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Un Homme qu'il me Plaît, o “Homem que eu Amo”, de Claude Lelouch sumiu dos DVDs p’ra venda ou aluguer, os canais dedicados esqueceram-no. De acordo com a tradição dos críticos de cinema foi e é considerada obra menor. Dizem-na fita revisitada com fundamento na fórmula que fez do “Um Homem, Um Mulher”, do mesmo realizador, filme referência. Lelouch foi tido como auto plagiador de histórias românticas que, pela fotografia e banda sonora de Francis Lai, bem podiam ser spots publicitários. Mas não. Foi o contrário – a publicidade inspirou-se no director e repetiu, à exaustão, a receita.
No “Homem que eu Amo”, uma mulher (Annie Girardot) apaixona-se por um homem (Jean-Paul Belmondo). Ela julga retribuído o seu amor. O olhar de Annie prova-o quando os dois são passageiros de um pequeno avião onde nada mais cabe que um amor incerto. Outra sequência em que o silêncio impera, tal como na anterior dominada pela mímica de Belmondo, é a de Annie, perto do final, esperando o homem que prometera reencontrá-la. Angustiada, toma um café no aeroporto, observa a aterragem do avião. Silêncio. A música de Francis Lai é fala. Na expressão da mulher, a densidade de sentimentos como só uma grande actriz é capaz. Un Homme qu'il me Plaît irá chegar?
Com idade avançada, Annie Girardot padece de Alzheimer. Como tantos outros. Como a mãe de uma querida amiga. A filha atende-a diariamente – a de Annie e a minha amiga. Mas a actriz, no seu mutismo e mundo outro, nem por uma vez denunciou lembrar-se do seu passado célebre. Giulia Salvatori, a filha que teve com Renato Salvatori, sabe que ouvir Brassens a anima. Rompe a galáxia onde se resguardou. O silêncio/alheamento dos pacientes de Alzheimer protege-os? Em que meandros lhes deslizará o espírito? Difícil é aceitar a dor por um amor vivo que partiu sem partir.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros