Angelo Morbelli, Arthur Sarnoff e Pat Dugin
Porque as soluções radicais da crise planetária em poderes e economias rodariam em 180º o mundo, vão surgindo paliativos. Pouco alteram, são migalha de broa inteira, dizem. Contraponho: das mudanças, por pequenas que sejam, novos ideares, outros comportamentos surgem. E porque água tanto insiste até que fura obstáculos rijos, melhor fazem os humanos se objectivo valoroso passar de individual a colectivo.
Tomemos como exemplo o hábito de poupar. Meio século atrás, em Portugal, era comum. A generalidade das famílias aforrava parte dos ganhos e constituía pé-de-meia para enfrentar futuro – educar filhos, dar resposta à doença se num mau dia fizesse deslizar o ferrolho. Hoje, poupar é slogan publicitário e os meios de comunicação ensinam o «bêabá» do gesto tão esquecido e diferente pela evolução social e sub-reptícios ou expostos apelos ao consumo. Ganhando pouco ou muito habituámo-nos à «chapa ganha, chapa gasta» - o Estado, os bancos tentaculados ao plástico dos cartões lá estavam para suprir faltas e saciar devaneios.
Duas iniciativas simbólicas merecem atenção. O padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal revelou o desígnio da Igreja Católica em estimular a poupança substituindo a chuva do irritante arroz sobre os noivos pelas tradicionais pétalas de flores que bem podem ser sobras da actividade das floristas. Cálculo feito a um ou dois quilogramas por casamento, quarenta toneladas são desperdiçadas ao ano quando o cereal tanta falta faz a tantos. Gesto simbólico como outro também sugerido aos convidados de oferecerem presentes úteis ou verbas com a indicação de fatia estabelecida num cheque ter como destino obra social previamente escolhida. Na Escócia é procedimento comum. Como reagirão os noivos portugueses? Se faustosa a festa do casamento, concordo. Se simples e de acordo com as dificuldades do casal recente, melhor ajudá-lo com o possível.
Pedro Saraiva, é um dos responsáveis da segunda, inovadora no país. Conta:
_ “O computador do meu pai avariou. O problema estava na placa gráfica e fiquei um bocado irritado com um informático que me disse que a placa nova custava 70 euros e o computador novo 200. Acabei por arranjar uma placa grátis que demorou muito tempo a chegar-me às mãos, o que me fez pensar numa forma de agilizar o processo para mudar mentalidades. Somos neste momento um dos países com um índice de reutilização mais baixo da Europa, o que quer dizer que alguma coisa não está correcta nos nossos hábitos de consumo.”
Nasceu o portal ‘dou.pt’. Facilita serem entregues a quem necessita objectos dos quais os doadores não precisam; vai ao «pormaior» de ter em “conta a proximidade geográfica e o círculo social através dos Facebook dos utilizadores”. Bem visto! Darei volta aos meus pertences úteis mas em desuso e pô-los-ei à disposição de quem os desejar, não esquecendo que roupas previamente limpas, produtos de higiene e outros de semelhante teor irão, como sempre fiz, para obras sociais ou para de quem conheço as precisões.
CAFÉ DA MANHÃ
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