Mark Cross
Nesta precoce época de múltiplos incêndios, li e fez sentido a explicação que segue. Não resisto a publicá-la (fonte não registada).
“À medida que o homem se espalha pelo planeta, os incêndios aumentam e destroem a vegetação nativa. Essa é uma crença arreigada na maioria de nós. A realidade é não sabermos a quantidade de biomassa que era queimada anualmente durante a Idade Média ou ao longo do grande crescimento populacional do século XX. Estudos recentes demonstram que esta suposição está errada. A quantidade de biomassa queimada atualmente é a mais baixa dos últimos 650 anos.
Analisando imagens de satélite, é possível saber que parte do planeta está sendo devorada pelo fogo a cada dia. Mas esses dados cobrem apenas o período recente, pois faz menos de 30 anos que é possível compilar os dados a partir de fotos de satélite. Dados relativos aos últimos 2 mil anos podem ser obtidos medindo a quantidade de carvão vegetal presente nas diversas camadas do solo, em diferentes regiões. O problema dessa série de dados é que, apesar de ser recolhida em diversos continentes, retrata somente o local estudado. A novidade é que, analisando a quantidade de monóxido de carbono presente em amostras de ar sequestrado em colunas de gelo, foi possível calcular a quantidade de biomassa queimada, a cada década, nos últimos 650 anos.
Quando neva na Antártica, pequenas bolhas de ar ficam presas na neve. No ano seguinte, essa neve é recoberta por uma nova camada e a pressão faz com que ela se transforme em gelo, isolando a amostra de ar atmosférico em pequenas bolhas dentro do bloco de gelo. Ao longo dos séculos, essas camadas acumularam-se. Há anos, que os cientistas fazem furos em diversas regiões desse continente e recuperam amostras de gelo de diferentes profundidades. Amostras colhidas logo abaixo da superfície contêm o ar do ano passado. Nas retiradas de profundidades maiores o ar sequestrado representa o que estava na atmosfera no século passado e assim por diante. O estudo dessas amostras de ar já permitiu calcular tanto a quantidade de gás carbónico presente na atmosfera antes da revolução industrial quanto a temperatura da atmosfera no passado. Agora, utilizando métodos sofisticados de análise, foi possível medir a quantidade de monóxido de carbono nessas amostras. Como o monóxido de carbono é formado com a queima incompleta de biomassa, ele é um indicador da quantidade de biomassa queimada no ano em que o ar foi retido no gelo. Um obstáculo é que existe um outro processo de formação de monóxido de carbono na alta atmosfera. Mas novas tecnologias, capazes de analisar os isótopos de carbono e oxigénio presentes nas amostras, permitem distinguir a quantidade de monóxido de carbono gerado por cada processo.
Os resultados confirmam o que os cientistas haviam descoberto analisando a acumulação de carvão nas amostras do solo. Entre 1350 e 1650 houve uma redução de aproximadamente 50% na quantidade de biomassa queimada. Entre 1650 e 1850, a quantidade de biomassa consumida pelo fogo quase duplicou. A partir de 1850 é observada uma queda rápida na quantidade de biomassa queimada. Esta queda contínua faz com que a quantidade de biomassa queimada atualmente seja a menor dos últimos 650 anos. Esses dados sugerem que nunca existiram tão poucos incêndios nas superfície do planeta quanto nas últimas décadas. Se forem confirmados, os dados demonstram que a hipótese dos incêndios acompanharem a colonização do planeta pelo homem não corresponde à realidade.
A maneira mais simples de interpretar os dados é correlacionar as queimadas não com a atividade humana, mas com o clima. A primeira queda corresponde ao período de resfriamento, chamado 'Pequena Idade do Gelo', que terminou por volta de 1500 e foi seguida por um ligeiro aquecimento nos séculos seguintes. A grande dificuldade é explicar a abrupta queda entre 1850 e o presente, atualmente um mistério. Outra dificuldade é prever o que vai acontecer nas próximas décadas com o gradual aquecimento do planeta.
O fato é que a especulação de que a maioria dos grandes fogos responsáveis pelo aumento do monóxido de carbono ser provocada pela atividade humana parece não ser verdadeira. Tudo indica que a temperatura da atmosfera é o fator mais importante. De uma coisa há certeza: esses novos dados vão provocar polémica entre climatologistas e ambientalistas e, provavelmente, devem forçar uma revisão de alguns modelos do aquecimento global.”
CAFÉ DA MANHÃ I
CAFÉ DA MANHÃ II
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros