Diego Rivera-La Noche de los Pobres Diego Rivera – Sem Título
A nova ordem social tem preceito rígido: estar saudável. Enfatiza ingestão de frutos e vegetais de cores garridas – mirtilos, tomates, amoras e framboesas para os vermelhos, laranjas, tangerinas e cenouras, kiwis, espinafres e todos os verdes, couve e alface roxas. Quem trocar abastecimento de vitaminas no supermercado por outras da farmácia infringiu a norma da dieta ideal. Traseiro quotidianamente fincado em assento, já pecou. Que se mexa num ginásio, que a trote vá para o trabalho, dispense o elevador e pela escada suba ao décimo andar, que substitua o motor pela bicicleta, que aprenda a respirar, que mantenha a coluna direita, que não fume, não beba café ou mais de dois meios copos de vinho por dia, que dispense bebidas destiladas, que se besunte com ‘ecrã total’ para esconder a pele do Sol empinado, não abuse dos duches por surripiarem a indispensável gordura protetora, que a água escorra sem mistelas de banho ácidas ou alcalinas enlambuzando o corpo. E que durma. Muito. O que o relógio biológico ordenar lá do alto do quiasmo no hipotálamo. Mas, atenção! _ Não vale ceder à sesta porque hábito nocivo à saúde das economias com prioridade sobre a das gentes. Daí almoços frugais: sopa, iogurte e fruta. Parcos em proteínas animais. Sem doçuras.
O sucesso das economias necessita de funcionários (escravos?) fortes que não gastem dinheiros públicos em doenças, hospitais, farmácias e dias de baixa. As sociedades obrigam a tensão arterial, colesterol, pulmões e demais órgãos afinados por bitolas economicamente viáveis. Úlceras, depressões, insónias denunciam infrator reincidente aos mandamentos da saúde. Fora irrepreensível e estaria rijo como pêro! Aguentaria a pesporrência do chefe e a torre de afazeres. Trabalharia sem horário por ter dormido bem. Correria de um lado para o outro porque ao trote ganhara hábito. Estando deprimido, mais teria que enfiar pílulas à sorrelfa sem, publicamente, enviar sinais de rutura.
Saúde traz felicidade. Adeus divórcios, tristezas e dívidas - numa vida regrada, o indivíduo está bem-disposto e diminui o consumo. E quem disser abominável a nova ordem social ou é um extraviado ou um lorpa. Em qualquer situação, candidato à máquina trituradora dos Estados.
CAFÉ DA MANHÃ
Diego Rivera
Carregamos pedras às costas. Demais e a cada hora mais. A ‘Greve Geral’ de hoje merece apoio devido a este povo sujeito a mandantes e ladroagem com ideia mínima do necessário para fornecer vida digna aos que, e somos todos, deles dependem. E se outrora neguei este tipo de manifestação/indignação, hoje não o faço – peso crescente nas costelas obriga a indignação. E não seja argumentado que é danosa para a economia do país. Danada está há muito tempo por via da teia de enganos e incompetências dos sucessivos governos. Que reles predestinação nos condenou a tal destino? Nela não creio – cada um constrói a própria (des)fortuna.
Que o povo fique em casa mesmo sob pena da subtração dum dia de salário a quem quase nada possui salvo dívidas tem significância para gentes habituadas desde antanho a comer de tudo sem refilar. E se o silêncio é nosso apanágio, que este feito de inação soe alto e diga muito do que temos a e por dizer.
CAFÉ DA MANHÃ
DiegoRivera (Guanajuato, 8 de Dezembro, de 1886 – San Ángel, 24 de Novembro de 1957), Frida Kahlo
Para quem trabalha no horário que já foi das nove às cinco e agora termina quando calha dando jeito ao patrão, é de aproveitar este oito de Dezembro para despedir o sono atrasado da semana. De caminho, é juntar a despedida deste feriado santo, das ‘As’ sem portagens, duns euros mensais, do “vou ali já venho que a ‘Ax’ é rápida e ponho-me lá num pulo”. Para gozar ócios nesta quinta melhor ficar em casa com um livro na mão ou caminhar em passo estugado no espaço verde mais próximo ou entreter a família com jogos que todos envolvam ou repor a conversa comum em dia. Vale o fecho da maioria do comércio de bairro que assim desvia de gastos os passantes e contribui para a nossa economia subir um degrau a caminho da forca em espera.
Recuados estão os ânimos do “não pagamos, não pagamos!” Agora, após o jogo do «glorioso» na Luz, reúnem-se meia dúzia de revoltados junto às novas portagens que começaram a sacar às zero horas d’hoje. Mascaram-se de Cavaco, de Sócrates, de Pedro Passos Coelho sem esquecerem, lá para os Algarves, Paulo Portas, Macário Correia e os deputados algarvios Miguel Freitas (PS) e Mendes Bota (PSD). Um esquife com a forma do mapa algarvio e está feita a «manif». “Juram a pés juntos” utilizarem doravante a mortífera “125 Azul”, resistem um par de horas e, depois, “ala pra cama que se faz tarde, tenho a mulher à espera e não quero que me atazane logo hoje q’tou feliz como um alho por o Benfica continuar na Liga dos Campeões.”
Durante este feriado que à meia-noite vai a enterrar sem honra nem glória, são prováveis pedras, cacetadas e uns “agarrem-me que me vou a eles” por gargantas inflamadas e espíritos tementes a passarem por indignados com outros valentes «eles».
CAFÉ DA MANHÃ
Lembra o Google: 125º aniversário de Diego Rivera (Guanajuato, 8 de Dezembro, de 1886 – San Ángel, 24 de Novembro de 1957).
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