Gustave Courbet – “Woman in White-Stockings”, c_1861 “Victorian Girl on Beach” – William Bouguereau, c_1825-1905”
No mundo ocidental, o conceito de erotismo foi e é associada a tabus – constatação à risível maneira de Monsieur de La Palisse*. A nudez feminina domina a arte erótica ao ser, maioritariamente, executada por homens. Nu pictórico desapaixonado é raridade. A nudez total ou insinuada, quer em idos remotos quer na atualidade, incendeia os sentidos. Que assim seja até ao final dos tempos!
O fascínio pela arte erótica atemorizou a civilização dita «judaico-cristã»: censurou a sexualidade explícita na arte e velou o respetivo poder erótico. Resultado antagónico: incrementou o interesse por esta categoria da pintura, ainda que condenado socialmente. Outras religiões consideraram o prazer sexual como parte importante do culto – são exemplo as aventuras sexuais dos deuses e deusas em textos sagrados. O cristianismo não é uma religião sexual. Jesus, compassivo perante a união dos sexos, foi derrotado pela poderosa intolerância de São Paulo.
O clero, enquanto importante patrono das artes até ao século XVIII ocidental, manifestou profundo afeto pela pintura e escultura; originou inconfundível tradição artística na qual o conteúdo erótico de muitas obras foi apresentado de forma implícita ou codificada. Igrejas de toda a Europa, na maioria destruídas por degradação ou refregas, expunham retábulos eróticos (…)
(…) *Historieta a propósito de Monsieur de La Palisse. É conto que os soldados de La Palisse, ao ilustraram o comprovado arrojo do marechal caído nos campos de Pavia (1525), engendraram canção em memória do destemido oficial. Nela, constava a estrofe seguinte:
"Hélas, La Palice est mort,
Est mort devant Pavie;
Hélas, s’il n’était pas mort,
Il ferait encore envie."
Segundo a lenda(?), terá sido responsável pela deturpação (…)
CAFÉ DA MANHÃ
Joe Testa-Secca, Abstract Fantasy with Horses
Começou pela carne de cavalo e continua na carne previamente picada. Hambúrgueres, bolonhesas, lasanhas e muitos alimentos mais contendo carne nos ingredientes como potenciais riscos para a saúde dos portugueses. Estando fraco o negócio dos equídeos para os fins naturais à espécie, de fora os burros pela extinção que os ameaça, acabam na frigideira ou na panela animais que pelas artes e elegância se destacam. Curiosamente, numa investigação recuada, anotei ser esta carne menos gorda e com níveis de colesterol mais baixos.
Historicamente, mongóis, egípcios, persas, assírios e gregos consumiam carne equina. Não fora a expansão do Cristianismo no centro do Continente Europeu e nas Ilhas Britânicas que a considerou herança pagã e o papa Gregório III ter condenado a pecador quem a consumisse, ainda hoje estaria integrada na gastronomia comum.
Atualmente, nalguns países da Europa, Itália em particular, a carne da nobre raça é indispensável em salsicharia pelas qualidades atrás referidas e por conferir aos produtos atraente cor avermelhada.
Teremos pela frente um caso de saúde pública ou manobra de diversão para outros escândalos, os níveis do desemprego em particular? Neste lugar mal frequentado que é Portugal, nunca se sabe pela inexistência de explicações convincentes.
CAFÉ DA MANHÃ
Rafal Olbinsk
Às 11.12h, nem minuto a mais nem a menos, chega ao hemisfério Norte o ciclo invernoso, o mesmo é dizer que ocorre o Solstício de Inverno. Por 88, 99 dias, reinará até ser destronado pelo Equinócio da Primavera. No hemisfério Sul, às avessas da metade redonda definida pelos pontos cardeais como a de cima da Terra, sucede oposto: iniciado à mesma hora, o Verão.
Quando o ‘círculo’ máximo da esfera celeste forma com o nosso equador ângulo de 23º e 8’, a declinação do sol extrema - atinge o mínimo para os do Norte, o máximo para os do Sul. A partir de hoje, a crescença dos dias é traduzida por adágio ouvido nas Beiras: “No dia de Natal, quem bem contar, bico de pardal irá achar”.
Povos antigos, incas, maias, egípcios, indianos e outros, sempre associaram ao acontecimento rituais marcantes. Os druidas, ao considerarem-no dia da fertilidade, proclamavam a necessidade das mulheres engravidarem naquela data; os asiáticos simbolizavam-na por um velho de alvas barbas e vestido de encarnado – primórdios do Pai Natal?
O Imperador Romano Constantino I mudou a significância do Solstício de Inverno: celebrado o nascer de Cristo e não o do sol. Seria o abraço ao Cristianismo do império nascido em Roma a condicionar toda a civilização dita ocidental em que vivemos. Mas isto já é lugar-comum a evitar, conquanto resuma verdade insofismável.
Setphen Lyman
Da literatura nossa, vem ao caso poema de Eugénio de Andrade.
O Inverno
Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.
Vem de sobretudo,
Vem de cachecol,
O chão onde passa
Parece um lençol.
Esqueceu as luvas
Perto do fogão:
Quando as procurou,
Roubara-as um cão.
Com medo do frio
Encosta-se a nós:
Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.
Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros