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As corporações agitam-se: a da construção civil, dos bancos, dos funcionários da Caixa Geral de Depósitos, da Carris, da TAP e outras muitas. A primeira pretende transferir para a reabilitação urbana cascata de lucros que a paragem imobiliária de compra e venda diminuiu. Bem precisam as cidades de banhos de restauro que devolvam condições de habitabilidade para tantos que as arrendam, alguns dos mais desprotegidos pela sociedade. De urbes porcas, feias e más tem havido fartura.
Requalificar bairros, deles os quarteirões, é conferir dignidade aos inquilinos antigos. A paga mensal ao senhorio é pequena e a pescada em arco que na boca retém a barbatana da cauda justifica que também os proprietários não arrecadem bastante para as obras precisas. Enquanto o tecto não cai em cima dos que dormem e os protege dalguma chuva e frio, enquanto as lascas do estuque pendem como lustres desconchavados e a água da torneira escoa amarela pela ferrugem/passagem, é tempo de sobrevivência indigna. E os dias da população envelhecida que habitam centros históricos são passados à janela, ou na cama, ou à porta com os vizinhos.
Dizem típicos lugares assim da cidade, do país. Constam dos roteiros turísticos. A tiracolo, passam câmaras de retratos ou de filmes amadores depois exibidos à família e amigos. Os protagonistas reduzidos a zoologia rara. Que nunca foram para desgraça colectiva.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros