Michel Gourdon e Billy DeVorss
Como povo, atolámo-nos em previsibilidades. Andamos por veredas lineares com horizonte à vista mal é iniciado o caminho. Talvez xaropes para alívio da insegurança que constantemente pigarreamos. Talvez preito à nossa ancestralidade pouco dada a reviravoltas/reviralhos e mais crente no seguro que dizemos ter morrido de velhice. Não admira: ficamos amesendados e cronologicamente velhos logo após os trinta.
Neste momento, Portugal garante êxito às antecipações anuais de qualquer astrólogo de meio-baralho. As comissões de inquérito mais parecem chás entre comadres, António Costa está amigado com Rui Rio, o PEC passou, venceu o Pedro Passos Coelho _ a Madeira foi o desgosto _, algum «pêessedista» de nomeada, segundo Carlos Vaz Marques, “virará as pontas das setas ao ar”, Manuel Alegre rabuja contra o omisso apoio do partido, contra o PEC, contra o pragmatismo exacerbado, cita Sampaio e Obama, a gripe A desapareceu como veio, Sócrates anseia por alguém que o desobrigue de S. Bento a tempo da nova época de ski em Aspen onde deslizará alegremente acompanhado por Paulo Portas e partilhará chocolate quente ao serão enquanto não ocupar qualquer outra cadeira dourada quase vaga. Um tédio!
No meio dos gastos _ não escrevi gatos, nem saco deles, sublinho _ nonsense, vivam os anónimos que não desistem de varrer hábitos e costumes maus. Como eu (legitimem-me a honra!). Limpar o próprio carvão negro-de-fumo era impensável há uma semana. Ao quinto dia do após, o sol brilha e a vida é boa. Sem adesivos ou pastilhas. Aliás, mascar fica pessimamente e não combina com sedução íntima. Para mim e minha. Aspen como auto-prémio não me parece mal. Ou a Costa dei Fiori. Sou dada a extremos.
CAFÉ DA MANHÃ
Duas propostas: o mesmo tema, If you Hold my Hand, a mesma voz, Donna Hightower, recuperada em remix pelo Sonny J. e no original.
Billy DeVorss
Queixa feminina. Generalizada. “Poucos homens merecem segundo olhar. Rodando o ângulo de visão, de raro em raro, aparece um. Pela certa, gay.” Sorte minha: machos belos, às primeiras, não me fazem o género - prefiro feios/bonitos. Despertam curiosidade, apelo ao mais saber, fogem dos estereótipos consagrados no in & out. Se conjugam inteligência, humor e optimismo incrédulo, a rendição ameaça. Sempre fui assim. Tarde para mudança. Alterar gostos somente alicerçados em solo e aço de qualidade indiscutível, credenciada pela subjectividade irracional. Contradição? Era lá capaz de sobreviver sem desafios/incoerências que engendro? Não! Nope!
Raridade: em menos de uma semana, vi dois homens divinos pelo continente – do conteúdo/espírito nada sei. Um atravessou a zebra em frente do carro parado pelo semáforo. Passado, passei e desandámos. O segundo em lugar pouco recomendável: oficina perita, como todas, na arte do bem roubar (tradução literal: lugar para reparações automóveis). O homem possuía aquele «não sei bem», ‘je ne sais pas quoi’ no original aprendido. Unidos pela ânsia de ser devolvida viatura sem barulhos extra. Ele afadigado no espreita debaixo da lata suspensa. Eu relatava o raspar, direito, a mais de oitenta e em quinta. Pastilhas dos travões, fora de causa – mudadas há um mês. Sem resolução conveniente o achaque dele. Banal, a lamúria do meu. Cada um entretido com diagnóstico isento de palpação ou estetoscópio – suficientes funcionários com olhos e ouvidos de lince. Desolado, levou o cabrio. A pé, subi a rampa, táxi à vista, e volvi a casa. Pelas cinco, busquei o pertence.
Atentando nos espécimes destacados, concluí que a embalagem fazia parte dos anónimos encantos. Frivolidade evidente. Minha. Nossa. De algumas mulheres. Similar deve suceder com alguns eles: ou somos «boas» num relance, ou integramos o lote das ferramentas remetidas para canto obscuro na arrecadação. Nem isto: apagadas do registo, tal qual faz o feminino. Constato: o ver importa se aliado ao ouvir de «ler» o outro. Tomar a dianteira, ele ou ela, marca diferença. Problema: somos uns tímidos do «caraças»! Insensatos pela sensatez excesso. Conclusão: ainda bem!, ou seria fácil demais ‘surfar’ nas ondas químicas das atracções.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros