Michael Garmash
Há uma hora nasceu o dia. As gaivotas emitem piados que emolduram o recanto sobranceiro ao mar donde falas. É o teu poiso matutino onde inauguras o perto da distância, onde defines palavras e bocejos, talvez espreguices os músculos antes da caneca cheia de ‘café das velhas’. Depois, é a volta pelo jardim d’antanho, ou não se peixe fresco te apressa e te aprestas a cozinhá-lo para almoço a dois. Antes, talvez outro café, desta sério, no sítio onde reúnem as ‘forças mortas’ da cidade marítima.
Andarilhas nos espaços que ocupas há perto duma trintena de anos. Uma vida para muitos, também para ti que os viveste e deles ocupas(tes) salas, quartos e cantos. No exterior onde pontifica a palmeira, escolhes sombra e avolumas o som das músicas debitadas no escritório para acompanharem reflexões, leituras, anteriormente e por junto, acolitadas por destilados que esqueceste. E adivinho perderes-te no longe e nos tão próximos medos, nas dúvidas, nos riscos inoportunos, (in)esperados no âmago onde és e calas.
Os teus sábados. Os domingos. Os dias em que o trabalho tem dispensa e o pensar não. Trocar certo por incerto? E depois? Viagem sem bilhete de volta, parece. E flutuas entre o sim redondo e o não esquinudo - bóias na confluência de rios ou oceanos em sobressalto.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros