Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

O TEMPO DA INOCÊNCIA

 

Don Segmiller

 

O tempo da inocência. Da ingenuidade. Da descoberta. Dos porquês. Da inconsciência do amanhã. Dourar os idos da infância é atitude comum. Fazer deles refúgio de colo, sonho e aconchego, antecipando que ao crescer não são fáceis de encontrar. Haja sabedoria para os reconhecer e preservar.

 

 

A perda da inocência, surripiada pela malícia, crueldade ou mesquinhez, outrossim pelo ato de crescer, antecedia a que no futuro se adivinhava. Tempo com difuso final. Sem que da data ficasse registo assinalado no individual calendário interior. Ao contrário da seguinte, não raro ansiada, perda do crescimento: a virgindade.

 

 

E chegávamos frágeis ao momento esperado. Assumindo tremores ou simulando saber consolidado no momento da virgindade cair. Pouco mais havendo que misto de curiosidade e temor. Nos saberes adquiridos, clandestinamente, à boca pequena, ou em desajeitados ensaios, havia a certeza da inevitabilidade. Romper o hímen era romper a última barreira mental que entravava o caminho da mudança pessoal.

 

 

Com os cataclismos, deceções e vulnerabilidades que as sociedades enfrentam, é tempo de despedida. Deixar cair a virgindade social como caiu a da inocência. Depois, crescer.

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 07:47
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Terça-feira, 4 de Junho de 2013

PAR DE ESTALOS

 

Shichinohe Masaru, Stacey Neumiller, Don Seegmiller

 

Iniciei a demanda por cá. Vacas sorridentes, inspirações por favor da Senhora de Fátima, pesadelos com coelhos roedores são males menores. Terminei no cherne e seu cardume - enfiados nas goelas têm iscos ao penduro de canas sabiamente nubladas.

 

Se bem esgravatada a crítica situação portuguesa e europeia, o que mais me enfurece é, entre tantos culpados passados e atuais, não existir mandante palpável a quem aplicar com entusiasmo sonoro par de estalos.

 

Nota: publicado no “Escrever é Triste”.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:31
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Terça-feira, 6 de Abril de 2010

TÃO OUTRA, TÃO IGUAL

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Don Seegmiller

 
Todas as casas têm história e estórias para sussurrar a quem as saiba ouvir. Escorrem entre o tijolo e o estuque, alagam o chão pisado, cirandado, dançado por pés nus em dias de lua cheia. Porque os há _ são aqueles em que a noite de prata não se esvai com a madrugada. Em que o sol aparecido não encandeia o íntimo lunar. Em que preguiça na cama corpo húmido do ido e pelo haver. E a casa vigia. Sem sono. Nem surda, nem muda. Dedos invisíveis tacteiam os espíritos que a vivem. Recolhidos se suspeitos.

 

Um dia, desbocam intimidades. Soltam gemidos e ais e suspiros se o presente não condiz com ausências. Mesmo estreada por quem nela ainda é, a casa não se conforma. Lembra risos e o arranhar dos móveis ao entrarem. O caos encaixotado. Ao monte. A glória de se sentir prenha de vida quando saídos cartões e penduradas etaminas. Quando os livros e as fotografias e as telas respiraram o lugar. Quando entrou a primeira braçada de goivos e o aroma trouxe Maio mais o amor antigo, novo ali. E sabe da espera envolta em cetim cereja. Da pele macia arrebatada de sentir e perfume proibidos. Das janelas gargalhando deleite voado para a rua. Deserta e em construção. Como ela ao rendilhar liberdade nova.

 

E a casa das estórias conta parte da história da mulher. Tão livre. Tão outra no mesmo rosto. Tão igual se verte prazer.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:54
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