Sexta-feira, 11 de Outubro de 2013

MUDANÇAS E CONTRADANÇAS

 

 

Charles Wysocki                                                                                                     JacekYerka

 

Esvaziar uma casa repleta de objetos/memórias em cinco assoalhadas. Hoje, casa de silêncio. Ontem, respirando por via da família próxima que a habitava. Então, havia música, o tiquetaque da máquina de costura Singer, os aromas que da cozinham extravasavam. Aberta a porta, vinda eu da escola primária, do liceu ou da faculdade, sabia quais as refeições preparadas com esmero e em espera. Era o tempo doce da mãe sempre atenta à casa, aos afetos dois que aguardava, ao bastidor onde com pontos miúdos aprimorava desenhos e cores em linho.

 

Daniel K. Tennant                                                                                                          Pat Dugin - Study Desk

 

Par de dias, e estarão em esquifes cartonados utilidades, mimos e livros. Desmontados móveis. Quando nada mais restar que o pó do desuso, parte do meu ser morrerá ali entre as paredes que me fizeram e a que pertenço ainda. Depois, uma das casas da Beira Alta receberá os despojos. Irei recolocar em sítios já destinados tudo o que for possível, refazer o ambiente sem que excessos o abafem. As sobras têm espaço no sótão onde, uma de cada vez, o recheio quase inteiro de duas casas adormece. Será outro o bater do coração das paredes vetustas. Será outro o bater do meu. 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

No segundo vídeo, porque passam 50 anos da morte de Edith Piaf, a canção que prefiro e lhe foi ofertada por um soldado na véspera de entrar em combate.

 

publicado por Maria Brojo às 09:58
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Quarta-feira, 8 de Maio de 2013

ARRECADAÇÕES EMBUTIDAS

 

Charles Wysocki

 

Do ponto de vista do utilizador no que ao desenho dos apartamentos e moradias respeita, a inovação maior do século passado foram os roupeiros embutidos ocupando paredes. Antes, eram os guarda-fatos que ocultavam vestimentas e demais tralha relacionada ou não com o trajar. Uma vez repletos e por não existirem espaços fora do apartamentos dedicados a arrumos, era comum a tentação de lhes pôr em cima caixas e caixinhas, tudo o que a subjetividade individual incluía na categoria do «pode vir a fazer falta». Mas não fazia durante anos. Mantos de pó encontravam poiso seguro – apenas nas limpezas de Primavera eram visitados com pano húmido, eliminado um ou outro para a conquista de espaço destinado a inutilidades substitutas. Não havendo o revirar anual da casa, ali permaneciam por ‘tempos longos e bons’.

 

O soalho sob as camas, altas como eram, também cumpriam com êxito o acumular de objetos. Malas de viagem, caixotes em cartão arrecadavam semelhante ao cimo dos guarda-fatos. Em resumo: orgia de pó e inutilidades as mais das vezes. No que concerne a este século, os benditos sommiers com alçapão merecem o óscar do mobiliário em interiores domésticos. Alojam o pretendido, edredões e colchas em desuso no ciclo do ano mas que inopinada mudança climática reclama. Poupada ida de emergência à arrecadação vulgarmente sita nas funduras do bloco de apartamentos. Economizado tempo na era da pressa. Mantido o minimalismo útil e de ‘bom tom’.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:53
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Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
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