Conceição Ramos - Série “(Con)tradições”
Conceição Ramos é licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e doutorada em “Realitzacions Plastiques i Reflexions Estétiques Contemporànies” pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona.
“(Con)tradições” é série que reflete a viagem realizada pela artista plástica por terras do oriente subdivida em três temas: “Paisagem”, “Cores e Sabores”, “Mitos e Tradições”. Esteve patente na Galeria Municipal de Sintra no mês de março de 2013.
A viagem a Goa, Damão e Diu reavivou memórias da cor e do Índico, dos cheiros, dos sabores das especiarias e a multiculturalidade resultante de miscenizações culturais.
Moçambicana por nascimento, Conceição Ramos reconhece na antiga Índia Portuguesa o espaço, a cor e os cheiros de uma infância perdida no tempo.
Rocha de Sousa (Crítico de Arte) escreveu:
“Sem se deter na estreiteza do raciocínio que conduz apenas à metamorfose poética, nem aos percursos conceptuais entretanto pressupostos, Conceição Ramos refunde o objeto temático, sobrepõe o realismo lógico às ocultações perspéticas, redesenha todas as elementaridades, ligando cada vez mais as grandes escalas à presença simbólica e cenográfica das várias representações/encenações, uma comunidade em parte litúrgica de seres, uma teatralidade instável em lugares pensáveis, o grande universo - lúdico, diverso, texturalmente vibrante – onde cada criança em nós se recupera nos jogos de abertura ao imaginário e na saborosa nostalgia das coisas já longínqua mas que nunca morrem.”
CAFÉ DA MANHÃ
Conceição Ramos - Série “(Con)tradições”
O site desdobra-se, fundamentalmente, em cinco das mais importantes séries desta artista plástica:
- “Normas e Formas”, “Recontando Estórias”, “Representações”, "Maternae" e “(Con)tradições”.
Sobre a série "Maternae", a escritora Matilde Rosa Araújo escreveu:
A criança surge daquela arca de sombra, húmida e cúmplice do corpo materno, para o mundo onde abrirá os olhos para a luz. Seu pequeno coração ainda perto do coração materno.
Nasce. Para tudo aprender, apreender. Nasce num choro. Mais tarde sorri, ri. O choro continua, quando pequenino, para dizer o que sente, pede e ama ou rejeita.
E escuta palavras. De amor e de canto. E, contudo, há crianças que nunca escutaram tais palavras na solidão de uma infância ignorada, mal amada.
Uma criança nos braços é o deslumbrar da vida, o peso e a leveza do mundo.
Dar à luz é uma dignidade do corpo da Mulher. E dignidade entendida num mundo de justiça e de paz.
Dignidade que ao Homem também pertence.
Conceição Ramos entrega-nos muito dessa luz nas suas telas de Artista e de Mãe.
No traço, na cor, escutamos um canto de embalo, sabemos do tato suave das mãos de uma criança, o seu olhar primeiro, a dádiva tão bela do seio materno.
Arte também é nascer.”
CAFÉ DA MANHÃ
“Ruben Alonso viaja a Sintra (Portugal) donde descubre esta ciudad Patrimonio Mundial por la UNESCO y visita el Palacio Nacional, La Quita da Regaleira y el Palacio de Pena. Finalmente prueba una de las típicas "Queijadas".”
Conceição Ramos - Cadeiras
Conceição Ramos expõe na Galeria Municipal de Sintra obras que, no conjunto, designou por (Con)tradições. A inauguração é amanhã, sábado pelas 15h.
Sobre a pintora:
“Conceição Ramos é licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e doutorada em Realitzacions Plastiques i Reflexions Estétiques Contemporànies, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona.
“(Con)tradições” é uma exposição que reflete uma viagem realizada por Conceição Ramos, por terras do oriente e que se subdivide por três temas: Paisagem, Cores e Sabores, Mitos e Tradições.
A viagem a Goa, Damão e Diu reavivaram memórias remotas da cor e do Índico, dos cheiros, dos sabores das especiarias e a multiculturalidade resultante de miscenizações culturais.
Moçambicana por naturalidade, Conceição Ramos reconhece em Goa, Damão e Diu o espaço, a cor e os cheiros de uma infância perdida no tempo.”
Conceição Ramos
O site da pintora é http://conceicaoramos.wix.com/portfolio#
CAFÉ DA MANHÃ
Segue o convite para a surpreendente mostra.
Prado Conceição Ramos (colecção "Maternidades")
A confessa ‘menina da rádio’ tem a mania de escutar a TSF desde que a frequência lisboeta nasceu. Dá-me desgostos, olá se dá!, nomeadamente quando em viagem ou no interior português o sinal é desastroso. Mas, na procissão dos dias correntes, gratifica quem lhe segue as pegadas sonoras. E sigo. E ao entrar numa das casas minhas, bagagem recatada, a primeira coisa após o andarilhar de divisão em divisão, é abrir portadas, a segunda catar a sintonia desejada que encha o espaço de continuidade do lugar donde vim.
Ontem, ao ouvir o Pensamento Cruzado, reflecti-me nos dizeres. Tema: “A casa que há em nós”. A harmonia desejada entre o indivíduo e o interior das paredes que, ao cabo de jornada, o recolhem como ninho de paz. Retrato do ser que a casa constitui. A fala silenciosa que tão eloquente é – descreve os humores, períodos de instabilidade, de calma traduzidos no desarrumo ou no seu contrário. A companhia dos objectos, do recheio diverso que ao maestro do espaço confere aplauso da invisível orquestra que dirige. E os músicos ali estão, imóveis, possuindo a mestria necessária ao encanto do conforto doméstico.
Porque caseira me declaro, fruo de cada elemento da estrutura íntima da casa. Pela utilidade, não prescindo de um - a opção minimalista evita complicações nas limpezas e no olhar. Arriba-me à memória sugestão de pessoa mui querida: para num suspiro de empreiteiro, longo e imprevisível, é sabido, completar o restauro da casa do Prado, telhado, pintura interior e exterior, grades protectoras nas janelas nos baixios, portões novos, tábuas do chão afagadas, jardim ordenado, acrescento duma casa de banho e não mexer em reservas financeiras, vender 'apenas' um ou dois dos originais que forram paredes em Lisboa. Mas como, se fazem parte do que sou? Prefiro economizar, avanço comedido, que tesourar a alma.
CAFÉ DA MANHÃ
Sugestão de Veneno C. Sugestão de 'Cão Estrela da Manhã'
Bravo da Mata, "Colecção Arte dos Amigos"
Privilégio ter acesso a casas de amigos onde arte variada está nas paredes. Do mesmo pintor, cerâmica e óleo colaboram em recantos sonhadores.
Manuela Pinheiro, "Colecção Arte da Família" e "Colecção Arte Minha"
A família tem opções variadas. Por coerência, conservei elos comuns. Manuela Pinheiro, é um deles.
Bravo da Mata, "Colecção Arte da Família"
Bravo da Mata é elo outro. Nas paredes, a riqueza cromática e da composição.
Tríptico e cerâmica de Bravo da Mata, "Colecção Arte da Família"
Abstractos em óleo e cerâmica. Diariamente reinventados nas leituras múltiplas. Jamais repetidas. O 'entre-paredes' constantemente renovado.
Manuela Pinheiro, Ernâni Oliveira, Ronghua.S, "Colecção Arte Minha"
Gostos específicos. Variados nas formas e projecções nas telas, adequados aos recantos onde me alargam família.
Conceição Ramos, óleo, Carlos Oliveira, escultura,"Colecção Arte Minha"
A paleta da Conceição, esculturas várias, entre elas esta que me vê e eu vejo adormecer. Existe melhor do que (con)viver com mestres escolhidos para companhia?
De suportes pictóricos originais, expostos ou aqui omissos, não abdico - permitem contemplação e reflexão íntima.
CAFÉ DA MANHÃ
Manuela Pinheiro - colecção particular
Conceição Ramos
Há anos, inaugurei-me no ateliê/casa/templo da Manuela Pinheiro. A custo balbuciei apreço, tão esmagada me achava pelo visto – telas e telas e trípticos e fases e tempos e depoimentos de figuras nobres da cultura e das letras nacionais. Casa de memórias e presente. Visão ofertada a poucos dos muitos que desejam penetrar na intimidade da Pintora/Mestra. Mulher linda, olhos de azul líquido, pele macia rodeada de pratas e pérolas e sensibilidade; dos felinos Federico García Lorca e Rainer Maria Rilke - a este chama Rilke Maria. O Frederico e Rilke Maria são, não apenas, meus sobrinhos. Quando a «tia» chega, cheiram-na e sentem e reconhecem-na. Empoleirados nas vidraças da cobertura sobre a Avenida de Roma, namoram, gulosos, os pombos. Ouvem fado e música clássica. Acompanham a dona/musa enquanto pinta.
A Conceição Ramos é outra mulher maior da pintura portuguesa. Modesta por feitio, malgré o currículo, cria feitiços acrílicos aromatizados por especiarias. Por generosidade da artista, que faz o favor de me gostar, entrei no ateliê. De novo, emudeci. O que aprendi olhando! O que senti ao ver! E os cheiros da Índia portuguesa, os cruzeiros, a iconografia religiosa, as paisagens vertiginosas em telas irregulares! A fase das “Cadeiras” foi tempo que já não é. Hoje tempera com açafrão, mostarda e piripiri a alvura em que pincela fundos e formas. A luz entra a jorros. Ouve música comprada na rota pela Índia que foi província de um império desfeito. A exposição abre janelas na rentrée.
Como não ser feliz? Como não recitar Deo Gratias pelas benesses imerecidas? E a mulher volta às paredes que a conhecem, onde escreve e pinta. Sente-se pequena. Ignorante. Grata. Muito. Pintou.
Nota: ambas as pintoras têm obras expostas na exposição patente na "Conceito", Av. António Augusto de Aguiar, nº 19, 4º. Telefone - 351 213 581 000
CAFÉ DA MANHÃ
Frederico Garcia Lorca - Leonard Cohen
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros