Jan Esmann
Pouco depois dos olhos piscarem decididos a abrirem-se para o dia, depois dos rituais básicos das manhãs, o comum: ligar a rádio e ouvir novidades matutinas raramente quentes e boas como castanhas saídas do assador.
Do que ouvi, além da mais sumarenta, quatro notícias merecem destaque :
- morreu Paco de Lucía, o génio musical e mestre da guitarra andaluza;
- pelo segundo ano consecutivo, anulada a Feira do Livro no Porto;
- as declarações do nosso seráfico Presidente em São Francisco perante assembleia de jovens portugueses altamente qualificados. Descreveu Portugal como oásis distante do negrume que a imprensa internacional soe relatar;
- o Parlamento Europeu discute criminalização e multas a que estão sujeitos clientes de prostitutas, agravadas as penas se as «meninas de aluguer» tiverem idade inferior a 21 anos. De imediato, estas e o sindicato a que pertencem rebelaram-se. Presumo que por estarem em jogo os respetivos proventos e o direito a disporem livremente do seu corpo.
A estas e outras lá irei em dias próximos.
O relevo do acontecido em Portugal vai direto para um estudo de duas investigadoras da Universidade de Aveiro. Transcrevo a notícia da Agência Lusa, pela convicção de que se deixar com rédea solta a minha subjetividade desaparece a essência objetiva do assunto. E merece-a.
“Um estudo hoje divulgado conclui que o elevado número de cesarianas efetuado no serviço público de saúde deve-se ao facto de os hospitais não terem profissionais suficientes "para que haja tranquilidade" na hora de decidir.
O estudo sobre a realização de partos, elaborado pelo Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da Universidade de Aveiro, conclui que a preferência pela cesariana é tomada muitas vezes num contexto de cansaço por turnos prolongados e partos morosos.
"No setor público, os médicos ganham uma remuneração fixa, independentemente das consultas ou das cirurgias efetuadas. Assim, a preferência pela cesariana em detrimento do parto natural não se deve a questões económicas mas organizacionais. A opção pela cirurgia deve-se ao facto de os hospitais não terem profissionais suficientes para que haja tranquilidade na tomada da decisão mais apropriada", refere o estudo.”
Mais refere:
- por cada parto natural, um parto cirúrgico;
- aumento de 70% no número de cesarianas efetuadas no último ano;
- no privado, o número e substância dos exames requeridos durante mais consultas que o habitual no seguimento das grávidas, envolve proventos acrescidos para os médicos e para a instituição;
- ainda no privado, parto cirúrgico requer prolongar o internamento.
Repito: desde há alguns anos a esta parte, Portugal mais se afunda no rótulo de sítio mal frequentado.
CAFÉ DA MANHÃ
Nota: porque morreu Paco de Lucía, homenagem merecida.
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