Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

MUROS DE ABRIGO

Muros de Abrigo, Ana Vieira

 

Pululam exposições. Se raramente os horários permitem disponibilidade para figurar na inauguração, tempo sobra para visita posterior. À razão de uma por semana, procuro estar em dia com aquelas que a minha subjectividade elege. Nem sempre, digo escasseiam, as valentes que arrasam a mulher pela beleza e novidade. Normalmente, inesperadas. Mas insisto e avanço de mostra em mostra.

 

No sábado, deambulei pelos Muros de Abrigo na Gulbenkian, Centro de Arte Moderna. Como abracadabra, 4 euros por cabeça que legitimam entrada em todas as exposições cobertas pela Fundação – roubo/logro porque metade, no mínimo, dos lisboetas atentos a estas voltas já as conhecem. Visitantes pasmam e pagam devido ao habitual ‘dá-me o teu e toma lá pouco’ somado ao uso tão português do não tujas nem mujas. Custo escandaloso para um povo com salário mínimo que mais mínimo não pode ser. Haja réstia de decoro num país dito desenvolvido, conquanto cravado de dívidas e à beira de despejo por incumprimento da renda mensal. E admiram-se alguns, e troçam e fazem anedotário dos concidadãos que passeiam em fato de treino nos centros comerciais. Pudera! Antes alimentar ‘fantasias só de ver’ que cultura de luxo e elitismo podre. Houvesse exposições, eventos de teatro ou concertos de rua, a conversa mudaria. Mas não! Por ausência de hábitos culturais, atávicos, pessoas inteligentes vagueiam sem horizontes nos centros de consumo. O fato de treino é fuga prática e confortável à farda semanal. Sem razão para maldizeres.

 

A exposição da Ana Vieira é um desastre. Bem tentam figurões críticos de arte e guias mandados enaltecer e explicar o inexplicável num lugar como o CAM. O conjunto é démodé, cristalizado nos anos cinquenta, sessenta por condescendência. Cópia infeliz e inferior de correntes ultrapassadas de que, na altura devida, foi pioneiro o Victor Belém. Exposição assente em instalações, fotografia pintada, rebuscada com papel/lixo para encher o olho a desprevenidos, onde a humidade criou bolor por acervo descuidado. Pontificam flores em honesto plástico chinês, enfiadas em pontas entre redes sarapintadas. Rococós em todo o esplendor. De todo o visto, duas em madeira recortada e de branco pintadas requereram tripla atenção. O resto? _ Sofrimento!

 

Como memórias ou olhares que deviam restar privados, entendo. Como crítica ou retrato social é pobre e puro desgosto. Como criação é coisa qualquer.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:27
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