosos como o reparo.
O «magala» e a teenager. Partilhavam baguette ao caminharem. Ele, menos de vinte anos franzinos a que o boné da farda emprestava ar de soldadinho de chumbo. Ela, a petite Janette. Lado a lado. Rodando, rodando e rodando enlaçados enquanto as palhetas da caixa de música não cedessem à fadiga ou à tampa caída. Esmagá-los-ia o futuro? Perderiam o «amor-da-minha-vida», crença na cerca dos vinte anos? Comum mentira da verdade. Deles, o tempo de acreditar; da observadora, o de não o deixar fugir ou fingir.
Calcava o empedrado num firme balanço. Não temia a punhalada do frio. Pernas longas, esguias, terminando em petulantes stilettos. (...)
(...)E caminhava segundo a pauta dos saltos que escreviam S.E.X.O. em variação de código Morse no basalto e no calcário.
Nota: parte do texto acabado de publicar aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros