Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2015

LIVROS PROIBIDOS

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Vilhena

 

Nota prévia – Faz hoje duas semanas que ocorreu a chacina de cartoonistas do Charlie Hebdo. Momento adequado para lembrar livros interditos pela Censura.

 

 

O “Expresso” anun­ciou a dis­po­ni­bi­li­za­ção, aqui, de um inven­tá­rio dos livros que a Velha Cen­sura proi­biu. Fê-lo José Bran­dão e a lista que esta­be­le­ceu vai em 900 livros. Já fui ver e li imen­sos antes do 25 de Abril, dos Harold Rob­bins aos cha­tís­si­mos Simo­nov e Cho­lo­kov, pas­sando pelo Mal­raux (ainda tenho essa “Con­di­ção Humana”), o padre Jean Car­do­nell (este não está alcance nem do mais pin­tado dos inte­lec­tu­ais, ah, ah, ah), Henry Mil­ler e Har­per Lee. Até “A Nossa Vida Sexual” de Fritz Kahn me pas­sou lim­pi­nho pelas mãos. Na ver­dade, o pai de um dos meus ami­gos de bairro era ins­pec­tor da Pide e tra­zia os livros proi­bi­dos, assim pro­vi­den­ci­ando, por ínvios e per­ver­sos cami­nhos, à edu­ca­ção dos infantes.

 

 

 

Olhando para as capas que o “Expresso” repro­du­zia, des­cu­bro que li, nes­ses tem­pos de Dita­dura, em Angola, o Jubi­abá e os Capi­tães de Areia, de Jorge Amado, as Mãos Sujas, de Sar­tre e, o que diz alguma coisa sobre a minha idi­os­sin­cra­sia, quase todos os livros do mais proi­bido dos auto­res, o José Vilhena, até a minha mãe os apa­nhar e eu ter mos­trado ver­go­nha sonsa e ado­les­cente arrependimento.

 

 

Nota final – Artigo publicado aqui por Manuel S. Fonseca.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Segunda-feira, 19 de Agosto de 2013

O CAPITÃO DA AREIA

 

Ernani Oliveira

 

O Capitão da Areia não tem pedigree e orgulha-se do seu passado de puto das ruas da beira-rio de Lisboa, profundo conhecedor dos meandros da pulhice autêntica, amigo de outros putos de caras envelhecidas, com eles frequentador das casas de «meninas», onde, empertigadamente, se faziam passar por mais velhos frente à jurássica proxeneta, na esperança de uma espreitadela, quiçá de um favor a troco de outro favor.

Nas outras horas vagas, mergulhavam no rio e o seu sonho era emparceirar com uma "toninha", nem que fosse por breves segundos, para depois alimentar tempos intermináveis de tédio no café do bairro, cantando as suas prosápias. Outras vezes, entravam nos navios ancorados e sonhavam com viagens, aventuras, mulheres de beleza exótica fazendo questão de emparceirar nos trabalhos de bordo com os marujos autênticos, ainda que a troco de um maço de cigarros.

O Capitão da Areia possuía, no entanto, um dom que o diferenciava dos restantes. Para a sua curiosidade natural de puto, procurava obter sempre respostas elucidativas, não se detendo nas meias-tintas. Era igualmente um observador nato do que se vê à vista desarmada e do que se não se vê nem com poderosas lupas, daquelas iguais às da montra na "casa do prego" do Sr. Leitão, para os lados de Santo Amaro. Pressentia intuitivamente os anjos ou demónios que aureolavam as pessoas e as situações. E foi por aí que ele deu a volta. Com curiosidade sempre, observando, compreendendo.

Algumas dezenas de anos após, ei-lo afirmando viver no Bairro de Alcântara, escrevinhando para jornais, provocador umas vezes, ironicamente amargo outras, folgazão, meio louco, sempre a sério em todas as facetas, mas recalcando algumas frustrações. Uma delas, sei eu de verdade verdadeira, é a de ter entrado na curva descendente da vida e não ter viajado ainda no seu saveiro (que desenhou e tudo), em direção aos mares do sul para aí, render a sua, pessoal, íntima,  homenagem ao patrono inspirador que lhe mostrou e apresentou os putos de outras ruas, os capitães de outras cidades, de outros mundos e lhe abriu a porta de uma esperança desmesurada, quase concretizada, mas hoje, irremediavelmente utópica.

 

(…)

 

Nota: texto integral aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:44
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Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
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