Joaquín Torres García
Ontem, publiquei no "Escrever é Triste texto. Hoje, excertos no SPNI:
Eduardo Galeano foi-me referido por mulher que muito me honra com a sua amizade. Num daqueles telefonemas choramingas por desgosto familiar ou angústia pessoal, teve resposta assisada como sempre: _ “Lê Eduardo Galeano. Estás a precisar «miúda».” Estava de facto. (…)
(…) O percurso do Homem revela espírito inquieto, disponível para lutas políticas que lhe valeram ser proscrito pelo regime de Jorge Videla e constar o seu nome nos “esquadrões da morte”. Exila-se em Espanha e dá início à “Memória de Fogo”. Seguir-se-iam obras de maior êxito tendo como cenário a América-Latina.
Ler ou ouvi-lo é prazer:
_ "As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não choveu ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda doce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições. (…)"
Joaquín Torres García
(…) Como nas pinturas do compatriota Joaquín Torres García representado em museus do mundo, descreve a injustiça social, pensa utopias, ouve as raízes. E não é assim que deve ser?
Do estimado Ruy Vasconcelos, obtive comentário sabedor.
“ (…) permita-me discordar. Desta feita com ‘ênfase’. Mas também com argumentos.
Nota: vídeo de Eduardo Galeano na publicação de ontem no SPNI.
CAFÉ DA MANHÃ
Michele Del Campo
Podemos viver com eles, amá-los ou despedi-los sem pompa e na justa circunstância. Podemos cair na banalidade de os julgarmos meninos que em adultos preservam o bibe e são devotos dos jogos com a bola, a consola que os consola, e, até à idade do declínio, brincarem aos comboios – “pouca terra, pouca terra, muita gente, ú ú ú...” Não lhes entendermos motivos, atitudes e reações, tomando-os por «Peter Pans» ou herdeiros do florentino Maquiavel que enrolam no genoma a “Arte da Guerra”. Porque é de guerra (…)
CAFÉ DA MANHÃ
À laia de autocomentário/crítica do acima escrito.
Por isto mais aquilo, adiei regresso. Quem ia e vinha contava da pérola na “Pérola Atlântica” feita. Obra de autor: Alberto João Jardim. Soube aproveitar recursos comunitários, acrescentar riqueza à pobreza atávica em quase toda a ilha, explorar bênçãos da Mãe Natura. Diminuídas manchas de miséria que conheci.
Atormentados, os céus extremaram choro. A irregularidade dos relevos e os solos cimeiros erodidos pelo pastoreio aleatório não resistiram: lamas fluidas do que fora piso sólido. Cascata tenebrosa, negra, encontrou resvalar propício pela construção, desde antanho, disseminada ao acaso nas encostas. Por casos outros e mais recentes, no Funchal. Não é hora de assestar a besta nos culpados: auxiliar quem precisa, sim. O momento de analisar o malfeito chegará e dele retirar ensinamento. Confio na volta do brilho à pérola.
Países distraídos de “Copenhaga”, porque submetidos a interesses económicos míopes, que olhem, vendo, a frequência das catástrofes naturais. A tragédia no Haiti, a tempestade de areia em Sidney, os incêndios que arrasaram a cidade de Mont Archer e a “Big Dry” são alguns dos muitos sinais de alarme nos quais devem atentar. Continuando partes umbiguistas a valerem mais do que o todo, pior virá. Até ao final do século, previsto aumento de três graus na temperatura. O consequente acréscimo de um a dois metros no nível do mar arrisca a vida de 42 milhões de habitantes oriundos das regiões insulares.
Alberto João Jardim esteve bem ao pedir contenção nas notícias publicadas. O turismo é a principal fonte de riqueza da ilha. Demasiado fácil atemorizar quem a demanda. Bem fazem os espanhóis: nunca tiveram ‘vacas loucas’, a ‘peste suína’ não passou por lá, violência só da ETA, assaltos a estrangeiros, nem um.
Transcrevo: “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos"
Eduardo Galeano
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros