No dia 29 de Novembro, Medeiros Ferreira foi o convidado da tertúlia "Vavadiando" promovida pelo excelente anfitrião Lauro António. À direita, Maria Eduarda Colares e Maria Emília Brederode Santos.
Lauro António apresenta o orador a uma assembleia sempre amável e, frequentemente, interventiva que escuta com prazer as palavras e a ironia subtil de Medeiros Ferreira. Depois, as perguntas e o diálogo com todos.
Conceição Alexandre e Mary. Duas das muitas habituais presenças nestas aventuras de saberes.
O pintor Eurico Gonçalves, José Espada Teixeira e o ator e encenador Frederico Corado.
A 20 de dezembro, João Pereira Bastos na sessão de Natal do "Vavadiando". A não perder. O Vá-Vá espera todos aqueles interesssados em participar.
CAFÉ DA MANHÃ
António de Matos Ferreira - “Naufrágio”
Acusam os portugueses de indisciplina, do desrespeito pelas elementares normas no viver em sociedade. A ceifa de vidas pelas estradas, os incendiários por deleite ou o rapinar de bens alheios fazem da indisciplina pecadilho menor. Dela fornece testemunho o hábito do sonoro arroto atingindo os extras quem estiver a jeito, de deitar pontas de cigarro, papéis e caricas para o chão.
Aventam alguns outra razão: o português gosta de pontaria apurada. Quando, num estalar de dedos, atira a ponta de cigarro, substitui cesto de basquete pelas pedras da calçada. Amarfanhar numa bola o papel do magro saldo bancário e pontapeá-lo com raiva para baliza invisível é prova de vida do goleador que há no fundo de todos nós. Tampas, maços vazios, o jornal lido, tudo serve para encestar. Ok, é ao lado do que estava em mira, mas treinámos, e isso é que conta. Por outro lado, quando um cretino está a pedir murro certeiro nos apêndices inferiores, normalmente mal reagimos e preferimos despejar fúria nos botões:
_ “Podia assestar-lhe pontapé valente, mesmo no meio, mas não. Fui superior àquele reles.”
Português é inseguro. Somente perentório no sim ou não, chamar «besta», em voz audível ao grandalhão que na rua o importunou se está entre paredes; as dele. Aí, a verve não falta. Azucrina os «putos» e a mulher, mas mostra quem manda, que é homem, que os tem no sítio. A verdade é nunca saber se os tem ou não. No sítio, claro. Se atentarmos nas vezes em que os apalpa e o alívio reconhecido por não terem debandado, deixa o observador com dúvidas: para onde poderiam eles ter migrado? Tão caducos que o pobrezito receia que lhe caiam aos pés? Que cachorro vagabundo os coma logo ali? Remédio: açaimá-los pela manhã. Aos ditos, pois então!
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros