Amy Crehore
Artes sérias, são motores que elevam espíritos. Semelhante ao recomendado à mulher de César – não basta parecer, deve sê-lo. Frequentemente, mais difícil é satisfazer intelectualidades ufanas ou de pechisbeque do que as versadas genuínas indiferentes à moda volúvel. Não raro, são os espíritos menos informados sobre artes plásticas ou outras que possuem a coragem de afirmar “o rei vai nu”. Curioso é a razão que inúmeras vezes lhes assiste. Neste grupo me incluo – sair a meio do cinema, do teatro, do bailado, dum concerto, da ópera, ver exposição em passo corrido se como expectadora bocejo pelo tédio que a falta de qualidade induz, é atitude que não desperdiço. Ignorância, dirão muitos. Odiar logros, outros.
Reza o meu pecúlio de experiências, historieta significativa com anos em cima.
“Na vernissage proporcionada na sede dum banco com renome, era exposta obra encomendada a pintor conhecido. À época, logotipo do banco: um leão.
Espaço cheio de importâncias sociais em forma de gentes. Deslizavam funcionários com bandejas rapidamente esvaziadas (por estas e outras, aprendi serem os ricos comilões quando borla é garantida). Champanhe na flûte, mão ocupada pelo croquete enésimo, circulavam como é mandamento no Larousse das Boas Maneiras.
Ignoro donde partiu o zunzum. Em grupos ou a pares, era debatido como o leão estava perfeito, subtil no meio de outros ícones contemporâneos que a pintura prodigalizava. Bem me esforcei em vislumbrar o bicho. Nada. Persisti. Resultado idêntico.
Conhecendo o pintor celebrado, acerquei-me. “És capaz de me dizer onde escondeste o leão que embasbaca sala inteira?” Sonora gargalhada como resposta. “Mas se não pintei o leão como pode ser visto?”. Os íntimos que lhe conheciam as obras e o percurso celebraram com risotas a perplexidade que partilhavam, contrária à certeza da maioria.”
CAFÉ DA MANHÃ
Porque adoro desenhos animados, The Lion King.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros