Bjorn Richter
Como substituir a onda de felicidade vivida após conquista significativa no futebol? Outro motivo neste país de calças caídas pela míngua e subordinado a tirania exterior, num olhar de relance, não é fácil de encontrar. Enumerar desgraças, todos fazemos quotidianamente. A tristeza que faz olhares mortiços, gestos desesperançados é comum. Mas atentemos nas novidades boas que surgem em Portugal: instituições científicas e/ou tecnológicas reconhecidas por esse mundo fora, premiada com mais estrelas Michelin a nossa gastronomia como ontem aconteceu, o prestígio internacional nas artes desenvolvidas aqui, o mérito dos nossos investigadores e especialistas que na «estranja» dão provas de excelência. Por fim, a resistência dos cidadãos perante anos difíceis. A capacidade de sofrer com dignidade. E para aqueles cujo sentido da vida foi esfumado, a luta na batalha pela subsistência travada no dia-a-dia.
Se não encontramos razões para confiar nos governantes, confiemos nas individuais. Eu confio.
“Uma vez numa lua azul”
O quarto está vazio
as luzes estão turvas
e maravilhas o meu coração
se eu nunca mais irei vê-lo novamente
Minhas lágrimas estão com fome
para uma porta aberta
e os seus braços me seguraram
Eu nunca me senti assim antes
E eu estarei esperando
e eu vou estar assistindo
sob uma lua azul
Gosto do céu
só acontece
uma vez numa lua azul
Você lembra-se
quando o vento soprava livre?
Nós encaixávamos
tão naturalmente
Se o vento fecha a porta
ele vai abrir outra
Uma vez numa lua azul
CAFÉ DA MANHÃ
Bjorn Richter
Não aceitando que do caos tenha surgido este Universo organizado, renovo a cada noite o assombro pela certeza do tempo que a Terra demora no rodar à volta dela e da estrela maior. Experimento a doçura de ter calhado esta forma de vida ao meu planeta. De não terem calhado em Saturno as noites dos meus dias. Vinte e nove anos terrestres para descrever uma órbita seria tempo demais para quem aprecia recomeços. E a lonjura? E o frio pela gigante distância ao Sol? Por isso me quero na Terra que amo e concede ciclos adequados à parte do meu ser que não se vê.
Quando a inclinação do eixo encurta os dias e faz maiores as noites, é tempo da rodilha do meu corpo aconchegado no sofá. Do livro no colo, da música sussurrada, do rosto lavado, das calças de algodão que o laço do atilho prende à cintura. De me erguer e, encostada à vidraça, desenhar caminhos das pérolas líquidas que as nuvens deixaram cair. São as noites aveludadas pelas sabrinas brandas que confortam os pés, da pressentida chuva, do frescor na rua. E a languidez distende a pele e os músculos. O espírito regressa ao tempo dos sonhos acordados que o apaziguam. Manso, chega o sono. Mansa, arrumo a noite sabendo que o giro da Terra outras renovará.
CAFÉ DA MANHÃ
Homenagem a divas intemporais - Rita Hayworth, Doris Day.
Bjorn Richter
Com o mote "A natureza é de todos", na quarta-feira, 25 de Abril, haverá manifestações pela liberdade de usufruir dos parques do Estado, onde voltaram a ser exigidos 152 euros para caminhadas.
No próximo dia 25 de Abril, às habituais marchas de cravo na lapela que em Lisboa e Porto recordarão a liberdade alcançada nesse dia em 1974 somam-se, este ano, duas outras marchas. Pela liberdade de usufruírem dos parques naturais geridos pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), grupos de pedestrianistas e montanhistas vão juntar-se nas áreas protegidas da Peneda-Gerês e da serra de Aires e Candeeiros. Em causa volta a estar contestação à exigência do pagamento de uma taxa de 152 euros a quem pretenda organizar caminhadas nos parques naturais do Estado.
Com o mote "A natureza é de todos", o protesto de quarta-feira reacende a polémica levantada em Outubro de 2009, aquando a aprovação da portaria 1245/2009, que estabelecia as taxas a pagar por serviços prestados pelo ICNB, e que impunha o pagamento de 200 euros por "declarações, pareceres, informações ou autorizações de atividades de visitação". Muita contestação e uma manifestação depois, o Governo de então voltou atrás e fez publicar, em Março de 2010, uma nova versão da portaria, que, consideraram todos os praticantes de atividades de montanha, resolvia a questão, ao excluir do seu âmbito o acesso e a visita aos parques.
O problema é que a nova redação não resolveu nada, dada a interpretação feita pelos serviços do ICNB, queixaram-se, já em Dezembro, numa carta enviada à ministra do Ambiente, Assunção Cristas, mais de 200 praticantes de pedestrianismo e montanhismo que desenvolvem atividade no único parque nacional do país - Peneda-Gerês. "Como a Exma. Senhora Ministra poderá verificar, através de uma abusiva leitura da dita portaria 138 A/2010, está a ser atualmente exigido o pagamento de uma taxa de 152,00€, acrescida das atualizações anuais, para que os pedidos de autorização de atividades de visitação do parque nacional possam ser analisados", alerta-se na carta.
(…)
Sem resposta à carta enviada a Assunção Cristas, em meados de Março vários grupos começaram a movimentar-se para organizar novas formas de luta contra a interpretação que, em alguns espaços naturais, vem sendo feita da portaria. Interpretação essa que levou a que, no mês passado, um grupo que caminhava na serra de Aires e Candeeiros tivesse sido abordado pelas autoridades deste parque natural, e notificado pelo facto de não ter qualquer autorização para caminhar. Um caso que está na génese da manifestação marcada para esta área protegida.
(…)
Quer o BE quer os subscritores chamam a atenção para o efeito perverso da taxa que, dizem os pedestrianistas, "acaba por incentivar uma desobediência cívica". Os bloquistas notam que "a situação criada pela aplicação desta taxa a particulares leva a que muitos visitantes realizem as atividades desportivas sem darem conhecimento às entidades que gerem os parques". E notam: "Estas visitas não comunicadas são particularmente graves, pois impedem o parque de gerir o número de visitantes, pondo em causa a sua resiliência e sustentabilidade, e aumentam a perigosidade de muitas práticas desportivas."
Os praticantes de montanhismo não estão contra a necessidade de pedir autorização para visita a áreas mais sensíveis dos parques. Contestam é que, pelo pedido, que até pode ser recusado, se pague mais de 150 euros. Um preço exigido a grupos que andam a pé e que é dez vezes superior ao que os automóveis, com a sua carga poluente e sem necessidade de qualquer autorização, pagam no Verão para atravessar a mata da Albergaria, uma das áreas de proteção integral da Peneda-Gerês.
Fonte: http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1543151
CAFÉ DA MANHÃ
Bjorn Richter, Samy Charnine
Em período de seca nos solos portugueses, de escassez de água no planeta, economiza-la é sensato. Vem a propósito lembrar que num duche convencional são gastos 10 litros de água por minuto. Surgiu, há tempos, tecnologia que permite serem gastos apenas 15 litros seja qual for a demora, sendo a água reaproveitada. Sistema aplicável aos chuveiros comuns, consta dum aparelho congeminado por português. Há um ano, que o inventor o utiliza. Diz que se sente lavadinho. Acredito. Seja comercializado e quem instala o aparelho sou eu.
Os dermatologistas asseguram que nos lavamos demais e também por isso proliferam doenças de pele. Uma lavagem do corpo sem detergente na forma de gel ou sabonete é suficiente. Mas herdámos hábitos de asseio dos árabes. Os países do Norte e Centro da Europa tomam-nos por peculiares na necessidade do duche diário. Passar pelo corpo toalhitas molhadas basta às francesas - nada sei dos equivalente rituais masculinos em França.
Nos países escandinavos, usar, de noite, o autoclismo é falta ao respeito devido ao sono tranquilo dos outros. Configuro o fedor matinal. A sanita como penico comunitário da família. Preferível mesinha de cabeceira antiga com porta inferior destinada a alojar o vaso para dejetos noturnos – somente o responsável por eles lhe sente o incómodo.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros