Paul Cézanne – “The second version of The Card Players”, Metropolitan Museum of Art in New York
"Nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, a minha amada família por menos cabelo branco ou por uma barriga mais lisa. À medida que fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Tornei-me o meu próprio amigo...
Não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou uns biscoitos extra, ou por não fazer a minha cama, ou por comprar algo supérfluo que não precisava. Tenho o direito de ser desarrumado, de ser extravagante e livre. Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo demasiado cedo antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem me vai censurar se resolvo ficar a ler, ou a jogar no computador até as quatro horas da manhã, ou a dormir até meio-dia? Se me apetecer dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70 e 80. Se, ao mesmo tempo, quiser chorar por um amor perdido... danço e choro. Se me apetecer andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, apesar dos olhares penalizados dos outros, os do jet set, aí vou eu. Eles, também vão envelhecer.
Sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu recordo-me das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos o meu coração foi quebrado. Como não se pode quebrar o coração quando se perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum animal de estimação amado morre? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
Sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter os meus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre nos sulcos profundos do meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes dos cabelos serem de prata. Conforme se envelhece, é mais fácil ser-se positivo e preocupamo-nos menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Ganhei o direito de estar errado. Gosto de ser idoso. A idade libertou-me. Gosto da pessoa em que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto cá ando, não vou perder tempo a lamentar-me do que poderia ter sido, e não me vou preocupar com o futuro. Sou livre!"
CAFÉ DA MANHÃ
“O comércio progredia, as fábricas pululavam por todo o bairro oriental da cidade, dito ‘brasileiro’. O tráfego para Gaia e Lisboa crescia a olhos vistos, e a bela ponte Pênsil não chegava para as encomendas. Em 11 de Agosto de 1880, foi aberto concurso para nova ponte, após a não-aceitação de um projeto da firma G. Eiffel et Cie., que só contemplava um tabuleiro ao nível da Ribeira, com setor levadiço na parte central. Um projeto que mereceu um Grande Prémio na Exposição Universal de Paris de 1878, mas não servia para uma eficaz ligação entre os núcleos urbanos do Porto e Gaia. Por isso, aquele concurso impôs como premissa a conceção de uma ponte com dois tabuleiros” Viria a ser construída nova ponte metálica. (...)
(...) A propósito do H2O2 com menos um O lembrei esta: “Havia naquela fábrica de tintas desconfiança entre a parte burocrática-administrativa e a parte técnica mais jovem e inovadora. Um dos funcionários mais velhos «torcia» pela administração. Um dia, no transporte, foi entornada quantidade apreciável de líquido destinado à fábrica. O funcionário «bufo» do ocorrido quis saber:
_ Quem entornou? Que produto era?
Respondeu o operário malandro:
_ Fui eu. Era o agá dois ó.
O diligente funcionário correu, apavorado, a levar o recado à administração.”
Até aos biltres a ciência faz falta.
Nota: o texto em falta pode ser lido aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros