Andre Kohn, Paola Angelotti
Porque os idosos falham nas tomas diárias dos medicamentos receitados ou nem aviam nas farmácias a medicação prescrita ou não adquirem aparelhos auditivos e óculos pela falta de recursos económicos, segue cópia dum texto de hoje na edição online da TSF.
“O alerta é do Observatório Português dos Sistemas de Saúde no relatório anual. A denúncia surge pelo segundo ano consecutivo, baseada no aumento da ansiedade e depressão dos portugueses.
O documento cita dados nacionais e regionais para concluir que em paralelo com a crise assiste-se a «um aumento da depressão, da taxa de tentativa de suicídio e das mortes prematuras».
Os investigadores dizem que os efeitos da crise sentem-se, por exemplo, nas despesas: 20 por cento dos portugueses estão a gastar menos com a saúde, numa percentagem que duplica entre os desempregados.
O relatório sublinha que várias fontes apontam ainda para um aumento da ansiedade e da depressão no país. O estudo citado de seguida foca-se na Unidade Local de Saúde do Alto Minho onde vivem 250 mil pessoas. Nessa região, o último ano teve um aumento de 76% nos casos de internamento compulsivo, o que pode dever-se ao agravamento das situações clínicas de doença mental ou à má adesão aos tratamentos.”
Nuno Guedes
CAFÉ DA MANHÃ
Kenney Mencher
- “Qual a diferença entre língua e linguagem?
- "Língua é o que fica na boca e linguagem é o que sai da boca". (Através da Dobra do Grito e ocorrido em ambiente de aula)
CAFÉ DA MANHÃ
“Inconstâncias e Realidades”- I.
“Inconstâncias e Realidades”- II. (Pintura de James Cochram)
“Inconstâncias e Realidades”- III. A violência aumenta na proporção direta da infelicidade dos cidadãos.
“Inconstâncias e Realidades”- IV. O aumento do consumo e do tráfico de droga também devido às malditas condições sociais. (Pintura de Gilles Hoff)
CAFÉ DA MANHÃ
Boa tarde com o talento da Paula Rego e a mestria no uso das palavras da Dobra do Grito.
Vídeo de Dobra do Grito que junta três num: música, a sua escrita belíssima e a pintura de Jackson Pollock. Ótimo fim de semana!
Comummente, elas gostam mais de velas do que eles. Fascina-as o bruxulear, a luz que hesita e não desiste, o aroma emanado. Nas quadras, duas numa semana, são símbolo, cor, enfeite, o vazar romântico de quem nelas deposita ilusão/esperança de preservar luzes outras que enchem o ninho muscular onde soe dizer residirem emoções e afectos.
Num dos jantares em família, para não dobrar o já visto, é improviso cerâmica alongada com vidros coloridos, fita/resto dum embrulho recebido como presente, ícones mínimos que intercalam aos luzes. Escassos minutos, demorou o (des)arranjo. Reaproveitamento e vontade de acrescer detalhe ao espaço conhecido pelos convivas nas Festas.
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Em pedaços de transparências vidradas, acendida uma. No castiçal despretensioso, outra. Junto às flores exóticas, aos cristais sérios, verdes e laranjas ainda por queimar. Esperam nova refeição feliz na quadra das quadras.
CAFÉ DA MANHÃ
Vídeo da querida Dobra do Grito.
Colecção "Outono nos Parques de Lisboa - 2010"
Outra, escreveu ela. Depois, palavra/título no vídeo. A mesma, sempre, como árvore que cresce robusta, jamais renegando a condição que a torna fabulosamente única entre semelhantes. Na coerência da árvore e daquela mulher, começa o deslumbre no caminho abobado por braços esguios e nus.
A noite fora de chuva intensa, filtrado o som das bátegas pelos vidros duplicados e estores descidos. Na manhã, havia sol e frio e chão húmido. Convite a sair, peregrinar num parque que não apenas outro de muitos. Exótico nos recantos murados por cactos desafiadores dos anos e dos ciclos rodados. A meio, estranhamente, tronco esculpido em geometrias improváveis.
Água cerca. Limitada por ténues fronteiras ao embeber o solo circundante. Nele, pés atrevidos cavam registos por tudo desejarem gravar. E a ave saúda o dia fruindo do espelho reflector e habitat. Com ela nadam folhas de plátanos obrigadas pelo ventar na noite e fatalidade sazonal.
Margens. Ricas. Gosto propício às aves e a quem delas pretende saber. Primeiro, observadas. Habituadas à curiosidade passante, continuam, sem falsos temores, no lugar. Privilegiam a partilha pelo bem tornado comum onde debicam alimento que ignora diferenças entre espécies. Serenas, continuam o labor e o preguiçar.
O empedrado, pisado, atropelado por sobejos vegetais, conduz a veredas onde se jogam destinos inesperados e descobertas novas ou que repetem o visto noutros mantos/úteros - cogumelos em bouquet contrastam, enriquecem, a paleta cromática que com os verdes brinca.
Fosse o meu olhar pintor, da paleta segura pela alma escolheria tons que recriassem o real sem o copiar no estilo ‘lambido’ iniciático. Difícil fugir-lhe pela tirania que a perfeição natural impõe. No entanto, talento educado simplifica formas e utiliza cores distintas do visto. Inventa-as para retratar de modo outro o mesmo que rodeia as gentes.
Esperado. Fintei o desejo de não arredar dali. Olhei-o de soslaio para desinstalar o imediato como opção primeira do espírito. A disciplina íntima, ajuda a contornar facilidades apetitosas e confortáveis, mas que, é sabido, podem viciar o ler do existente, compulsar atitudes pela falta do gerir. Adiei-o até ao regresso. Conhecia-lhe os detalhes de vezes anteriores e da tela do Ernâni Oliveira que me testemunha, em casa, os passos. Vigiei-o. Despedi-me com a alma feita tela e a tela já feita na alma.
Ernâni Oliveira - acervo pessoal
CAFÉ DA MANHÃ
Da querida Dobra do Grito, outro vídeo de excelência.
Gil_Elvgren, Adriaen Coorte
Greves que envolvam paralisação dos transportes, gerais ou não, têm vantagens para os desalinhados: demoram horas os percursos na procissão das latas rodadas e permitem ver o que o trote veloz apaga. Quanto Outono lindo em Lisboa sem precisar para o reparo de caminhos outros que não os habituais! Para os vindos da Lusíada, o separador de faixas até à Praça de Espanha é um primor de dourados e verdes negros. Sem desvio à direita que rompa a Praça lateralmente, seguindo em frente para desembocar próximo da Mesquita, fica o Bairro Azul. O prédio onde o Solnado viveu pontifica na primeira esquina. Com saudade no coração, espera a rua desaguo de quem pretende virar na mais próxima à direita, rente a outra catedral espanhola (El Corte Inglés) na cidade moura, nunca morcona – esta amo também por razões que o caso não requer e torna elogio o que o vulgo dos futebóis e vaidades ociosas julgam, na aparência, depreciativo. Outras andanças em pouco relacionadas com afectos urbanos.
Ora, na rua falada sem o ser, a fila estática, paradinha porque anestesiada ou molengona, vi portas encimadas com indicação inusual: Gustus, Sushi alentejano e Tradicional. Imaginei o pior. Orelha ou focinho de porco crus em finas lâminas, sangue arredado no mínimo, secretos e migas por cozinhar. Após trabalho consciente no papel fura-greves de quem não dá um cêntimo a entidades que muito desbaratam, googlei. Pitéus: “rolinhos de bacalhau com grelos e broa, rolinhos de caldo verde com linguiça, rolinhos de porco preto e javali, de morcela com puré de maçã... Para quem não é dado a fusões deste tipo, as alternativas passam por hamburgalheira ou hamburganheira, uma com alheira e queijo de cabra, a outra com farinheira, ou por um dos pratos da ementa fixa.” Anotei: “preços convidativos. Ao almoço há um menu de sushi por 12,50 euros e um outro com sopa, prato, bebida, sobremesa e café por 8,50 euros. Ao jantar os preços também são económicos. (…) A decoração é alegre e informal, o ambiente é simpático e bem disposto. Em noites de casa cheia, o serviço pode tornar-se muito lento e o tempo de espera excessivo, o que é parcialmente compensado pela simpatia. A relação preço/qualidade é muito boa.” Nã sei, nã vi.
Pois é! Nem com tão rasgadas loas lá entrarei. Para alentejano sério tenho o Galito, bem melhor que o Solar dos Nunes ali p’ra Alcântara.
CAFÉ DA MANHÃ
Querida Dobra: _ A harmonia do etéreo une-nos, além da amizade, além da menina, além do dizível.
Chuck Law, Andrew Randall
A meio de Agosto, ainda praia e campo e remanso comandam dias. As primícias no desporto, animam. A Volta, os Europeus de Bucareste, enchem os olhos de beleza – paisagens divinas (és lindo Portugal!), cérebros e corpos esforçados e modelados por treinos sem detença no todo do ano. Mais e melhor, longe em menos tempo. E aqueles homens e mulheres conseguem proezas novas. Auguram esperança na progressão do corpo humano, exibem ideais que aos próprios e aos outros elevam. Subjaz indústria desportiva? Comércio? Que perfídia acarretam? Distorcem a verdade desportiva? Nas modalidades em causa, rejeito a existência de dolos graves que nos ensimesmem. Ensimesmados andamos mas por razões outras.
Ora, a 15 do mês oito é cedo para cismas cujo objectivo é incêndio dos ânimos políticos. Cedo para qualquer rentrée. A cultural tem início bem mais adiante, quando o povo regressar a casa – quem de lá saiu, porque à maioria não foi permitido, a bem do magro saldo bancário, arredar pés e tralha do poiso quotidiano. Nesta altura, rentrée política tem o condão de me inspirar maus sentimentos. Desprezo é um deles pela fatalidade do populismo exacerbado. Qual o partido que inicia as lides não importa – todos reproduzem guião semelhante. Mas incomoda a época. A interrupção nos espíritos que desligaram a corrente de menoridades já sovadas ao limite.
Este é o tempo de fruir dos afectos com tempo para o tempo da dedicação tranquila. Para leituras, para gozar o corpo liberto, para cozinhar prazeres, para assentar os pés em havaianas. Adeus saltos e arrebiques. Adeus complicações. Adeus ocioso, que Setembro está postado na volta do calendário.
CAFÉ DA MANHÃ
Mais um, Amiga, com a tua sensibilidade/assinatura.
Matthew Lake, Lauren Bergman
Fruto das nanotecnologias, invenção desenvolvida no Norte do país: tecidos que repelem a sujidade. Revestidos com nanofilamentos, negam manchas de azeite, café, vinho e causas outras de lavagens. No imediato, sob forma de toalhas de mesa e guardanapos. Quanto arranjo! Mulher que se desdobre na atenção afectuosa ao gerir família alargada requere: _ Já! Para ontem vai tarde. Para amanhã e depois, sinto falta. A cada dia passado, lá vai uma toalha p’ra máquina. Ao jantar, é remedeio o linho trocado de cima para baixo. Vale ser liso, somente bordado nas fronteiras. Sol quase deitado, passa por fresco cheiroso. E é poupada água, rodopios na máquina, químicos detergentes, ferro e vapor movido a electricidade. Repelidas nódoas, espaçadas lavagens. Para quem odeia desperdícios, um achado!
A converseta lembra usos d’antanho, primórdios do vigésimo século, ouvidos contar por família que partiu. Às sextas ou sábados, celha repleta de água morna e banho semanal. Antes, fumegavam panelas e o sabonete Ach Brito varria a sujidade. O lençol de cima mudado para baixo, limpo o da cobertura da pele. Aos quinze dias, cama feita de novo.
Os dermatologistas bem podem condenar uso diário de gel de banho, esfoliações a esmo, não raro acabando em rezinga borbulhenta. Aconselham água chilra para limpeza e protecção da epiderme. Écran solar todo o ano substituindo cremes esquisitos e caros para unto da face – melhor anti-rugas não há p’ra eles e elas.
Sendo o básico simples e económico, vão de retro complicações. A frugalidade respeita o equilíbrio da terra e dos seres.
CAFÉ DA MANHÃ
Da querida Dobra:
John-Vistaunet
Consideram alguns que sem criação a partir do nada fica anulado o mérito de quem escreve. Traduzo: ficcionar sem qualquer sustento real. Congeminar de raiz personagens e respectivas estórias. Inventar mundos alternativos à feição de Tolkien no “Senhor dos Anéis”. Ou como Rowling no “Harry Potter”. Supõem, julgo, que nestes engenhos, noutros mais recuadas e recentes, a realidade que emoldura o autor não contaminou a obra. Pranto discordância. Mais – não configuro escritor imune às emoções, acontecimentos, pessoas e sentimentos experimentados. Mesmo quando a ficção surge como irrealidade fantástica, as personagens foram retocadas à custa da tia-avó intrometida, do amigo «bom-garfo» ou da porteira com língua viperina.
Não sei escrever isenta de elo ao que me constitui. Ao vivido. Ao idealizado. À encenada projecção de dúvidas, gostos e desgostos. O discurso escrito tem ardis e mistérios cativantes - bastas vezes me enrolo no encantamento das palavras e curvo o conteúdo pela fruição de vocábulos súbitos vindos do «antigo». Retomo o curso, é certo, mas o gozo das artimanhas que as letras sugerem é tentador. Não seja retido considerar despiciente a substância dos textos. Nem um pouco! Pura fantasia o que escrevo? Vezes umas, sim, outras não. Sublinho: em qualquer circunstância, a verdade da mulher. Por lealdade/necessidade – sempre a lealdade que amargos de boca traz e devia(?) ter aprendido a rodear –, surgiu esta reflexão.
CAFÉ DA MANHÃ
Vídeo fabuloso da “Dobra do Grito”
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros