Van Gogh – “Wood Gatherers in the Snow”
Neva à fartazana em todos os estados norte-americanos. Nem o Havai escapou. Atingido metro e meio de altura do nevão, mais um metro é esperado hoje. Culpam a passagem do vento frio sobre as águas quentes do lago Erie que gerou «nuvem de neve» jamais vista num outono. “Efeito Lago” chamam-lhe. O sucedido é fácil de explicar: o lago transfere calor e vapor de água para a massa de ar fria que congela o vapor. Chegando o inverno a meio, o Ernie congela e desliga a máquina de neve que, por ora, aflige populações.
Não desminto o meu gosto por neve, pelos pingentes escultóricos feitos de gelo que dos muros e telhados pendem. Não desminto a fanfarra que a neve despoleta na minha imaginação. Não desminto o fascínio por livros e filmes, mesmo os mais lamechas, que me teletransportem para cenários imaculados pela brancura que os cobre enquanto trinco maçãs camoesas. Não desminto o mistério sedutor que me rende quando nevão dá sinais – atmosfera branca, translúcida, invulgarmente luminosa cobrindo o longe e o perto, até dezena de metros.
Confirmo ter-me entregue ao poeta Ka inventado pelo ganhador do Nobel da Literatura em 2006, Orhan Pamuk. Confirmo, entre outras veniais rendições da carne e do espírito, a entrega absoluta ao “Branca de Neve e os 700 Anões” escrito pelo irreverente José Vilhena, às histórias de amor e aventuras com filmes de James Bond pelo meio desvendadas no livro “Quando a Neve Cai”, à “Rainha da Neve” de Hans Christian Andersen - fulano extremamente suspeito por ter segredado ao diário a sua recusa em experimentar relações sexuais -, que os irmãos Grimm apimentaram - a rainha má é forçada a dançar até a morte usando sapatos de pedra, quentes como brasas. Bem feito!
Gostei do filme da Disney por ter omitido perversidades canibalescas: no conto original, a rainha pede o fígado e os pulmões da Branca de Neve para servirem de pitéus na «janta». Achei um tédio o filme “Branca de Neve e o Caçador” – nem avançava nem saía de cima. Ri a bom rir com a Julia Roberts em "Espelho, Espelho Meu". Concordei (…)
Nota – Texto completo e ainda quente aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Imagem do Google
Não fora um Google atento a datas significativas e desconheceria esta efeméride que tanto me diz – na infância, chegado o tempo de Natal, era sabido assistir ao Quebra-Nozes ao vivo ou pela televisão. Penso que o meu amor pelo bailado terá começado com esta história mágica contada nos palcos também por artistas de nomeada a que não escaparam Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev. O som dos passos bailados requer palco em frente e dele afastamento mínimo sem ir além da quinta fila. Em filme, também perdido o mover dos músculos, a precisão dos gestos. Pela ausência do essencial, muitos dizem, convictos, não gostar de bailado.
Selos comemorativos do 100º aniversário Olga Preobrajenskaya e Nikolai Legat
O Quebra-Nozes é baseado numa adaptação de Alexandre Dumas dum conto de Natal de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann. Com a música sublime de Piotr Tchaikovskii, cenários e guarda-roupa suntuosos, coreografia de Marius Petipa e Lev Ivanov, bailarinos da célebre Academia de Dança de Vaganova, desde a estreia foi marco no bailado.
Fotografias de John Hall
O simbolismo está presente como fábula da passagem da infância à adolescência. Fundamenta-se no tema sem época do amor contra as forças do mal. Excelentes razões para divulgar Quebra-Nozes aos mais novos, seja ao vivo, em cartaz na cidade de Lisboa, ou através do filme produzido pela Disney (Fantasia).
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros