Sábado, 25 de Agosto de 2012
Paul Wolber
E o começo foi assim:
“No tempo das amoras rubras amadurecidas pelo estio, no granito sombreado pelos pinheiros, nuas de flores as giestas, sentada numa penedia, a miúda, em férias, lia. Alegre pelo silêncio e liberdade.
No regresso ao abrigo vetusto, tristemente escrevia ou desenhava. Da alma, desbravava as janelas. Algumas faziam-se rogadas ao abrir dos pinchos; essas perseguia. Porque a intrigavam, desistir era verbo que não conjugava. Um toque, outro e muitos no crescer talvez oleassem dobradiças, os pinchos e, mais cedo do que tarde, delas fantasiava as escâncaras onde se debruçaria.
Já mulher, das janelas ainda algumas restam com tranca obstinada. E, tristemente, escreve. E desenha e pinta. Nas teclas e nas telas, o óleo do tempo e dos pinceis debita cores improváveis sem que a mulher conjugue o verbo desistir. Respira o colorido das giestas, o aroma dos pinheiros nas letras desenhadas no branco, saboreia amoras colhidas nos silvedos, ilumina-a o brilho da mica encastoada no granito das penedias.”
Hoje, o tema é outro.
CAFÉ DA MANHÃ