“Aerobics with Olga”
“Come filha, come a sopinha toda. A sopa é a tranca da barriga.” Este era dito regional. Uma tranca na barriga é supremo desejo dos que não têm tento no que enfiam pela boca. Entram entradas, entram comezainas diárias que incham e alargam o perímetro abdominal. Dizem indício de obesidade se nos homens ultrapassar 97 cm. Nas mulheres não sei ao certo, mas o que sofrem frente ao espelho é martírio de vida. Para o Vinícius, leve curva da barriga na mulher era essencial. Discordo. Olhamo-la de lado, de frente, e, vislumbrada, voltamos à «fomeca», acrescemos abdominais e penamos e bebemos água e tisanas e engolimos pílulas para, curtos dias após, naufragarmos em sobremesas. A tranca da barriga, hoje, tem nome: banda gástrica. Um horror! Já dei loas pelo peso estável que caterva de abdominais mantinha. O peso aumentou um «nico», mas foi às malvas a caterva.
“Trago-o nas palminhas das mãos.” Outro dito popular. Este não aprecio - subserviência a mais. Sugere lamber botas, amoinar, renunciar à própria opinião. Para isto não sirvo - o nariz trai-me e desata a empinar como o do Pinóquio ao mentir.
“Aquele é do pomar de Jesus...” Chiste de família que uso bastas vezes. Ingenuidade serôdia, crendice tola. Venda nos olhos que a patetice, a teimosia, não raro a paixão que ao indivíduo surripiam objetividade e raciocínio escorreito. Todos, uma vez, por outra, visitamos o referido pomar. O que não entendo é a associação entre inocência tonta e a idealização de Jesus. Olho vivo para o cinismo humano, a tradição preservou-lhe. Será que o princípio de oferecer a outra face a quem numa já bateu tanto enviesou?
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros