Autor que não foi possível identificar Bruni Sablan
Tempos houve no meu currículo em que seguia o desporto automóvel com entusiasmo. Lembro noites geladas em Sintra, dias na Lousã, postada nas curvas que mais perícia exigiam aos condutores do Rally de Portugal. Pescoço torcido para nem pitada escapar. Mais lembro: as corridas das várias «fórmulas» no “Autódromo do Estoril”, o ruído ensurdecedor, em cada volta e, após piscar de olhos, conversas com os meus botões _ “Foi bom, não foi? Já passou!” Sempre ambiente eufórico que palavras não descrevem. ‘Só vendo’, como é uso dizer.
Em casa, diretos e reportagens de automobilismo promoviam o ecrã a convidado principal. Cedo aprendi que coincidir almoço com provas de ‘fórmula 1’ era inconveniência penalizadora do apuro da refeição. Quando surgiu a pintura amarela com listas azuis e verdes do capacete do Ayrton Senna, o arrebatamento foi total. Os peritos familiares naquelas andanças afirmavam-no único fosse enxuta ou molhada a pista. Ídolo, portanto. Se em férias em Vale do Lobo, mais do que uma vez ao tomar café na Quinta do Lago ali ao pé, acabei na espreita da casa de Ayrton Senna, impressiva também pelos lotes de terreno unidos, não estivesse o Homem por ali. Nunca o vislumbrei, conquanto, por informações particulares e vezes poucas, dele soubesse a presença. Por essa altura, já havia dado conta nas entrevistas da humildade, do espírito solidário, da alegria mesclada de fatalismo do «herói».
Recordo aquele primeiro de Março, vinte anos atrás. A traiçoeira curva Tamburello do circuito de Ímola. O desespero. A tristeza. O luto. Até hoje e de hoje em diante.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros