Foi assim, aliás, que David se lixou com Betsabé (Gerome Betsheba)
Perdi o estilo. Já tive uns laivos do estilo de que fala aqui o veemente Charles Bukowski. Agora, nem pó. Farei o que for preciso para o recuperar: ou vou preso ou arranjo um gato. Arrisco mesmo pendurar-me numa varanda para te ver a saíres nua do banho sem que me vejas a mim. Foi assim, aliás, que David se lixou com Betsabé.
Entretanto, à falta de melhor, traduzi o que podem ouvir o desbocado Bukowski cantar no vídeo. E depois não digam que o “Escrever é Triste” não é serviço público.
Estilo é a resposta para tudo
Uma forma grácil de fazer coisas chatas ou perigosas
Fazer uma coisa chata com estilo é preferível a fazer uma perigosa sem ele
Fazer uma coisa perigosa com estilo é o que eu chamo arte
Tourear pode ser uma arte
O boxe pode ser uma arte
Amar pode ser uma arte
Abrir uma lata de sardinhas pode ser uma arte
Nem todos têm estilo
Nem todos sabem conservar o estilo
Já vi cães com mais estilo do que homens
embora nem todos os cães tenham estilo.
Têm-no com abundância os gatos.
Quando Hemingway esparramou os miolos na parede com um balázio,
teve estilo.
Às vezes as pessoas dão-nos estilo
Joana d’Arc tinha estilo,
João Baptista
Jesus
Sócrates
César
Garcia Lorca.
Encontrei na prisão homens com estilo.
Encontrei na prisão mais homens com estilo do que fora dela.
Estilo é a diferença, um modo de fazer, um modo de ser feito.
Seis garças de pé, quietas, numa poça de água
ou tu, nua, a saíres da casa de banho, sem veres que te vejo.
Fonte - Manuel S. Fonseca no "Escrever é Triste".
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