Sou do tempo em que o único canal televisivo entretinha gentes remediadas com matinés inocentes onde pontificavam coboiadas romanescas. Havia tiros e corria sangue, verdade, embora o preto e branco dele fizesse caldo de borra de cigarro. Ingredientes quase certos eram diligências fáceis presas dos mauzões, paisagens desoladas com cilindros de ervas secas enrolados pelo vento, xerifes e bandidos. Forcas quando calhava. Depois, havia a bendita certeza do filme acabar bem com o pistoleiro nos braços duma donzela em bom recato ou no quarto de refinada jovem prestativa em qualquer saloon. Já a tarde ameaçava sono quando a matiné era finda. Pequenada contente, mãe bordando, pai ouvindo relato de futebol, tarde de domingo invernoso bem passada.
Ora, dá-se o caso de ter sido questionada sobre a razão das já tremeliques pontes pênseis de madeira nos filmes do faroeste só darem de si após o comboio dos «bons» passar, feita antes marcha-atrás. A bandidagem era obrigada a estacar e os malvados da frente caíam na ravina funda como algumas gargantas que ‘eu cá sei’.
Recorri aos Spaghetti werstern ou Bang-bang à italiana vistos e revistos nas matinés da TV – acabada a exibição do lote de filmes em stock, eram repostos os velhinhos a cintilar como estrelas cadentes. Pois a meu ver, resposta simples: (…)
(…) Tudo muito desembaraçado e coisa e tal, todavia com, no mínimo, dois senãos:
_ não recordo o nome de um único western em que surgem situações como a questionada;
_ será que a quantidade de movimento nada tem a ver com o facto?
«Franchement» vos digo não estar com a menor vontade de consultar canhenhos que me reavivem memórias estafadas.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros