Marinus van Reymerswael – “Saint Jerome with a Skull”
“Quer-se dizer (como diz o povo e neste momento, quem não fala como o povo, é suspeito de passar férias na Comporta, ser apoiante de Passos Coelho, parricida ou coisa tão má como uma destas três). Quem não fala como o povo é, claramente um elitista que quer exames para os professores, mas um elitista dos piores, dos que ainda não percebeu a importância de um Ministério da Cultura para que haja cultura. Enfim, um desqualificado!
Por isso repito: Quer-se dizer, está uma alma na praia (a minha) e constantemente compinchas (dos bons, dos que pagam almoços, jantares, copos e contam histórias divertidas) veem-me e abordam-me. Cuidando que sou jornalista por escrever sobre coisas de atualidade, perguntam-me pormenores sobre o BES e o Ricardo Salgado.
Perante isto, tenho três hipóteses:
1) Pôr um ar sério e pondero se 4,9 mil milhões (que nem faço ideia quanto seja) chegam para levar o Novo Banco adiante; interrogo-me sobre a legalidade da medida de passar tudo o que era (ou é, ou qualquer coisa) BES para o banco mau, mantendo o nome BES. Debater se Henrique Granadeiro se safa sem um processo movido pelos acionistas da PT e continua a produzir o seu excelente vinho no Monte dos Perdigões. Debato se Carlos Costa agiu a tempo ou demorou uma eternidade. Pondero se o Governo esperou que a troika saísse do país para dar a conhecer o drama do BES. Alterco sobre se o primeiro-ministro devia estar de férias ou não e por aí fora…
2) Barafustar dizendo que estou de férias e não quero saber do assunto para nada. Pelo contrário, quero que eles vão todos morrer longe enquanto eu mergulho nas ondas e douro o meu corpo ao Sol (quem ler isto há de pensar que sou um Apolo e não se engana por muito).
3) Fazer de maluco e recitar: “Ó Ricardo Salgado, quanto do teu sal são inquietações de Portugal”
Um poema que é mais ou menos assim (depende do improviso da altura):
“Ó Ricardo Salgado, quanto do teu sal
São inquietações de Portugal?
Quantas das tuas ações nos enganaram?
Quantas obrigações nos arruinaram
Quantas dívidas ficaram por pagar,
Apenas para que fosses tu a mandar?
Valeu a pena? Dividem-se as opiniões…
Tudo vale a pena se só pagares três milhões!
Deus à banca o risco e a glória deu
Mas foi o Espírito Santo que de lá sacou o seu”
Confesso-vos que, até agora, tenho preferido esta última opção.”
Nota – Publicado a 6 de Agosto no “Escrever é Triste” pelo Henrique Monteiro.
Outro texto de Henrique Monteiro
“Há notícias que só leio passados dias, ou que me escapam de todo. Ontem, porém, ao ler a edição semanal do Expresso, dei com um comentário a uma notícia do 'Correio da Manhã". Quando a fui ler no 'Correio da Manhã', reparei que ela já tinha sido comentada por uma jornalista daquele jornal. Este é, portanto, o terceiro comentário sobre o mesmo assunto, depois dos que foram feitos pelos meus colegas Fernanda Cachão, do CM, e João Garcia, diretor-adjunto do Expresso.
Porém, considero que não é demais repetir. E espero que alguns leitores partilhem o assunto. Algum modo há-de existir para que certas coisas não continuem. E, se não houver modo, pelo menos os responsáveis hão-de ler por todo lado comentários críticos que retratam a vergonha que deviam ter.
A questão é a seguinte: Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, departamento que não tem dinheiro para - como se costuma dizer - mandar cantar um cego e vai cortar 15 milhões de euros em despesas com pessoal, recrutou um 'boy' do PSD para o seu gabinete a quem vai pagar como adjunto. Ou seja, mais de três mil euros, mais do que ganha diretor de serviços, ou, como escreve no Expresso João Garcia, "mais que juiz, que coronel, o dobro de professor'. Fernanda Cachão ironiza que "afinal há dinheiro" desde que seja "money for the boys".
Mas o melhor, o melhor mesmo, é o currículo do adjunto. Tem 24 anos, três workshops no centro de formação de Jornalistas Cenjor, fez o estágio na Rádio Renascença, onde trabalhou oito meses e foi durante cinco meses consultor de comunicação do... PSD! Uau!! Que rica experiência...
Acresce que Barreto Xavier, antes desta contratação já tinha três adjuntos, sete técnicos especialistas, duas secretárias pessoais, chefe de gabinete, dez técnicos administrativos, três técnicos auxiliares e três motoristas.
Falta dinheiro (salvo para os boys) mas há excesso de descaramento.
Digamos que se há algo que não falta, é a falta de vergonha.”
CAFÉ DA MANHÃ
Gil Elvgren, Peter Driben
Todos os dias, surgem na TV e nos jornais, políticos e empresários com ar embaraçado, negando serem maçons e jurando a pés juntos nunca terem estado numa reunião maçónica. Porra, que exagero, até parece que são acusados de violar putos da Casa Pia na casa de Elvas! E os que se assumem maçons dizem que as reuniões se limitam ao convívio entre membros, como se a Loja Mozart fosse uma espécie de Alunos de Apolo, onde o António Arnaut dança o tango com o Luís Montenegro! O único motivo que deve embaraçar os maçons é que nas Lojas não há mulheres. Querem ver que afinal de contas os clientes do Finalmente não são gays, mas maçons? A.M”
Comentário: _ Existem mulheres e muitas. Importância semelhante à masculina. E não, as Lojasnada têm de cafés dançantes, embora haja direito a bufete/convívio no final. Cada um contribui. Saber do visto, não da pertença o que também não teria a menor importância. Sublinhado apenas para legitimar objectividade.
"As sondagens valem o que valem — fica sempre bem repetir o chavão. (…) Opiniões recolhidas entre 3 e 6 de Janeiro — isto é, antes dos acontecimentos terem ultrapassado o poder de controlo comunicacional do governo Relvas/Portas, perdão, Passos/Portas, e nomeadamente antes da Catrogada, dos sucessivos mini-escândalos de nomeações e da cena dos aventais (que, sejamos justos, afecta mais o partido laranja do governo do que o partido azul, e quase não machuca o PS, apesar da eventual maior preponderância de maçónicos neste).”
Comentário: _ Quem assim fala de gago nada tem. De telhados de vidro, nada sei.
Comentário: _ A vida dos pobrezinhos é um mistério!
Comentário: _ Se, proporcionalmente com o nível de vida, cá nevasse como lá, a Assembleia esvaziava-se.
Depois de um discurso em que usei a palavra arbitrário, pergunta pornta:
_ O que é isso do arbitrário?
_ Eu sei, eu sei (um ser enusiamado de braço no ar).
_ Então diga lá o que é.
_ Então, é aquela coisa que passa de pais para filhos!
Outra com idêntica fonte:
_ Oh professora, o que é um apóstolo?
(alma espera de dedo no ar): _ Eu sei, eu sei.
_ Então diga lá!
_ É aquele acento que se põe em cima das letras.
Sem comentários.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros