Adrian Chesterman
“Quando o primeiro Dia da Terra foi realizado, em 1970, os geólogos ainda estavam a investigar teorias sobre placas tectónicas, o modelo que explica como a Terra se formou. Mais de 40 anos depois, muitos enigmas permanecem quando se trata do nosso planeta. Aqui estão algumas das perguntas para as quais ainda não existe resposta:
Porque existe água na Terra?
Os cientistas acreditam que a Terra era uma rocha seca depois que se fundiu, 4,5 bilhões de anos atrás. Então, de onde é que este produto químico essencial, o H2O, vem? Talvez um sistema de entrega interestelar, na forma de impactos enormes, cerca de 4 bilhões de anos atrás seja o responsável. Atacada por asteroides de gelo, a Terra poderia ter reabastecido seus reservatórios de água durante o período conhecido como “Intenso Bombardeio Tardio”. Ainda assim, os primórdios da água da Terra estão envoltos em mistério, porque há pouca evidência deste período.
Material de lendas e mitos, o núcleo da Terra há muito tempo fascina escritores, bem como cientistas. Por um tempo, a composição do núcleo inacessível da Terra era um mistério resolvido… pelo menos na década de 1940. Usando meteoritos como modelos, os cientistas aferiram o equilíbrio original dos minerais essenciais do planeta e notaram o que estavam faltando.
O ferro e o níquel ausentes na crosta da Terra devem estar no núcleo, supuseram. Contudo, medições de gravidade na década de 1950 revelaram que essas estimativas estavam incorretas. O núcleo é muito leve.
Atualmente, os pesquisadores continuam a sugerir quais os elementos responsáveis pela pouca densidade sob os nossos pés. Continuam intrigados com as reversões periódicas no campo magnético da Terra, que são geradas pelo fluxo de ferro líquido do núcleo externo.
Será que uma colisão titânica entre a Terra e um protoplaneta do tamanho de Marte formou a lua? Não há um consenso universal sobre essa hipótese do grande impacto, porque alguns detalhes nãocoincidem. Por exemplo, a composição química dos dois corpos rochosos é tão parecida que ela sugere que a lua nasceu a partir da Terra, e não de um corpo separado.
Outros modelos sugerem que a jovem Terra, girando muito rápido, poderia ter arremessado uma rocha derretida durante o impacto para formar uma lua quimicamente semelhante.
A vida foi fabricada na Terra ou surgiu no espaço interestelar e chegou aqui em meteoritos? Os componentes de vida mais básicos, tais como aminoácidos e vitaminas, foram encontrados em grãos de gelo dentro de asteroides e nos ambientes mais extremos da Terra.
Descobrir como essas peças se combinaram para formar a primeira vida é um dos maiores obstáculos da biologia. E vestígios fósseis diretos de primeiros habitantes da Terra – que eram, provavelmente, bactérias primitivas que se alimentavam de rochas – ainda não foram encontrados.
De onde veio todo o oxigénio?
Devemos a nossa existência a cianobactérias, criaturas microscópicas que ajudaram a transformar radicalmente a atmosfera da Terra. Elas bombearam oxigénio como resíduo e encheram os céus com esse gás essencial pela primeira vez cerca de 2,4 bilhões de anos atrás. Entretanto, rochas revelam que os níveis de oxigénio subiram e desceram como uma «montanha-russa» durante 3 bilhões de anos, até estabilizarem cerca do Período Cambriano, aproximadamente 541 milhões de anos atrás.
Então, só as bactérias influenciaram no ar ou houve outro fator que contribuiu? Compreender a mudança para uma terra rica em oxigénio é um fator-chave para a decodificação da história da vida em nosso planeta.
O que causou a explosão cambriana?
A aparição da vida complexa no Período Cambriano, após 4 bilhões de anos de história da Terra, marcou uma viragem total. De repente, havia animais com cérebros e vasos sanguíneos, olhos e corações, todos evoluindo mais rapidamente do que em qualquer outra era planetária conhecida até hoje. Aumento nos níveis de oxigénio, pouco antes desta explosão, é uma das hipóteses que já tentaram explicar o fenómeno, mas outros fatores podem exemplificar o surgimento misterioso dos animais, como a corrida entre predadores e presas.
Quando surgiram as placas tectónicas?
Placas finas de crosta endurecida batendo sobre a superfície da Terra fazem belos entardeceres na montanha e violentas erupções vulcânicas. No entanto, os geólogos ainda não sabem quando aconteceu o primeiro impulso, já que a maioria das evidências foi destruída.
Apenas um punhado de grãos minerais minúsculos chamados zircões sobreviveram 4,4 bilhões de anos de história. E estes materiais dizem aos cientistas que as primeiras rochas continentais já existiam. Porém, as evidências do início das placas tectónicas são controversas e os geólogos ainda se perguntam como a crosta continental se formou.
Algum dia poderemos prever terramotos?
Na melhor das hipóteses, modelos estatísticos podem adiantar uma previsão da probabilidade futura de terramoto, semelhante aos peritos do tempo que alertam para a chegada de chuva. Contudo, isso não impediu as pessoas de tentarem prever quando o próximo vai acontecer – sem sucesso. Mesmo a maior das experimentações falhou em 12 anos, no qual os geólogos previram um terremoto em Parkfield, na Califórnia, em 1994, e criaram instrumentos para capturar a vinda do tremor. O terramoto real atingiu a região em 2004.
Um dos maiores obstáculos é que os geólogos ainda não entendem por que os terramotos começam e cessam. Mas houve avanços na previsão de tremores e terramotos provocados pelo homem, como os ligados a poços de injeção de águas residuais.”
CAFÉ DA MANHÃ
Andrew Bennett
Enchem o calendário os ‘Dias de’. Noticiam o acontecido em determinado dia de um ano qualquer. Só em Abril, uma dúzia de assinalados. Houve a 1, o Dia dos Enganos, a 2, o do Livro Infantil, o Dia Mundial da Saúde a 7, o da luta contra o cancro e da astronomia a 8, o da Imprensa a 13. A16, o único que nasceu da proposta de um otorrino português e foi "exportado" para o resto do mundo - Dia Mundial da Voz. Mais três aguardam celebração: amanhã, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor e o Dia Mundial do Escuteiro, a 29, o da dança. Faltam três dias para o Dia da Liberdade que os cravos enfeitam. Hoje, em quase todo o mundo, cabem à Terra vinte e quatro horas que a pensam. O seu futuro, em crescendo, inquieta os espíritos. Não é ao acaso dito que o planeta deve proteger-se do homem. Aos sete pecados mortais que fazem sofrer o planeta, foi somado o da poluição eletrónica. O lixo informático acumulado, traduzido em energia, alimentaria milhões e milhões de casas. E fica novo recado aos atentos ambientais: usar com parcimónia e utilidade as teclas.
Ao ser difícil poupar a Terra sem poupar o homem, não podia omitir do Dia da Terra! Ela nos faz e constitui. Átomo a átomo incluindo o imenso vazio entre eles.
CAFÉ DA MANHÃ
Jen Callahan
Dias existem muitos e este é mais um – verdade à La Palice que traz à colação o filme "A Canção de Lisboa". Hilariante no todo, particularmente na vinda das Tias a Lisboa para tirarem a limpo se o sobrinho mandrião (Vasco Santana) é, finalmente, «doutor». Insistindo em conhecerem o consultório, terminam no Jardim Zoológico onde é confundido com o veterinário. Na visita, elefante atreve roubar o «palhinha» de Vasco. Furioso com a troça dum visitante, destrói-lhe o «palhinha» num pilar e brada frase imortal: _ "Chapéus há muitos, ó palerma!".
Abrindo o Google, o magnífico doodle de hoje lembra ser 22 de Abril o ‘Dia da Terra’ ou, oficialmente, ‘Dia Internacional da Mãe Terra’. Instituído em 2009 pela ONU, para mais saber sobre a origem da comemoração várias ligações apresentam resumos escorreitos.
Nas voltas cerebrais e a propósito, vieram à lembrança as viagens épicas da gigantesca tartaruga-de-couro pelo Atlântico Sul. Espécie rara e prestes a extinguir-se, comportamento migratório pouco conhecido, foi acompanhado cientificamente o movimento da maior colónia do mundo no Gabão para as áreas de alimento naquela parte do oceano. Ali permanecem entre 2 a 5 anos, criam reservas para se reproduzirem no retorno ao local de origem. Das 25 fêmeas estudadas, foram identificadas três rotas migratórias – uma delas é travessia em linha reta de 7.563 km pelo Atlântico Sul, da África até a América do Sul. Não é sabido o que influencia jornadas assim grandiosas.
No Oceano Pacífico, a população de tartarugas marinhas sofreu queda vertiginosa nas últimas três décadas. Uma única colónia no México diminuiu de 70 mil crias para apenas 250 em dezassete anos. São indicadas causas possíveis: a colheita de ovos de tartaruga e a pesca. No Atlântico, os níveis de população são maiores e a comunidade científica especializada tenta evitar a repetição do acontecido no Pacífico.
Numa altura em que as profundas da Terra se revoltam sismicamente e milhares de vítimas humanas são contabilizadas, este tema parece de somenos. Todavia, enquanto o luto ocorre, desviar os nossos terrores não é um mal.
CAFÉ DA MANHÃ
‘Dia Internacional da Mãe Terra’
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros