Rubinstein
Não acabou dia de trabalho mais cedo à conta da chegada papal. Ouviu rosnares do avião esperado e dos ‘caças’ protectores com livros nas mãos _ preciosidades muitas, algumas inspirando o desejo de enfiá-las na pasta e deixar esquecida regra ‘não roubarás’. Tentadoras as ilustrações e os textos e o mergulho em «ontens» literariamente recuados. Manipulou-os com amor antigo e novo. Separou língua inglesa de traduções. Política de ciência e de história e de filosofia e de literatura. Foram espanto os Pulitzer ganhos pelas simples compilações de discursos dos presidentes made in U.S.A.. Oliver Twist ilustrado numa edição de trinta e cinco. E tantos outros. Tantos mais!
Chegada ao abrigo, viu imagens em diferido do que temia e ansiava. Iniciou reconciliação com Bento XVI pelo diálogo que manteve com os jornalistas no início da viagem aérea rumada a Portugal. Sem gaiola intuída, e se estava atenta a detalhes de retrato publicitário, soou-lhe a Verdade. Falou dos crimes e sofrimentos infligidos pelos católicos, cristãos em geral. Não esqueceu. Foi cúmplice. Calou o que era devido gritar. Mais fez que ela rejeitou: persistir em apartar os divorciados dos sacramentos, condenar o preservativo, o aborto e homossexuais. Porém, (pres)sentiu humanidade insuspeita. A contrição jamais será borracha. Mas é começo. Talvez de nada. Talvez emotividade irrazoável. E a crente sentiu o não pressentido _ nuvem esbatida sobre o Cardeal Ratzinger. O mesmo que lhe inspirara desarmonia quando fumo branco foi saído da chaminé do Vaticano e adivinhou o nome proclamado.
Em tempo revolto, foi bom ouvir muçulmanos e judeus afirmarem ser Portugal o país que melhor os acolhe na Europa. Não encontrarem diferenças substantivas entre a recepção aos respectivos líderes religiosos e a visita papal. Ecumenismo: sinal e esperança. Para a mulher, podia ser renascimento. Volátil persistindo teima no celibato sacerdotal e impedimento das mulheres progredirem na hierarquia católica.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros