Quando a noite cai, densa, sobre Lisboa, é chegado o tempo de amar urbe outra que o dia esconde. A beleza da cidade obriga a paragens. Obriga a registar olhares. A fazer álbuns para num qualquer dia revisitar.
Após o azul enegrecer, a preguiça de sair para onde o coração desta nossa humilde capital palpita é imperdoável arrastando-se demais o interregno. Mas basta desafio amigo para que a memória desdobre imagens e a saída aconteça. A última sessão no Centro Nacional de Cultura requisitava presença pelo tema a desbravar – “Fernando Pessoa, Pesquisador” -, pela perdição que as obras da pintora Graça Delgado constituem, pela qualidade dos oradores pessoanos. Guilherme d’Oliveira Martins, Vítor Pomar, Pedro Teixeira da Mota, João Barreto e alguns dos participantes ensinaram-me mais em par de horas que o aprendido ao longo de décadas.
Antes, foi o tempo de partilhar contos das vidas minhas e da querida amiga/irmã Maria Fernanda Rocha. E Lisboa ali tão bela, silenciosa, cúmplice por não interromper sussurros e risos.
Graça Delgado é artista por demais conhecida. Dispensa apresentações. Todavia, a alguns falta conhecer uma das variadas facetas da pintora. Esta aqui em mostra, fascinou-me. Não conhecia. Estes trabalhos em papel que a Graça Delgado amorosamente fabrica no seu ateliê têm em espera grades para constituírem maravilhas com dimensão à altura.
Senti-me rodeada de granitos leucocráticos (claros), dos luminosos desenhos ígneos pela menor quantidade de minerais de ferro e magnésio e majorada percentagem de quartzo e feldspato. A subjetividade da minha leitura conduziu-me às Beiras que amo, ao minimalismo não impositivo que forra espaços serenos. Como a personalidade da Graça que a si permite rompantes de paixão criativa.
Batendo a fome, calcorrear ruas e praças até ao lugar da janta. Uma dúzia de presenças multiplicou palavras e conceitos, partilhas que a alguns faltavam, alegria a rodos estendida na alvura da toalha à mistura com petiscos.
CAFÉ DA MANHÃ
Harry Baerg, Stan Ekman
Porque não sintetizaria melhor, transcrevo: _ “Presidente falou. Fala, dizendo que outrora falou. E promete que falará. Confirma-se que, na prática, a teoria é outra.” Este pensar li chegado por Mário de Carvalho. Alvo com seta bem no centro. Só incautos crêem ser novo o dizer. O Presidente fala, partidos aplaudem ou não conforme a frequência em que se situam no arco-íris politiqueiro. Comentadores deste ‘nada de novo’ esmeram-se em extrair ilações omissas no discurso. Especulam com denodo porque a avença dá arranjo e não sendo criativos e doutorais lá se vai o pré que neste 2012 tanto arranjo dá para compensar o rol de aumentos sujos. Sacrifícios de todos, necessários garantem os palradores com nome ou cargo que os colocam acima da importância e pobreza dos demais.
Gostaria de os ver debitando, Presidente incluído, discurso semelhante no meu bairro, face a face com os moradores que saem do supermercado ou têm por obrigação comprar calculadora gráfica para a Matemática e Física e Química dos filhos neste segundo período – se contam com as supostamente disponíveis nas escolas, tirem daí o sentido pelas pilhas gastas que não as deixam «reflectir». E quem diz calculadoras e superes diz bens indispensáveis ao estar saudável pelo comido e pelos serviços. Electricidade por exemplo (mais haveria a apontar). Nem é precisa a meteorologia para adivinhar Inverno gelado – quem se atreve a ligar radiadores sabendo como alternativa fome ou frio? Em poleiro, modesto é certo, está quem ainda pode aceder à rede/net, substituir bife do lombinho por frango ou peru. Cerca estará o dia em que mil maneiras de cozinhar 'pipis' serão «bíblia de enche-barriga».
CAFÉ DA MANHÃ
À entrada e na sala da tertúlia, ícone da animação cultural lisboeta, devida ao dinamismo e saber do Lauro António.
Quando as mãos também falam.
Teresa C. e a Pintora Manuela Pinheiro
Improvisado conto de Natal. O escrito pelo Lauro António foi o desafio.
CAFÉ DA MANHÃ
Homenagem a Cesária Évora.
Oleg Korolev
Dos telescópios, satélites, canhenhos informáticos prenhes de cálculos matemáticos, tecnologia vária e além, surgiu a nova: o Sol entrou em revolta interna. Estava prevista pela NASA desde 2010, mas no alvor deste ano as tempestades, explosões solares, manchas que vão e vêm
provam um ciclo de intensa actividade solar. A estrela que nos comanda, em períodos de onze anos, oscila entre o solar minimum – ciclo de repouso - e o maximum – rebelião intensa. Impossível de antecipar, o observado da Terra indicia próximo o começo.
Não seja pensado que o solar minimum é pacífico para os humanos: entre 1500 e 1850 ocorreu a “pequena era do gelo” e por isto definitivamente associadas alterações climáticas no nosso planeta aos humores solares. Afirma quem sabe deverem-se as situações dramáticas na Austrália e no Brasil ao intenso período de actividade por ora registado. Assim sendo, e por se desconhecer quando o maximum será atingido, nada de bom é augurado para o clima enquanto as tempestades no sol continuarem a debitar energia equivalente à de uma centena de bombas atómicas explodindo em simultâneo.
Estes dados suavizam, sem desmentir, a importância da actividade humana como fonte de perturbações climatéricas. Não bastavam as convulsões planetárias que tão bem engendramos, ainda a estrela que nos sustenta no espaço tinha de desajudar a humanidade...
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros