Richard Koppe, Sandra kuck
Um espelho. Um rosto. Uma jovem mulher. Olhava-se e perseguia o que o vidro espelhado por trás escondia. Quem era? Mulher? Menina? Que futuro cumpriria? Do reflexo descia ao que era. No corpo, a moda do tempo comum a gentes diversas. Era a diferença, a sua e que só ela via, a perturbá-la. Era ilha em lago apainelado pela calmaria. Assustavam-na as perguntas teimosas com resposta vadia que a si própria endereçava.
Desde cedo esgravatara o fundo das verdades até encontrar a «sem verdade» oculta. Nas verdades propaladas adivinhava fogo-de-artifício. Retóricas. Orientavam-na as que tecia - o amor, o casamento, filhos. A vida «certinha», florida, sem desarranjos casuísticos. Sem abdicar dos projectos e ideais nómadas.
Um espelho. Um rosto. Uma mulher. Suspensa a azáfama, voltou à imagem devolvida. A perplexidade, a sede antiga não foram saciadas. Dos olhos desdobravam-se rídulas - nunca fora avarenta no riso. Aprendera a embrumar a ilha da diferença que, adolescente, pensara morada definitiva. A domar o maniqueu pessoal. A conciliar vida «certinha» com ausência de sofá capitonê em seda rosa e flores. Ontem e hoje, ideais açoitados por ventos desnudavam-na ao colarem-lhe a roupa ao corpo onde o espírito é. E vivia. De modo real e urgente.
CAFÉ DA MANHÃ
Belíssimas sugestões do C.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros