“A Matter of Life and Breath” de Danny Hahlbohm
Corre a sazonalidade dos incêndios. Das matas, porque os das almas não têm época passível de certezas. A Síria comprova a tese - “O Inferno” de Dante está inscrito a fogo no espírito da humanidade. Mas sendo dos incêndios nacionais o tratado, lembrar o negrume pestilento dos solos ardidos, a tragédia dos perecidos, é imperioso. Em Lisboa, dois a carvão escritos na história: o que no dia 1 de Novembro cerrou mandíbulas em 1755, e no Chiado a 25 de Agosto no ano de 1988.
Vinte e cinco anos desde a madrugada naquele preciso dia de Agosto, aprestam-se a ser cumpridos. Em viagem desde manhã muito cedo, saberia do drama pela TSF. Incredulidade foi o sentimento primeiro. Mágoa, o seguinte, pelo desaparecimento do encanto decadente da fração do interior da cidade que já na infância mais amava. Chegada a Lisboa, pela tarde, viria a testemunhar o horror a partir do Camões. Somente quem conheceu o glamour da “Baixa Chiado”, dos Armazéns do Grandella e do Chiado as madeiras gastas, escadarias, manequins d’antanho nas montras e dentro, chegado o Natal, a fantasia exposta aos passantes – visita obrigatória para adultos e crianças – chora as memórias.
A reabilitação urbana daquele lugar pertenceu e pertence ao arquiteto Siza Vieira. Ficará concluída no próximo ano. Pelo visto, desapareceu para sempre a alma do espaço. Em contrapartida, democratizou o leque de frequentadores, outrora refúgio de elites. Ainda assim, os edifícios de apartamentos que abrem túneis para deliciosas pracetas, oferecem valores proibitivos aos candidatos a moradores.
“Amanhã, será lançado o livro "O Grande Incêndio do Chiado", que reúne fotografias de Alfredo Cunha, Fernando Ricardo, José Carlos Pratas e Rui Ochoa. O livro (edição Tinta da China) é lançado às 16h de domingo na FNAC dos Armazéns do Chiado e as fotografias expostas a partir de segunda-feira, no Museu dos Bombeiros.”
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros