Terça-feira, 7 de Dezembro de 2010

PESSEPÊS, GENERRÊS

Al Buell, autor que não foi possível identificar, Earl Moran

 

As desigualdades confrangem-me. Comovia o coração mais empedernido a queixa do chefe maior das polícias de que mancebos, jovens homens e mulheres não se candidatam às fileiras da Pêessepê. Seja pelos magros vencimentos, pela vulnerabilidade a balas e armadilhas mortais e «facalhadas» nas ruas onde era suposta a condição de autoridades da ordem pública, voluntários para efectivos são escassos. A farda também não ajuda: pano desengraçado que mesmo novo parece puído, azul escuro, ausência de enfeites atemorizadores não regresse o papão que, em idos, assustava criancinhas, calçado rafeiro. Em contrapartida, a Generrê atrai candidatos como pote de mel. Para quem ignora da casa alheia o que lá dentro se passa, de volta a farda: cinzento pardo como soe a cor dos gatos em fuga, dourados, botas hirtas com barriga que fingem musculatura, cinturões e bonés imponentes com pala rígida. E os de Cavalaria com a crina a dar-a-dar em compasso com o trote? Tão lá em cima para a populaça que cobiça cavaleiros e montada! Respeito no parecer, não raro, acompanha consideração pelo ser. Depois, chegam imagens da Guarda Real Britânica, da perna de ganço esticada pelo exército russo. Por comparação, ficamos orgulhosos dos penachos brancos e falso ouro nos arrebiques. Assim vai a mundialização que esbate, meteoricamente, tradições e fronteiras do pensar.

 

Ora, é dado o caso de mesmo os GeNeRrês se lamentarem da desigualdade entre pares – os da Serra da Estrela ataviados para frios e gelos, os de serras outras tão frias como aquela, tiritam e batem os pés porque inexistentes abafos idênticos que lhes protejam o pêlo. Está mal: _ Lá por a Estrela ser a maior e por um mindinho de dez metros não chegar aos dois mil, outras «frialdagens» convém não esquecer. Justos os queixumes, justo equipar defensivamente o corpo dos militares, sem esquecer o colete à prova de bala para os PeSsePês. Todos forças protectoras ou não? _ Excluo, deliberadamente, os sorrateiros, ocultos em esquinas, que nas urbes espreitam distracções para multar estacionamentos indevidos por minutos, veículo piscando tudo de que dispõe.

 

CAFÉ DA MANHÃ

  

publicado por Maria Brojo às 06:17
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Segunda-feira, 5 de Julho de 2010

QUE DIACHO!

Earl Moran, Joerg Warda

 

Olha quão esperta fui ao ter preferido ontem a casa e a cidade às praias e vias apinhadas que para elas encaminharam incautos ou desafortunados pelo horário nine to five! Mulher pode gostar de pele em bronze com brilho, mas, que diacho!, sofrer pela imagem não. É fácil negar penas escusadas quando há garantia de três a quatro coffee breakes semanais prolongados por uma hora no peregrinar ao Sol, vinte minutos para lá, outros tantos no regresso. Consciente da sorte, embora obrigada a dureza no trabalho à laia de compensação.

 

Nos dias úteis, Tamariz é lugar tranquilo. Nem feio, nem bonito, nem de elite, nem de massas, nem nada por aí além. Vantagens: comboio, estacionamento fácil, comiscar logo ali quando o apetite chega, quando é urgência dessedentar ou ir à «casinha». Remedeio para orientação diferente da minha bússola interior que tende apontar outros cardeais.

 

Ontem, pela quentura do dia, as praias, saber de ouvir dizer, abarrotaram. No Tamariz, confrontos, violência, larápios, polícia, very-lights ao (a)caso. António d’Orey Capucho rebelou-se. Acusou a polícia de vigilância medíocre. De se repartir igualmente entre Oeiras e Cascais cabendo a esta autarquia parte maior dos areais procurados se o trabalho semanal teve fim.

 

Quando um país desmorona a educação, desprestigia professores, disfarça o abandono escolar, oferece numa bandeja a conclusão do secundário, que pode esperar senão bandos juvenis ao Deus dará? O Deus de lá, do Tamariz, deve ter respeitado o Dia do Senhor, dele mesmo, para cochilar. Porque omnipresença é trabalhão sem horário e direito a horas extraordinárias pagas, quem se admira por falhas de zelo no cuidar da humanidade?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:03
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Quinta-feira, 10 de Junho de 2010

ADEUS BURROS DE MONTADA!

Elvgren e Earl Moran 

 

Tendo por berço a Lisboa republicana, nasceu o Dia de Camões. Na inauguração do Estádio Nacional no Jamor, corria a metade dos anos quarenta e ditava o Estado Novo, Dia de Portugal, de Camões e da Raça. Par de décadas depois, a guerra nas colónias ia matando gentes de cá e de lá obrigadas à bandeira portuguesa até cravos encarnados substituírem balas. Foi-se a Raça do feriado - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Cavaco Silva recuperou-a ao ser questionado sobre a paragem dos camionistas. Escandalizou porque “terminologia racista e segregadora do Estado Novo”.

 

Existe raça? À época, entendida como “grupo de indivíduos cujas características biológicas são constantes e preservada pela geração: raça branca, amarela, negra, vermelha.” Progredindo a ciência, coube à genética desmentir qualquer tentativa de classificação racial. Mas se a raça for pensada como conjunto de ascendentes e descendentes de uma família, de um povo? Tem cabimento porque vocábulo isento.

 

Atrevo julgar que o dizer presidencial remeteu para o segundo contexto. Não o configuro saudosista dum tempo e saberes ultrapassados. As exaltações bacocas dos ânimos por caso que o não é revelam burras as palas em cada lado dos olhos. Porém, convenho: estando os quadrúpedes da espécie asinina em extinção, é refrescante saber humanos prontos a retomarem-lhes tradições. Irrecuperável a docilidade que na parte de férias, as rurais, me permitiam montar os genuínos e gargalhar.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:22
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