Boris Valejo, Dave Nestler, Giovanni
A criminalidade portuguesa é sazonal. No tempo de Outono e Inverno, carteiristas, assaltantes convenientemente apetrechados com armas de fogo ou lâminas cortantes, violadores, agressores domésticos, entusiasticamente, retomam funções. Dias pequenos e cinzentos, desemprego, mais tempo entre paredes gastas, o tédio doméstico, ausência de educação do gosto ou condições para um concerto ou uma exposição, propiciam conjugações delinquentes. No bairro, os cafés e as esquinas acoitam vendedores de químicos proibidos e más intenções. As tertúlias duram e continuam após o sol-posto. Cozinhados de Misters Ripley à portuguesa. Como os personagens de Patricia Highsmith sem punição oficial condizente.
No Estio, amainam as especialidades delinquentes da época fria do pousio nos solos. A saison é inaugurada por incendiários deliberados ou ocasionais. Não merecendo a classificação de crime, o ‘espreita’ dos voyeurs entra em alta. Binóculos assestados, ocultos pelas dunas, fazem zoom à lascívia que adivinham nos areais. Valem os chorões que lhes dificultam o rastejar do corpo e do espírito. Porém, cedo terão percurso mais desimpedido. Tratadores da natureza declaram os suculentos chorões praga a combater, a sacar pela raiz, porque glutões dos nutrientes das espécies que salvaguardam a estabilidade das dunas litorais. Planta invasora e também criminosa, exportada do Cabo, África do Sul. Triste fim para um verde que dá flores mimosas e colorido à beira-mar. O pecado da gula raro ou nunca acaba bem.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros