Gigi Liverant
Reunião tardia. Noite descida sobre Lisboa. Eixo Norte/Sul desentupido. À ida. Pela vinda, empanturrado no acesso de Campolide.
Pontual, fruiu das velas e do chá quente e dos bolinhos miúdos que aqueciam o ambiente austero. Não lhe sentiu o peso no breu urbano por conhecê-lo leve durante o dia.
Ela sentava-se num dos sofás forrados com pele castanha. Sorriso fácil, presença afável. Por tudo, linda. Mãe competente de trindade juvenil. Profissional exemplar. Discreta, levantou-se. Sussurrou a razão:
_ Pela tua simpatia, pelo apoio quando precisei. É símbolo, não valor. Sei que o lerás tal qual pretende ser.
Abraço forte, emoção surpresa. Afeto na ponte infinita do amplexo. Dourado o embrulho pequeno. Passado de mão para mão. Deixou-o por abrir – não havia tempo nem sentido no interromper do decisivo. Guardou-o na pasta/apêndice, entalado entre o computador mínimo, dossiês e «micas» empapeladas. Gesto selado pelas faces que os lábios afloraram. Anos partilhados no mesmo local de trabalho. De novo, o muito perto feito essência. Rara. Fragrante.
Quando largou os pesos dependurados no ombro e nos braços, repetiu das chegadas os hábitos. Procurou o presente entretanto amarfanhado. Cautelosa, suprimiu os dourados. A caneta surgiu como potro de raça capaz de, num ápice, galgar o traço ou a palavra até campinas sem fim. Juntou-a aos bens raros que guarda, dá serventia, não se diluam numa gaveta e sem préstimo aromas de momentos felizes.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros