Blake Flynn
Do ocorrido ano a ano, enjeito classificar o melhor e o pior. À avaliação subjetiva que os opinion makers se encarregam de coletivizar, anteponho refletir as ondulações sociais. O vai-e-vem do pêndulo que nos envelhece e nos testemunha os curtos passos andados na caminhada humana com anos aos milhares.
Num tempo de compita, o brilho, o património, as griffes e o poder são carimbo do sucesso. O enquadramento social é avaliado pela obediência a normas e convenções. Subvertê-las pela indiferença às lantejoulas que enfeitam os seres, é tida como excentricidade encantadora, se o estatuto é superior, ou, sendo rasteiro, por mediocridade social. O continente abafando o conteúdo. Este remetido às franjas da consciência da maioria distraída do essencial das coisas e das pessoas.
Sociedade de códigos de barras. De frutos e peixes e legumes e ovos com tamanho único. De indivíduos com rótulos e prazo de validade. De crenças normalizadas - na eficácia, na eterna juventude, na tecnocracia. Na saúde que temos obrigação de preservar, fugindo como o Diabo da Cruz do que nem apetecível devia ser para sossego dos novos profetas. Dos cérebros Excel de alguns maestros da orquestra dirigente que nos espiolha e comanda.
Diariamente, a parte rica do mundo acresce omnipotência. Sofistica tecnologia que nos convence, a cada descoberta, do poder de adiar a morte. No deslumbramento sequente, iludimos a precariedade factual julgando rivalizar com Deus. Contudo, de todas as sofisticações e supremacias sobrarão apenas Pessoas e uma Terra que sofre. Frágeis agressores e vítimas. O planeta amanhecendo insensível à tristeza do acordar de milhões. Tornando de gelo o ar e as coisas. Arrefecidos os corações, sobrevém a paralisia emotiva com as brechas comuns perante o que a todos une: a morte e o nascer. Rente à dor, podemos ter um pouco de deuses, mas somos deuses que choram.
CAFÉ DA MANHÃ
É hoje comemorado o Dia Internacional do Jazz.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros