Autor que não foi possível identificar Dinie
Não me dou por exagerada ao afirmar que substantivo número de mulheres muito dariam para uma vez ao menos, na altura certa e observada a condição de ser o vestido pregueado, os vapores das entranhas da cidade ou o vento as transfigurarem em «Marilyns» deslumbrantes como se o pretendido fosse púdico desejo de evitar saia voando até à cintura. O aleatório cosmos não me parece ser de fiar para auxílio na reunião das condições necessárias. Por outro lado, os deuses devem jogar à bisca ‘todo o santo dia’, constatados que foram por eles serem excessivos os pedidos humanos traduzindo tontarias ou patifarias. As novas beatas e santos, pela lógica mais dispostos a mostrar serviço porque precisados de crentes que lhes consolidem o cadeirão celestial, deveriam ser os mais atentos às miudezas imploradas. Mas quem se lembrará de orar por bem-sucedida conjugação astral à Beata Sãozinha ou à Santinha da Arrifana para o vestido rodado, já curto para ajudar, se erguer comme il faut no momento desejado? Trocando por miúdos: não há natural ou sobrenatural que nos atenda se imitar a Marilyn ou outra futilidade é a essência da prece. Um dia, num acaso em que a vida é pródiga, talvez aconteça. Ou talvez não.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros