Dinh Dang
Um escolho na cidade. Odores promíscuos para os doutrinados ocidentais. Gosto fácil para os pechincheiros urbanos ou para lascívias inquietas. “Transversal o sexo das chinesas, oblíquo o das mulheres de Java, em cruz nas mulheres de Bornéu, flor obediente nas de Samatra, magnéticas as ‘naturas’ das mulheres do Industão, vasto e profundo percorrido pelos ventos da monção nas do Songo, semelhante a ostra que dentro guarda duas pérolas em cada mulher de Malaca.” A história de Simão Montalegre, verdadeira ‘Peregrinatio ad Loca Infecta’, que Abelaira conta. O bosque harmonioso que alguns homens incessantemente procuram?
Em Nova Iorque, ‘Chinatown’ tem ao lado os ‘lofts’ de TriBeCa - "Triangle Below Canal Street", - que Robert de Niro prefere, e o listado verde, branco e encarnado da deliciosa ‘Little Italy’, hoje pouco restando da presença imigrante de outrora. Os espécimes alimentares exóticos, vivos ou secos, expostos em bancas, intrigam a vista e o olfacto da multidão num sobe-e-desce contínuo. Que procura a gentiaga que por ali arrebenta as costuras do bairro? A diversão pela diferença e o mesmo que no desfigurado Bairro de Campo de Ourique, por ora pejado de dragões e falsas lanternas dependuradas às portas – a pechincha ou a contrafação d’encher-o-olho por meia dúzia de moedas.
Os dias arrastados pelas noites duma ‘Chinatown’ lisboeta. Quem sabe futuro sítio da moda, faturando milhares à hora.
CAFÉ DA MANHÃ
Dinh Dang
La bonne vieille europe, malgré injecções de botox que era suposto rejuvenescerem-na, apresta-se a falência respiratória. Tanto inchou as fronteiras por via de caravelas terrestres apostadas em recolher mais navegadores que enformou em balão. Aliviar o nó e diminuir a pressão que a estica é empresa arrojada. Carece de um Pedro Álvares Cabral azougado que alegue tempestade, mude a rota e descubra «Brasis» ricos que lhe devolvam poderio.
Durão Barroso, sem o talento do Cabral, decidiu americanizar a Europa alargada e copiar Obama – hoje, em Estrasburgo, botou discurso reflexivo sobre o Estado da União. Para que não fosse minguado o quórum espectador, pensou em multar deputados faltosos. Pelo ridículo, veio recuo. Poucos europeus anónimos madrugaram para ligar a televisão e beber as palavras «Barrosãs». Derrota – o discurso de Obama sobre o Estado da União é seguido por milhões. No primeiro desafio, Europa zero, América muitos.
Um dos temas tratados respeitou a expulsão de milhares de ciganos pelo Governo de Paris. Acusam-nos de drogarem as crianças com o fim de parecerem doentes e suscitarem piedade esmoler, dos jovens Roma serem responsáveis por 15% da delinquência juvenil em Paris. Com 300 euros para cada expulso, limpa La France.
Itália, Alemanha, Dinamarca e Suécia haviam feito semelhante. Em causa a livre circulação de pessoas na União Europeia. Este princípio lembrou Bernard Kouchner, ministro francês dos Negócios Estrangeiros, cujo valor é sabido nas anteriores actividades humanitárias. Reconheceu que “na base desta corrente migratória está a discriminação estrutural e a pobreza extrema que os Roma suportam nos seus países.” Foi além ao revelar ter pensado demitir-se pela decisão. Mas ficou com Sarko – mais vale senso crítico dentro do polvo com pauzinho no bolso pronto a espetá-lo na lanterna de Aristóteles, do que fora.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros