Bruno di Maio
Não se lembrava dalguns; todavia, dos mais próximos, tinha a data presente. Chegada a véspera do dia, esperava a hora zero para desejar parabéns, fosse com beijo vivo, ou com virtual que antenas e cabos se encarregariam de fazer chegar ao destino. E era minuciosa no antes ao escolher a oferta e na escrita do cartão, no dealbar da manhã, ao longo das horas até surgir outra zero no relógio.
Mimar quem muito amava era vício consentido. Modo egoísta, talvez, de satisfazer a necessidade própria de volver ternura para que também não lhe faltasse. Podia, à mingua, acabar o mês bancário; podia restringir precisões; podia suportar distância geográfica, mantivesse em dia os afectos.
Quando amar e ser amado é alimento do ser, os quotidianos desfilam aconchegados, é sabido. Ventos de mágoas que abanam as tílias onde se aninha a saúde dos muito queridos ferem. Confiar no amanhã que não tem de ser maldoso, mais do que panaceia, é acto de fé, vício bom. E resulta. Alivia a dor própria e de quem sofre. Provável causa de entusiasmo tamanho com aniversários entendidos como mais um ano que “já cá canta” e conta o início do seguinte. Prova de vida estendida.
Pertencendo-lheb a comemoração, o (re)agir não mudava - por cada beijo recebido, carinho dobrado e devolvido. Importava-lhe, também, pensar a reunião familiar e amiga. Os detalhes. Presentear com a alma florida na face os amados. E por cada prenda recebida, fosse gesto ou coisa, guardava-as na arca alojada na memória do coração.
Para ti, que hoje entras em número redondo na idade, além do mais e porque nos encanta, de novo e à tona egoísmo meu, harmonia musicada. A voz, essa, é do Sabina.
CAFÉ DA TARDE
Bruno Di Maio
Não se lembrava dalguns; todavia, dos mais próximos, tinha a data presente. Chegada a véspera do dia, esperava a hora zero para desejar parabéns, fosse com beijo vivo, ou com um virtual que antenas e cabos se encarregariam de fazer chegar ao destino. E era minuciosa no antes ao escolher a oferta e na escrita do cartão, no dealbar da manhã, ao longo das horas até surgir outra zero no relógio.
Mimar quem muito amava era vício consentido. Modo egoísta, talvez, de satisfazer a necessidade própria de volver ternura para que também não lhe faltasse. Podia, à mingua, acabar o mês bancário; podia restringir precisões; podia suportar distância geográfica, mantivesse em dia os afectos.
Quando amar e ser amado é alimento do ser, os quotidianos desfilam aconchegados, é sabido. Ventos de mágoas que abanam as tílias onde se aninha a saúde dos muito queridos ferem. Confiar no amanhã que não tem de ser maldoso, mais do que panaceia, é acto de fé, vício bom. E resulta. Alivia a dor própria e de quem sofre. Provável causa de entusiasmo tamanho com aniversários entendidos como mais um ano que “já cá canta” e conta o início do seguinte. Prova de vida estendida.
Pertencendo-lhe a comemoração, o (re)agir não mudava - por cada beijo recebido, carinho dobrado e devolvido. Importava-lhe, também, pensar a reunião familiar e amiga. Os detalhes. Presentear com alma florida na face os amados. E por cada prenda recebida, fosse gesto ou coisa, guardava-as na arca alojada na memória do coração.
Para ti, que hoje entras em número redondo na idade, além do mais e porque nos encanta, de novo, à tona o egoísmo meu, verdades musicadas.
CAFÉ DA MANHÃ
Stanislav Plutenko, Bruno Di Maio
Sempre quis ser historiador, mas o arcebispo de Madrid trocou-lhe as voltas pelos esgares dos possessos. O padre José António Fortea nasceu há 42 anos em Barbastro, Espanha. Especializou-se em demonologia. Meado o doutoramento sobre a matéria, no Vaticano, editou a “Suma Demoníaca”, traduzido em português. Nele conta segredos de um ofício que os bispos mantêm oculto.
Anjos transformados em demónios. Satã, Belzebu, Lúcifer, Lilith. Todos ruins por ira, por egolatria, por desespero. “Há os falantes, há os mais arrogantes; num brilha de modo especial a soberba, no outro o pecado do ódio. Embora todos afastados de Deus, alguns são piores que outros. (...) Se não sairem em três horas, é preciso deixar para outro dia." Isto afirma o Padre Fortea vestido de batina negra e duro colarinho branco. Parece que discute com o diabo e os demais demónios em tu-cá-tu-lá de espanto. O ofício de exorcista católico exigiu-lhe especialização no Ateneo Pontificio Regina Apostolorum.
Apesar de suas relações demoníacas, Fortea concorda com o Papa: o inferno, como lugar concreto, não existe. Se bem que arredio da afirmação de Schopenhauer -"o inferno é o mundo"- ou a de Sartre -"o inferno são os outros"-, anda perto. "O que são os campos de concentração senão o inferno? Grandes demónios Hitler e o doutor Mengele, por exemplo. O inferno é viver a ausência de Deus, a necessidade de justiça. Afinal, até Deus, às vezes, gosta de não ser sério e ter senso de humor incrível". Por subscrever Sartre e Schopenhauer e atávica descrença no quartel demoníaco, não vislumbro como. Mas que eles andam aí é sumo doutras andanças. Algumas (atoardas?):
- Fr Malachi Martin S.J. (Qpd), especialista em Vaticano, denunciou no seu livro The Keys of this Blood que durante o pontificado de Paulo VI foi realizada cerimónia Satanic de entronização de Satanás na Capela Paulina do Vaticano.
- a entronização satânica foi confirmada por um grupo de prelados do Vaticano (a Milenar).
- o Papa Paulo VI denunciou que “o fumo de Satanás entrou por uma brecha no templo de Deus (29-Junho-1972).
- Leão XIII teve uma visão profética do demónio invadindo a Igreja. Pediu aos sacerdotes de todo o mundo todo que fizessem oração de exorcismo pela Igreja.
CAFÉ DA MANHÃ
Bruno di Maio
Retido de sítio por lembrar: “Gosto tanto do trabalho que por vezes fico parada a olhar para ele”. Agitando e dando de novo o baralho mental, julgo ter sido a Dobra do Grito, querida amiga, autora do transcrito. Tem graça e bom gosto no escrever como prova o livro “O Táxi que me Apanhou”. Contos duma mulher que acresce a arte de bem pensar.
Tenho por verdadeiro serem os portugueses versados em pousios para apreciarem a beleza do trabalho de quem o faz. Uns estetas, afinal. Entre eles, apertando a fadiga, conto-me. Acordar grácil e levemente, fruir com calmaria dos rituais da manhã doméstica, ouvir noticiários, a opinião do Fernando Alves nos “Sinais” auguram dia bom ainda que o trabalho, logo após, não me dispense cabeça e mãos. Porém, acontece o inesperado: o Fernando Alves tem estado à janela do Mundial de Futebol. Nem as vuvuzelas lhe escaparam. Relacionadas, soberbamente, com temas ou personalidades em tudo superiores ao caso que volveu bandeiras nacionais às varandas. O opinar servido pela voz e saber magníficos que entra em casa antes das nove é melhor do que compota caseira em fatia de pão quente. Esqueço-lhe este debruçar à janela africana que ignoro enfeitada ou não com pano verde e rubro. Se bem o conheço de ouvir, garanto a negativa. Mãos no fogo sem pavor.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros