Casal cuja meia-idade fora ultrapassada há anos desce o passadiço entabuado. De bruços sobre o barco em sossego na marina, inicia afazeres para aventura marítima ou Sado acima que o adivinhar mentes não existe. Seguem a rotina estabelecida. Içam a desbotada bandeira nossa.
Barco em prontidão, esperam. Surge casal de faixa etária semelhante. Embarcam. Ronrona o motor. ‘Ala que se faz tarde’. O timoneiro ao curvar na estrada de água feita embate no motor externo doutra embarcação em frente. Entorta-a. Na esplanada, quem estava configura paragem e remedeio. Mas não - em português contaminado pela língua original, diz o homem do leme:
_ Nunca tal me aconteceu!
Corrobora a mulher:
_ Que não seja motivo para susto.
E avançam com o lívido casal passageiro.
Envelhecimento ativo. Aventura. O guardador das embarcações fez registo.
CAFÉ DA MANHÃ
Natasha Villone
"- Antigamente, na França, os criminosos eram executados com a gelatina.
- Em Portugal, os homens e as mulheres podem casar. A isto chama-se monotonia.
- Em nossa casa cada um tem o seu quarto. Só a mamã é que tem de dormir sempre com o papá.
- Os meus pais só compram papel higiénico cinzento porque já foi utilizado e é bom para o ambiente.
- As vacas não podem correr para não verterem o leite.
- Um pêssego é como uma maçã só que com um tapete por cima.
- Eu não sou batizado, mas estou vacinado.
- Depois do homem deixar de ser macaco passou a ser egípcio.
- A primavera é a primeira estação do ano. É na primavera que as galinhas põem os ovos e os agricultores põem as batatas.
- A minha tia tem tantas dores nos braços que mal consegue erguê-los por cima da cabeça e com as pernas é a mesma coisa.
- Um círculo é um quadrado redondo.
- A terra gira 365 dias todos os anos, mas a cada 4 anos precisa de mais um dia e é sempre em Fevereiro. Não sei porquê. Talvez por estar muito frio.
- A minha irmã está muito doente. Todos os dias toma uma pílula, mas às escondidas para os meus pais não ficarem preocupados."
CAFÉ DA MANHÃ
Bjorn Richter
Não aceitando que do caos tenha surgido este Universo organizado, renovo a cada noite o assombro pela certeza do tempo que a Terra demora no rodar à volta dela e da estrela maior. Experimento a doçura de ter calhado esta forma de vida ao meu planeta. De não terem calhado em Saturno as noites dos meus dias. Vinte e nove anos terrestres para descrever uma órbita seria tempo demais para quem aprecia recomeços. E a lonjura? E o frio pela gigante distância ao Sol? Por isso me quero na Terra que amo e concede ciclos adequados à parte do meu ser que não se vê.
Quando a inclinação do eixo encurta os dias e faz maiores as noites, é tempo da rodilha do meu corpo aconchegado no sofá. Do livro no colo, da música sussurrada, do rosto lavado, das calças de algodão que o laço do atilho prende à cintura. De me erguer e, encostada à vidraça, desenhar caminhos das pérolas líquidas que as nuvens deixaram cair. São as noites aveludadas pelas sabrinas brandas que confortam os pés, da pressentida chuva, do frescor na rua. E a languidez distende a pele e os músculos. O espírito regressa ao tempo dos sonhos acordados que o apaziguam. Manso, chega o sono. Mansa, arrumo a noite sabendo que o giro da Terra outras renovará.
CAFÉ DA MANHÃ
Homenagem a divas intemporais - Rita Hayworth, Doris Day.
A vontade de assentar nem sempre escolhe o melhor – urgência pela fadiga dos pés e, em geral, do corpo andarilho é frequente razão. Bebida fresca, outra tão válida como a anterior. Correndo estio moderado, a economia nos gastos recomenda contenção. E Portugal que tanto oferece e merece olhares, seja em festividades que reúnem família ou ocasiões quaisquer que venham a calhar para peregrinações gostosas e de acalmia... O novo a descobrir afasta rotinas, propõe estares novos, tempo para ajardinar afectos.
Citadino ou rural é boa nova o toque a reunir da família inteira, por não ir além da meia dúzia anual. Pretexto para celebrações do encontro que o quotidiano arreda, salvo nas datas estabelecidas como oficiais e outras,urgentes. por infelicidade na saúde. A espera do momento é paz/delícia que a mesa cuidada demonstra. Alegre a escolha da toalha, do «chemin», da louça, dos vidros e talheres a condizer. Enquanto o fogão fervilha amores, detalhes são ultimados. Quando o visor anuncia chegadas precedidas pelo toque «campainhado», sorrisos rasgam o antes, prosseguem no durante e no depois. Assentos vários propiciam falares.
Fora de portas, o mesmo acontece. Recantos iluminados pela luz comprada ou pela natural louvam sentares. Nos primeiros, intimidade, nos últimos, à-vontade como permite o lugar inconformista que em nada obedece a regras e convenções. Pés na mesa elevados do assento, são pousio apetecido. Pedido o fresco no copo alto, o saboreio alongado é prazer. Apetitoso. O todo não facilita sair do sol, do remanso, da cavaqueira adiada por meses.
Pelo mundo fora, diminuto para a ilusão, foi o andarilhar. Em navio ou aterragem de avião, aconteceram. Pernoitas em camarotes, hotéis, apartamentos. Do design minimalista ao ambiente convencional, tudo houve. Navios seleccionados como preferidos pela excelência do acomodar, pela variedade de olhares diários isentos de chek-in & out. Malas descansadas enquanto o proprietário se deslumbra e, quotidianamente, descobre abordagem nova das costas marítimas que o maravilham. Pode, antes, ter aterrado no mesmo destino, mas a imagem recolhida a partir do oceano em nada será idêntica. Superior como faz prova o belíssimo acostar em Lisboa.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros