Quarta-feira, 13 de Março de 2013

FUMO NEGRO, FUMO BRANCO

 

João Paulo II                                                                                                                             Bento XVI

 

Hoje, segundo dia do conclave para eleição do novo Papa, os cardeais continuam a dieta espartana iniciada ontem e a manter enquanto durar a reunião cardinalícia. As freiras da Casa de Santa Marta servem aos cardeais “refeições à base de sopa, esparguete, pequenas espetadas e legumes cozidos”. Por satisfazer o gosto pela rica gastronomia romana de que fruíram nos dias anteriores ao conclave. Terá dito o cardeal canadiano Thomas Christopher Collins ao entrar no restaurante Venerina, perto do Vaticano, dois dias antes do início da reunião: _ “Faça-me uma boa refeição, porque, se depois do terceiro dia de conclave não tivermos escolhido o papa, vão pôr-nos a pão e água”. O Corriere della Sera concluiu: “Talvez este regime, mais parecido com comida de hospital, possa acelerar a escolha.”

 

A dar crédito à influência da minguada satisfação do palato, fumo branco poderá surgir hoje substituindo o negro de ontem - resultado da queima dos boletins dos votantes mais produto químico. “Se um candidato obtiver 77 votos (dois terços) serão queimados unicamente os boletins, produzindo um fumo branco, que anuncia a eleição e o grande sino da basílica de São Pedro tocará a repique.”

 

Em Fátima, os negociantes de artigos religiosos afirmam que o Papa Bento XVI nunca foi bom negócio. Culminou o desastre com a resignação que recambiou para os armazéns produtos a ele alusivos. Ao invés, João Paulo II ainda bate os recordes de vendas que a beatificação incrementou.

 

Não é bonito o sentimento de pena inspirado pela sisudez e sapiência rígida de Bento XVI. Nem após a digna resignação uniu os católicos. Além de manifestações de discordância, a presença do cardeal Mahony de Los Angeles no conclave escandaliza por ter encoberto inúmeros casos de pedofilia levados a cabo por um sacerdote. O caso envolve acordo judicial por dez milhões de dólares. Mas ele lá está, como se impoluto fosse, na Capela Sistina de onde saem fumos.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:17
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Sexta-feira, 23 de Novembro de 2012

SEM BURRO NEM VACA

 

Fra Angelico, A Adoração dos Magos (1445)

 

Com burro e vaca o presépio tradicional. Retirando os animais, falta o bafo quente que teria aquecido o Menino, nado em Nazaré, em seu berço de palha. As ovelhas disseminadas pelo musgo nada têm de bíblico como os animais agora excluídos por via de livro papal, o último duma trilogia iniciada há nove anos quando Bento XVI ainda era Cardeal Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Os dois primeiros volumes da trilogia Jesus de NazaréDo Batismo à Transfiguração e Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição - datam de 2007 e 2011 respetivamente.

 

Sem burro nem vaca passam a dinossáuricos o diálogo de Veríssimo bem como o poema de Drummond de Andrade que os referem; ambos ouro da literatura brasileira. Mais há a considerar: o pavão no presépio de Fra Angelico. E porque tradições há muitas, cada povo tem a sua, Deo gratias! Batem o pé as beatas que pouco sabem da Bíblia mas servem com devoção o horário das missas, rezas e confissões do prior da freguesia. Que inundam de flores os altares com duvidoso gosto no arranjo. Que, domingo a domingo, trocam as toalhas de rendas antigas por da sacristia conhecerem segredos e lugares. O sacristão, coitado, obedece-lhes ou as mestras devotas atiram-lhe às bochechas indiscrições que podem ir à passada terceira geração da vítima e ameaçam tornar públicas. E o desgraçado anui por saber que regimento de mulheres belicosas, línguas afiadas como faca de laminar picanha, é invencível. 

 

Em Priscos, concelho de Braga, conhecido pelo pudim mistura de abade com toucinho e por, anualmente, apresentar o maior ‘presépio vivo’ da Europa, é certo não faltar burro e vaca na manjedoira. Arrisco: na maioria dos ‘lares católicos’ onde presépio completo tem lugar de honra, o mesmo, ou o Manelinho e a Mariazinha, Mica fosse pobre, entram em rebelião por no colégio da Opus Dei aprenderem que ser conservador é respeitar tradições da Santa Madre Igreja. As vergastadas com cilícios vêm depois. Enrijam a fé, dizem.

 

Nota: texto publicado aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:46
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Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2010

‘VOCÊ LÁ, EU CÁ’


Lorenzo Sperlonga

 

Ocorreu escrita acerca de Bento XVI. Denunciou, ontem, “a inércia da hierarquia católica irlandesa, manchada por actos de pedofilia”. Há anos, pontificando João Paulo II, o muito amado - incluo-me -, a Arquidiocese de Los Angeles pagou 660 milhões de dólares a meio milhar de vítimas de abuso sexual quando menores. “A Diocese de Detroit foi à falência pelos actos cometidos por sacerdotes acobertados por bispos”. Mais tarde, biliões em libras e dólares pagos, como se metal vil compensasse sofrimentos. Tristeza, uma entre algumas, que outras igrejas e a Católica propiciam aos devotos por fé, que não pelas posturas hierárquicas.

 

Parei. Rebolados e sambas não propiciam seriedades. Clicado o Facebook, mais houve para saber. Li:

_ “O sonho de Teixeira dos Santos é ir para Governador do Banco de Portugal, mas parece difícil com o ano que vamos ter. Vitor Bento seria escolha de abertura.”

Resposta alheia:

_ “O Paulo Bento. Esse sim, está sem trabalho.”

Minha:

_ “«Me desculpem, vai», mas vou na hipótese do J.V. O homem foi leão valente. Para o BP somente por tampa/tacho, esquife à vista!, ou por bravura carimbada.”

Última:

_ “Árbitros profissionais exigem aumento dos subornos todos os anos”.

Resposta:

_ “Assim não dá! Uma mulher tenta escrever coisas sérias, vem aqui numa rapidinha, e dá com esta.”

Riso solto e desandou a (pouca) inspiração.

 

Demorei - alergia a redes sociais -, mas reconheço: desde há pouco, fiquei adepta do Facebook. Razão: é um ‘te avias’ de ideias e humor. Saídos do forno, pareceres de fazedores de opinião. Nunca da minha – preciso de juízos meus. ‘Você lá, eu cá’ nas breves com gentes admiradas. Submissão perante deuses terrenos? Nem um pouco! Apenas mais um gosto nos escassos lazeres.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:59
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