Allan Davidson – “Brigitte Bardot” Peter Engels – “Brigitte Bardot St Tropez France”
Brigitte Bardot é a antítese – antítese marxista, mesmo – de Marilyn Monroe. O léxico de BB nem sequer incluía a palavra “sexo”; já o léxico de Marilyn não precisava de mais nenhuma. Têm ambas as mais subtis e maravilhosas curvas. Mas há uma cruel luta de classes a separar a lábil e citrina geometria de cada uma delas. Bardot casou virgem, com o enfant terrible Roger Vadim. Era pelo menos o que pensavam os selectos pais dela. A forma como Bardot casou virgem sem ser já virgem é que faz toda a diferença entre o mundo dela e o de Marilyn.
Os pais tinham autorizado o namoro de BB e Vadim. Namoro à vista. Para dialécticos saltos qualitativos, encontravam-se às escondidas. No primeiro encontro BB perguntou ao amado: “E agora, já sou mulher?” Ele foi sincero: “Já és 25%.” Ao segundo encontro, a mesma pergunta e Vadim, ofegante, terá dito: “Já és 75%.” Ao terceiro encontro, ele disse-lhe o que ela já não precisava que ele dissesse e Brigitte, abrindo as portadas da varanda de um recluso quartinho, gritou para uma estreita rua de Saint-Germain-des-Prés: “Já sou mulher.” Os aplausos do bairro fizeram-na perceber que estava deliciosamente nua.
Bardot era uma nua menina de liceu, desses franceses anos cinquenta em que o amor se começava a conjugar transitiva e intransitivamente com o sexo. Era inocente e, pasme-se, (…)
CAFÉ DA MANHÃ
Brigitte Bardot by Lilach Eizenberg Brigitte Bardot – Ilustração Brigitte Bardot by Vector
Young Brigitte Bardot – Funkpix Brigitte Bardot et Alain Delon by Raymond Marcel Depienne
Alain Delon by Shahin Gholizadeh Alain Delon by Adetomir
No filme “Les Amours Célèbres” - película realizada por Michel Boisrond em 1961 -, foi reunido par célebre que continuaria o romance para lá do plateaux. Ambos ícones de beleza, derramavam suspiros nas espetadoras e nos expetadores.
Brigitte Anne-Marie Bardot (Paris, 28 de Setembro de 1934) ficou mundialmente conhecida pelas iniciais BB. Foi o grande símbolo sexual dos anos 50 e 60. Ícone de popularidade na década de 1960, foi eleita pela revista americana Time como um dos cem nomes mais influentes da história da moda. Tornou-se estrela internacional em 1957, após protagonizar o polémico filme “E Deus Criou a Mulher” produzido pelo seu então marido, Roger Vadim. Chamou a atenção da intelectualidade francesa e Simone de Beauvoir descreveu-a como "uma locomotiva da história das mulheres" e considerada a francesa mais livre do Pós-Guerra. Viria a ser ativista dos direitos animais após se afastar da vida pública. Em Inglaterra (2009) foi eleita como uma das dez atrizes mais belas da história do cinema
Alain Delon (Sceaux, 8 de Novembro de 1935) teve como primeiro grande sucesso O Sol por Testemunha de 1959. A sua beleza física transformou-o num símbolo sexual nos anos 60 e 70.Talvez por isso, tenha lutado para ser reconhecido como um grande ator, e não apenas um ‘rostinho bonito’. Em 1997, para tristeza dos admiradores, Delon anunciou que pararia de atuar, dececionado com os rumos do cinema francês. Possui vários produtos com o seu nome, incluindo roupas, perfumes, óculos e cigarros.
CAFÉ DA MANHÃ
Naza Naza – “Macaw Parrot”
A arte abstrata figurativa de Naza (Maria Nazaré Rufino) foi exposta nas principais galerias e museus das Américas do Sul, Central e do Norte e da Europa. Ao criar o conceito "Realismo Abstrato", esta pintora brasileira movimenta peças de um jogo ímpar através de linhas e formas com as quais cria “janelas cósmicas”.
Obras de Naza integram coleções de líderes, celebridades, corporações e o “who’s who?” do jet set internacional. Alguns dos colecionadores dos trabalhos de Naza: presidentes Bill Clinton, Barack Obama, Fernando Henrique Cardoso. ‘presidenta’ Dilma Rousseff, Neyde e Viviane Senna, Ivana Trump, Brigitte Bardot, Academia de West Point, Banco do Brasil e (…)
(...) Na arte contemporânea, a emotividade criativa e técnica latino-americana confronta sem laivos de humilhação a europeia.
Nota – para ler na íntegra, aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Peter Engels, autor que não foi possível identificar
Volta que não volta, lembro dos anos cinquenta e sessenta do século que já lá vai a diva do cinema europeu que todas as «esposas» sensaboronas temiam. A imagem fornecida da BB condensava inocência e sensualidade capaz de deixar em tremeliques orgásticos o mais pacato dos homens. E eles acorriam aos cinemas sós ou acorrentados pelas respetivas que lhes vigiavam pestanejares e trejeitos quando rosto e corpo perfeitos da Brigitte enchiam os ecrãs.
Se as fitas que estrelou enquadradas na nouvelle vague não deixaram grandes memórias, outro destino teve o "Viva Maria" em que partilhava a tela com Jeanne Moreau, bem como o subversivo "E Deus criou a Mulher" dirigido pelo marido, Roger Vadim. Perdura na memória a inesquecível cena em que dança descalça em cima de uma mesa, tida por uma das mais tórridas da história do cinema.
Simone de Beauvoir descreveu Brigitte Bardot como "uma locomotiva da história das mulheres". Outros intelectos rotularam-na como a mulher mais livre da França no pós-guerra. Por esse tempo, nos «States», Marilyn Monroe borbulhava como ícone sexual, conquanto não fosse além do púdico maiô obediente aos estúdios hipócritas censores e conservadores. Na mesma época, BB atrevia o bikini, (...)
"Ils ont tous les mêmes manières
De peser au creux de nos lits
Abandonnés à leurs mystères
Sans façon désertant nos vies
Ils ont tous les mêmes manières
Les hommes, les hommes endormis
Ils ont tous le même visage
Serein détendu rajeuni
Ils ressemblent aux enfants sages
Comme parfois ils sourient
Ils ont tous le même visage
Les hommes, les hommes endormis
Repus et alanguis
Au creux de nos bien êtres
Ils dorment lourdement
Inexorablement
Avec de l’insistance
Même de l’insolence
Ils dorment libérés
Loin de tout, loin de nous
Les éternelles, les inquiètes
Les amoureuses attendries
Nous les curieuses on les guette
Avec des ruses de souris
Nous, les éternelles, les inquiètes
On les guette, on les guette
Les hommes... Endormis"
CAFÉ DA MANHÃ
Saint-Pierre, Zdravkovic
A destruir: 223 pinheiros, alguns seculares com porte imponente e reserva botânica, fauna selvagem, seis hectares de dunas, terrenos hortícolas/agrícolas mais parte considerável da Mata dos Medos. Entre a «foleirosa», porque desordenada, Costa da Caparica a que o Programa Polis forneceu plástica mais apetecível e a Fonte da Telha que já foi clandestina e agora nem o é, nem deixa de o ser, a nova estrada regional 377-2. A ideia é que gentes em calções e em bikinis, mais as lancheiras/geladeiras e chapéu de sol para o dia inteiro, acedam com facilidade às praias mais além. A Junta da Charneca anda indecisa entre descongestionar as vias da freguesia pelos fregueses que pendulam ente a Costa e a Marisol e a Aroeira, e o respeito ambiental.
"Uma Charneca Para as Pessoas" defende bastarem melhoras no canal de circulação já aberto a meio da Mata dos Medos e bane de hipótese o aterro/monstro cavado. E as famílias que consolidam o pecúlio com trabalho duro nas parcelas agrícolas por ali incrustadas? Merece que tanto seja sacrificado em benefício de fluidez para os bandos de hooligans disfarçados de banhistas no fim-de-semana? _ Cinco hectares e meio da Mata dos Medos serão destruídos para alimentarem gestação de 'casinhas à la plage', ‘bronze’ e piqueniques na areia de Adónis e Dianas encarnados em «banhocas» literais e metafóricas.
CAFÉ DA MANHÃ
À ida, é o entusiasmo e a ansiedade do novo ou do conhecido diferente pelo dia outro. Puxado o zip da última mochila, espreitam fios de alegria sem nó que os remate. E é a estrada, depois, o rio, depois o mar. No barco ou no navio, a espera do zarpar. Na amurada, talvez despedida de dias como todos, talvez o inaugurar do tempo, sempre curto, do prazer. Debruçam-se rostos augurando profecias no escuro esmeralda das águas profundas. O vago, o incompreensível, o oculto, o incerto. O enigma do advir. Por aquele momento, negado o empiorar, também causa do ir. Ainda é Verão e o sonho está ali no convés. Zumbe a partida. O rio, na margem, verdes e casario desdobram adeuses. A estrada líquida é, finalmente, caminho.
Setembro quase meado. Na praia abandonada, na mesa, conchas e crustáceos, bivalves frutos do lugar revirado pelas ondas preservam a dignidade do palpitar ido – quem ama vidas sabe concertar sabores, construir harmonias em partituras interpretadas por vegetais, tenruras recolhidas da terra ou do mar. E não é nostálgico pensar no estio prestes a ceder lugar, nas férias guardadas em malas de cartão, do tempo de sol e das canções porque o ciclo existe.
Houvesse mistral e habituar-se-ia a correr sem veleiros que dele esperassem o sopro. Mas seria o cabelo da mulher a sentir-lhe a falta. O sol companheiro brilhará em declínio, julgará zangados quem não o recebe na pele inteira. E na chuva miúda que o esconde(rá), um autocarro desliza e esvai passageiros numa ravina. A tragédia, clandestina, entrou com eles. Mortos e feridos em terra estrangeira. Cruzeiro acabado ali na redondeza de Ceuta. Foi anteontem, foi há nove anos em Nova Iorque que cruzadas malditas destruíram respirações. Mas nos primeiros dias de Verão, mágoas esquecidas, voltaremos à festa dos crustáceos e dos areais ensolarados.
Nota: no texto, excertos em tradução livre e oportunista das palavras do La Madrague. A versão original logo abaixo do vídeo.
CAFÉ DA MANHÃ
Sur la plage abandonnée
Coquillage et crustacés
Qui l'eût cru déplorent la perte de l'été
Qui depuis s'en est allé
On a rangé les vacances
Dans des valises en carton
Et c'est triste quand on pense à la saison
Du soleil et des chansons
Pourtant je sais bien l'année prochaine
Tout refleurira nous reviendrons
Mais en attendant je suis en peine
De quitter la mer et ma maison
Le mistral va s'habituer
A courir sans les voiliers
Et c'est dans ma chevelure ébouriffée
Qu'il va le plus me manquer
Le soleil mon grand copain
Ne me brulera que de loin
Croyant que nous sommes ensemble un peu fâchés
D'être tous deux séparés
Le train m'emmènera vers l'automne
Retrouver la ville sous la pluie
Mon chagrin ne sera pour personne
Je le garderai comme un ami
Mais aux premiers jours d'été
Tous les ennuis oubliés
Nous reviendrons faire la fête aux crustacés
De la plage ensoleillée
De la plage ensoleillée
De la plage ensoleillée
Elizabeth Taylor por Baron Von Lind
Doces, subservientes, ingénuas ou malvadas, temperamentais, sedutoras. Lindas, todas. Musas de realizadores e costureiros cujo renome transtornava a cabeça das mulheres. Plissados? Preto e branco? Drapeados? Pérolas e laçadas? A Bouvier (Jackie Kennedy) usa? A Ingrid Bergman também? E repetiam, e zurziam as costureiras não sendo perfeitas as cópias dos figurinos. Entre alfinetes e alinhavos, desfiadas exigências como contas do rosário que sabiam de cor. No "mês de Maria", terço rezado diariamente. Porque sim e pelo sim, pelo não.
Era a época do celulóide _ os polímeros haviam nascido nos fourthy’s. Dos mitos nados em Hollywood, França e Itália. Deles, fora do tempo em que nascera, teria memórias complementadas pelos filmes que a Cinemateca passava. E a mulher viu, mais tarde, o que a mãe lhe contara. Do escândalo com a nudez da Bardot que admirava. Dos casamentos múltiplos da Taylor. Das paixões engendradas nos estúdios. Da Bacall, da Loren, da Katharine e da Audrey Hepburn. A Katharine, pelos anos trinta, chamada 'veneno de bilheteira' _ dos 15 filmes realizados nessa década, a maioria foi fracasso económico. Pelos quarenta, seria a eterna amante de Spencer Tracy. Depois princesa, Grace Kelly. E a miúda aprendeu. No ecrã, regrediu ao tempo em que não era. Aprendeu a ver e escolher cinema que bem a sentasse no ‘escurinho’ cúmplice. Por isso trauteia ainda, da Rita Lee, "No Escurinho do Cinema".
A mulher adquiriu, sem dar conta, gestos e tiques: como descalçar meias de liga, despir um vestido, atirar para o lado os sapatos mesmo se o desejo é mandador. Viria a recontar contos do cinema. Partilhar clássicos com os filhos. Gerações cinéfilas que persistem em filmes de autor. Se independente, esperam diferença/surpresa. Novos actores e actrizes descobertos no escuro da sala onde o ecrã foi e é protagonista. Como a mãe. Como a avó.
CAFÉ DA MANHÃ
Devia, talvez não ao atentar nas razões, celebrar o primeiro registo de inflação negativa desde que as estatísticas servem a Zona Euro. Ontem divulgado, é oposto ao pico de 4% atingido no Verão de 2008. Soa a incompreensão económica, mas prefiro este àquele. A mancha do desemprego e o vírus da deflação impedem-me de erguer bandeira no mastro da alegria. Junto aviões Airbus caindo como tordos nos oceanos e o bicharoco minúsculo da gripe A que multiplica enfermos e mortes. E a cidadã enjeita desfraldar contentamento perante sociedades que sofrem.
Esconjurando a lamúria, surgiram inquietudes:
_ Continuarão os portugueses “Bravos do Pelotão” a escolher destinos de férias onde a maleita crassa? Lugares onde espirro do ajudante de cozinha põe navio de cruzeiro em quarentena?
_ Viajar num Airbus assusta?
Vem aí a lista negra das companhias de aviação mundiais. Porque não existem duas sem três, nem quatro sem o cinco ser possível, tomar assento num avião, enfiado entre passageiros que tossem e espirram e respiram colados, mais a desconjunção da segurança aérea faz crescer a taxa da desconfiança. Ora, desta havia que chegasse.
Antevejo as primeiras férias de estio que aproximam remediados e abastados sem avião a jacto particular. Vão para as santas terrinhas, casas segundas, para o Algarve e procuram destinos dentro. Os autarcas podem, legitimamente, esperar enchentes nas romarias. Ganham os feirantes e os artistas nacionais. Os talhantes à conta dos churrascos. Saem menos divisas. Exportaremos menos discussões das conjugalidades cansadas.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros