Bryan Larsen – “Letter”
O correio já não é o que era. E que não me rotulem de nostálgica por esta convicção! É saber da experiência feito. Foi perdida a emoção de abrir a caixa, sorrir ao pegar num envelope ou ficar trémulo antes, desiludido depois, quando a escrita ansiada estava ausente. Entrar no elevador com o envelope aberto, devorando avidamente as palavras.
Desde que o carteiro se padronizou, as coisas mudaram. Há correio azul, teoricamente rápido e de facto caro, maioritariamente ao serviço das más notícias. Há correio registado bem pago pelas administrações dos condomínios, pela Justiça ou Finanças. Sempre olhado de soslaio e aberto com o mesmo entusiasmo de quem arranca um dente. O correio dito normal não tem muita surpresa: débitos e faturas e mais faturas. Tão previsíveis como as cíclicas greves da Carris - quando não existem, estranhamos.
A comunicação que vale mesmo a pena, é agora instantânea, feita de viva voz, por mensagem (abençoados telemóveis!) ou e-mail. Tudo rápido e eficaz. Sem a intervenção adorável do carteiro que nos conhecia pelo rosto e nome. Sem a previsibilidade da hora que só uma gripe ou o excesso do Natal faziam perigar. Sensatamente parco e económico nas faturas.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros