Charles Dickens retratado em "Dickens' Dream", Robert William Buss, 1875
Perder a capacidade de amar. De se doar ao outro. De experimentar o egoísmo no amor. De neste encontrar altruísmo. Das contradições inerentes a quem ama tecer belo rendilhado com o fio do quotidiano enobrecido pela intensidade dum bom sentir.
Receio de amar. De se expor à possibilidade de um fracasso. De ser rejeitado e, ainda assim, amar. Do amor não correspondido é dito ser o pior dos amores porque esmorece, entristece quem o vive. A desesperança instala-se e com ela perece uma fatia do ser. Outra insiste em vivê-lo ainda que recalcado e enviado para o inconsciente. Para aqueles que conseguem preservar e gerir tal amor, a esperança não definha. Estes são os que possuem “Grandes Esperanças” de amar.
Inevitável arribar da memória a novela “Great Expectations”/”Grandes Esperanças” de Charles Dickens. Embora a força da obra seja mais abrangente, as personagens Pip (Finn) e Estella constroem uma representação do amar sem retorno. Educada por uma tia descrente no amor, também ela rejeitada, enrugada pela idade e pelo envelhecimento da esperança de um dia amar e ser amada, Estella ignorava o caminho para um afeto intenso e romântico. Daí a indiferença pelo afeto de Finn. Todavia, este amava pelos dois. Ideou enriquecer, conquistar o mesmo nível social de Estella. Após inúmeras partidas da vida descritas com a vivacidade de Dickens, Pip atinge o propósito sem desistir de Stella. Finalmente, a gélida Stella aprende com ele o caminho de um grande amor.
Na adaptação ao cinema, (...)
Nota: texto integral no "Escrever é Triste".
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Ontem, partiu Antoni Tàpies. Escultor e pintor catalão é “considerado um dos maiores representantes europeus da arte abstracta do pós-guerra”. Tinha 88 anos. Em Barcelona, a Fundação Tàpies surpreende também pela concepção na mostra das obras do autor. O sentir inicial pode ser de estranheza. Todavia, à medida dos passos visitantes, o idear artístico de Tàpies impõe-se e tudo faz sentido.
Ouvi hoje que se nos clássicos (recordo Charles Dickens) era certa uma ideia por página, no publicado agora, uma por livro é uso. Por outro lado, as descrições de Dickens envolvem uma realidade que, dois séculos após, preservam a essência das vidas actuais: desigualdade social, o haver é poder, a ganância como objectivo. Volver aos clássicos e ler uma página por dia nem sabe o bem que lhe fazia!
Truffaut, completaria ontem oitenta anos, “é sinónimo de inocência, de rebeldia, de liberdade, de cultura francesa, e claro, é sinónimo de cinema. Mas Truffaut era um realizador bastante diversificado, pelo que nos seus filmes podemos encontrar um pouco de Chaplin, de Renoir e de Hitchcock. Passou por vários géneros como film noir americano em “Disparem Sobre o Pianista” (1960) e ficção científica em “Grau de Destruição” (1966). “Jules e Jim” (1961), “A Noiva estava de Luto” (1967), “O Menino Selvagem” (1970), “O Último Metro” (1980) e “Finalmente, Domingo!” (1983) (o seu último filme) são ainda algumas das suas melhores obras e de enorme referência para o cinema francês.” De todos, prefiro “Jules e Jim”.
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