Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2015

A GRÉCIA TEM DE FALHAR

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  1. Schadenfreude: a alegria de ver o outro tramar-se. A palavra é alemã (todas as palavras exactas são alemãs ou, se não são, deviam sê-lo) mas o sentimento é português. Ou melhor, não é português, porque os portugueses estão divididos. Há os que acham bem que a Grécia «leve uma ripada que é para aprenderem», aos quais eu chamaria, com carinho, os fachos; e há os que desejam que esta revolta dê resultado (os comunas). Na verdade, é óbvio que nem uns são «fachos» nem outros são «comunas», trata-se de uma simplificação abusiva. Só que, em tempos de crise, é fatal como o destino as posições extremarem-se. Sobretudo nesta crise, que não deixa espaço ao meio e nos empurra a todos para um lado ou para o outro.

 

 

 

  1. Por facho eu entendo aquela adesão sensata (com uma sensatez muito “masculina”) à lógica dos ai-aguenta-aguenta, dos não-há-dinheiro, da adesão automática às “leis do mercado” e à nova ordem económica. O comuna… quantos de nós não temos uma sensação de déjà vu com esta revolta grega? Houve no século XIX uma coisa chamada Comuna de Paris e foi sumariamente esmagada, não é? Ah, pois é.

 

 

  1. Devo ter sido dos poucos que não se indignou com a metáfora do meu colega José Rodrigues dos Santos quando, no exercício da sua outra profissão, disse que isto agora na Grécia era um pouco como os pinguins: um caiu ao mar e os outros ficam a ver o que lhe acontece, se é ou não comido por uma foca-tigre. Porque acho que, com esta imagem, ele não estava a gozar com os gregos mas sim a criticar os portugueses. Se o fez com intenção já não sei, mas o que disse é acertado: nós, portugueses, somos mesmo os pinguins que, cautelosamente, ficam a olhar se a foca-tigre estraçalha a Grécia. Uns pinguins-formiga, se quiserem.

 

 

 

  1. E, infelizmente, aqui o facho-amante-de focas-tigre-que-há-em-mim diz-me ao ouvido que o Syriza tem de falhar. Só pode. Porque a foca-tigre não tem alternativa senão punir exemplarmente o atrevimento, para os outros pinguins ganharem juízo e aprenderem de vez a ficar quietinhos. Ou já a cigarra-pinguim tem catarro? Imagine-se que o novo governo grego tem sucesso. Seria uma tragédia. Com que cara ficariam o FMI, a Troika, a Alemanha, as privatizações a martelo, os sucessivos apoios à banca-coitadita, o BES, o BPN, o comissário europeu Carlos Moedas, o saudoso Gaspar? E isso, sei-o porque não nasci ontem, não é tolerável. A princípio, acredito genuinamente que nem haverá grandes sabotagens. Os fãs da foca-tigre acreditam mesmo que o Syriza vai ser incompetente. Mas supondo que os gregos até conseguem pôr o barco a navegar, aí o jogo será a sério. E será contra gente que não gosta de perder, nem a feijões.

 

 

  1. A Grécia tem de falhar. A bem da realidade. Qual realidade, perguntareis. Ora bem, a única realidade homologada pelas melhores marcas de máquinas. Aquela onde a destruição do tecido social e da Europa social-democrata é a única opção possível. E, ah, sensata.

 

Rui Kink

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Quinta-feira, 9 de Julho de 2009

SOBRE AS «NEGAS» DO (SOR)RISO


Alanzinn e M.L.Garmash

 

Mais importa falar de afectos que das frivolidades mediáticas. Descartáveis. Precárias. É exemplo o declarado  “morrer na praia” de Miguel Cadilhe acerca do inquérito parlamentar sobre a intervenção do Banco de Portugal no BPN. Quem o irá lembrar daqui a meses? Ninguém! Ressalvo oportuno arremesso eleitoral.

 

 Ele não é um homem de risos genuínos. Alguns assomam quando a infelicidade alivia o peso. Escassos. Como a raridade dos momentos que lhe satisfazem a exigência do que diz fazer melhor: amar. Acrescenta:
_  só o absoluto conjugado a dois me torna feliz. E rio, e brinco, e sinto-me Homem. Sem isso sou a minha parte menor.

Mas não é aos olhos da amiga. Custa-lhe vê-lo curvado pelo saco de tijolos que arrasta. Diz-lhe do intelecto e do humor e da disponibilidade que fazem dele afecto maior. Amor romântico ou paixão sem lugar entre os dois.

 

Partilham, distantes três centenas de quilómetros, alegrias e tédios quotidianos. Nada escondem do relevante que lhes atravessam os dias. Ele triste. Ela feliz quase sempre. Diz-lhe confundir alegria com felicidade.
_ Ninguém pode ser feliz tantas vezes!

 

Engano _ pode quem não desiste de fruir do bom e retirar substância às miudezas. E ela, pela matriz que a determina e reconstrói, não se acobarda ou resta passiva. Vai à luta. Guerreia os momentos até deles extrair o suco da alegria. Da felicidade. Talvez miúda. (Sor)Ri com verdade.  O amigo não. Guerrilheira destemida também na conquista do verdadeiro riso que tanto anseia desenhar os lábios dele.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Your Song - Moulin Rouge

 

publicado por Maria Brojo às 01:54
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