Quarta-feira, 10 de Junho de 2015

EROTISMO, PORNOGRAFIA, CAMÕES, EUGÉNIO DE ANDRADE E MAIS

Dirk Richter, Gennadiy Koufay, Mark Blanton

 

As «mentezinhas» que se têm por impolutas no que à pornografia concerne, soe constituírem grupo de fãs da dita. Sem pensar arrogante, eu que não aprecio filmes de ‘entra e sai e troca de parceiro’ digo: confundir pornografia com pintura ou ilustração erótica é próprio de espírito «poucochinho» porque escassamente informado ou porque a construção da matriz onde encaixa a personalidade teve condicionamentos de truz. Mas respeito conservadores armados em pudicos, gente com outros pensares – têm direito porque a diversidade compõe o mundo e, não caiam em fundamentalismos guerrilheiros, qual a legitimidade do outro que os rejeita?

 

Arenga surgida por via da intolerância contra imagens de trabalhos de pintores nomeados, contra filmes ou vídeos, contra passagens da literatura. O nosso (in)feliz Camões descreveu com mestria orgias no “Canto IX dos Lusíadas”. Qual o pupilo que não o leu, a ele voltou por lhe soltar fantasias e gritos acompanhados de esparrames hormonais? A propósito de tais derrames, lembro obra menor, tenho-a como tal me seja desculpada a opinião contramaré: “O Tubarão”escrita por Peter Benchley. Apelo ao nosso “Bosque Harmonioso” do Abelaira, à poesia erótica do David Mourão Ferreira e à inolvidável obra de Eugénio de Andrade. Séculos antes, outros (d)escreveram cenas que, havendo imaginação, provocaram orgasmos solitários em anónimos e múltiplos leitores. E o “Lugar do Morto” do António Pedro Vasconcelos? E a cena do capot protagonizada pela Ana Zanatti e pelo bonitão Pedro Oliveira? E muitos realizadores daqui e dalém que estimularam nos espectadores desejos incontidos, inconfessáveis para os confessos da civilização que já é criticável apelidar de judaico/cristã?

 

Pornografia é coisa outra. É exibição desmesurada. Básica sem carecer de descodificação intelectual como a lealdade do desenho dos músculos e deles a proporção, paupérrima no imaginário subentendido. Sem fito maior que lucro rápido. Porém, se a muitos facilita prazeres sem que aviltados sejam inocentes povoando rábulas chicanas que os direitos dos menores contrariam, é crime contra a sociedade? Pecado mortal ou venial ou simples prova das leis da oferta e da procura? Dêem resposta exata sociólogos e teólogos. Sou mulher simples. Mais não arrisco pelo défice no pensar especialista.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:20
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Quinta-feira, 4 de Setembro de 2014

SINAIS DE ENXOFRE

Alex Alemany

 

Cheirava mal. A enxofre. Há par de anos, em NY, diplomatas reunidos na Sede das Nações Unidas confirmaram o cheiro do gás. Vinha dos esgotos. O gás sulfídrico também se espalha pelo mundo dos amores. Ao começarem, a exaltação é dita única, maior que todas anteriormente vividas por cada um. Deixa longe Excelsius Deo na terra. Mais tarde, seja pela estafa que as paixões sempre trazem ao psiquismo - poucos aguentam tanto reboliço emocional -, seja pela falta de substância quando os parceiros descem da troposfera e aterram na realidade, de três, uma: redundam em amor feliz como David Mourão Ferreira intitulou livro exemplar na arte de bem escrever ou restam como memória risonha ou como pergunta inquietante: _ Como fui capaz de navegar num veleiro à deriva? Em qualquer dos casos, das paixões, o mesmo acontece com qualquer outra experiência profunda, ficam ensinamentos. Maior conhecimento da persona. Como prevenir exaltamentos sem lastro na barcaça da vida. Evitar projeção de futuros sempre inconsequentes pelas vagas alterosas da corrida do tempo. Pensar e fazer proveito do dia. Não fantasiar o amanhã. Limpar resíduos incómodos na panóplia das atitudes para que o esgoto individual não acumule detritos que tarde ou cedo vêm à tona com insuportável cheirete a sulfídrico.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Perdoada seja a colocação deste vídeo com imagens de duvidoso bom gosto. Ainda assim, e por não ter encontrado outro permitido nesta plataforma, não resisti - esta foi uma das músicas do começo da minha adolescência.

 

publicado por Maria Brojo às 08:56
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Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

800 ANOS DA LÍNGUA PORTUGUESA

   

 

“A língua que falamos não é apenas comunicação ou forma de fazer um negócio. Também é. Mas é muito mais. É uma forma de sentir e de lembrar; um registo, arca de muitas memórias; um modo de pensar, uma maneira de ser – e de dizer. É espaço de cultura, mar de muitas culturas, um traço de união, uma ligação. É passado e é futuro; é história. É poesia e discurso, sussurro e murmúrios, segredos, gritaria, declamação, conversa, bate-papo, discussão e debate, palestra, comércio, conto e romance, imagem, filosofia, ensaio, ciência, oração, música e canção, até silêncio. É um abraço. É raiz e é caminho. É horizonte, passado e destino.

 

Na era da globalização, falar português, uma das grandes línguas globais do planeta, que partilha e põe em comum culturas da Europa, das Américas, de África e da Ásia e Oceânia, com centenas de milhões de falantes em todos os continentes, é um imenso património e um poderoso veículo de união e progresso.

 

Neste dia, queremos festejar esses oito séculos da nossa língua, a língua do mar, a língua da gente, uma grande língua da globalização. Fazemo-lo centrados nesse dia e ao longo de um ano, para festejar com o mundo inteiro esta nossa língua: a terceira língua do Ocidente, uma língua em crescimento em todos os continentes, uma das mais faladas do mundo, a língua mais usada no Hemisfério Sul. Celebramos o futuro.”

 

“O "Manifesto 2014 -- 800 anos da Língua Portuguesa" é uma iniciativa que visa celebrar os oito séculos do português, tendo como base o testamento de D. Afonso II (1214), o mais antigo documento régio e oficial escrito em língua portuguesa.

A apresentação oficial do "Manifesto 2014" vai decorrer no Padrão dos Descobrimentos, em Belém. A cerimónia começará com a apresentação de 16 poemas dos oitos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Ao princípio da tarde, 800 crianças lançarão 800 balões para assinalar os 800 anos da língua portuguesa.”

 

Fontes: esta e esta.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:47
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Quarta-feira, 7 de Maio de 2014

"CASEI-ME COM A ARTE; AS MULHERES DIVERTEM-ME."

 

Manu­ela Pinheiro — “Soli­dão em Bola de Sabão”

 

Frase manuscrita no reverso de uma ementa reza assim: “Casei-me com a arte; as mulheres divertem-me.” No ateliê da pintora Manuela Pinheiro, o escrito resta preso via pionés à mistura com fotografias de amigos, a maioria com nome inscrito na história recente portuguesa. O autor foi homem da cultura, falecido quando faltava um para os setenta anos - David Mourão Ferreira. Caracterizava-o o talento como poeta e a mestria na prosa. Em privado, acrescia espontaneidade, rendição aos encantos das mulheres com quem mantinha amores felizes. Depois, por ele descritos e ilustrados com o traço de Francisco Simões, à época Francisco d’Almada. Desenhos resumidos à essência de um gesto, dois talvez, remetem para a mulher fecunda pelo acentuado redondo da anca e mamilos. Inspirados na tensão erótica de amor que inaugurava.

 

A frase, rabiscada a esferográfica, aparenta provocação machista e leviana. Mas o desvendar último do sentido fica a roer por dentro. Com a arte, amor e compromisso para a vida; com as mulheres, fruição de laços que atam sentidos num nó cúmplice, eventualmente terno. Talvez precário. Divertido no sentido de risonho. Folguedo de quem a vida quer cheia e livre. Isenta de obrigações penosas além das inevitáveis no percurso dos humanos.

 

A arte é procura de (…)

 

Nota: texto integral e imagem de David Mourão no ateliê da pintora Manuela Pinheiro publicado, hoje, aqui.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:02
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Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2009

AMANHECIDO O DIA

 

Matthew J Killian

 

 

Do mui querido e estimado Lauro António, recebi:

 

DAVID MOURÃO-FERREIRA


Natal, e não Dezembro

 

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

 

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Por conhecer alguns dos sítios constantes do vídeo, pela evocação de memórias boas, apresento...

 

publicado por Maria Brojo às 11:45
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