Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

MEIA LECA, COPOS DE TRÊS E COIMAS

Scott Jacobs uncorked.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Scott Jacobs – “Uncorked”

 

 

Meia-leca - Expressão intrigante. O que será uma leca inteira? Metro e noventa? Dois? Sendo assim o Maques Mendes não é meia-leca coisíssima nenhuma, mas sim quatro quintos da leca. Ou seja, quase leca inteira. E neste quinto da leca parece residir a questão. A totalidade da leca só nos jovens pujantes à força de Nestum foi atingida. Antes, a leca era mais curta. Sendo que os criados a papa de farinha Maizena, tal como o Marques Mendes, dele se elevavam por escassos centímetros, é injusta a medida feita. Até porque foi provado ser o desempenho indiferente à fração da leca genital -– a parte verdadeiramente excitante é a extremidade. Ora, sendo assim, mais leca, menos leca, não afecta a eficácia dos órgãos, nomeadamente o cerebral. E esse é que conta.

 

 

 

Copos-de-três - Direitos adquiridos não devem ser mexidos. Vendo bem as coisas, não parece correto o atentado aos farmacêuticos com direito a alvará de farmácia. Ok, partilham alvará com taxistas, talhantes, drogarias e mercearias de bairro. Porém, distintos. Têm programas informáticos de última geração, vendem mais que pão quente e no estabelecimento tudo desliza: gavetas, funcionários e a máquina registadora. E não venham com coisas –- lá por venderem perfumes, cremes de estética, bâtons, eyeliner, escovas de dentes e de cabelo, acessórios de moda, é tudo muito saudável e controlado. Bocas perversas insinuam venderem quase tudo excepto copos-de-três. Se lhes tirarem os medicamentos de venda livre, como aguentarão o rombo e a contrariedade de não mudarem o Mercedes CL ou verem-se privados das férias no Burj al Arab do Dubai este Verão? Francamente... não se faz!

 

 

 

 

Coimas - Espera-me um saque se avançar num semáforo verde/tinto, deitar pela janela o cabelo caído na camisa ou não memorizar os limites de velocidade em vias-rápidas, as menos rápidas e as que parecendo rápidas não são. Estou em vias de organizar 'post-it' discriminado e colá-lo bem à vista. Reconheço ser possível que numa rotunda de onde parta via que ignoro quão rápida é, tenha de parar, ler o papel e depois continuar. O cabelo esparramado na camisa branca lá terá de ir para o cinzeiro, ou esperar que pare para lhe dar destino. Mas grave mesmo é o atentado à soberania dos vícios. As coimas do novo Código mais parecem tau-tau no rabiosque de quem apenas demonstra respeito pela tradição: –claudicar sem culpa ou pena. Lá se vai o gostoso/malvado arremesso tão português do maço de tabaco vazio ou da ponta do cigarro ainda ardente pela janela. O peso da tradição foi-se.

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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