Estende-se por 3km este que alguns consideram o caminho mais assustador do mundo. Esteve fechado perto de três anos; agora, volta a receber visitas. "El Caminito del Rey" é uma passagem cravada nas paredes dos desfiladeiros de Chorro e Gaitanejo, a norte de Málaga, na Espanha.
A construção, concluída em 1905, foi feita enquanto era construída uma hidroelétrica no rio Guadalhorce. Os trabalhadores necessitavam de uma passagem que cruzasse os desfiladeiros para o transporte de materiais, vigilância e manutenção do canal. Em 1921 o rei Afonso XIII teve que cruzar o "Caminito" para a inauguração da Represa Conde del Guadalhorce, e, desde então a rota, passou a ser conhecida pelo nome atual. Entretanto, o abandono e a falta de manutenção fizeram com que a estrutura da estrada ficasse comprometida, causando até o desmoronamento de algumas das etapas. Por esse motivo, "El Caminito del Rey" é o ponto favorito dos muitos que procuram emoções fortes.
Após a morte de quatro turistas em dois acidentes ocorridos em 1999 e 2000, o governo local fechou as entradas. No entanto, os aventureiros encontraram meios de entrar no local. Em junho de 2011 o governo da comunidade autónoma da Andaluzia em conjunto com o governo provincial de Málaga acordaram em dividir os custos de um projeto de restauração do caminho (que inclui a construção de um estacionamento, um centro de visitantes e um museu) no valor de 9 milhões de euros. O projeto, agora concluído, abrirá ao público no fim de março. Várias das características originais foram mantidas, e os novos materiais utilizados também respeitaram o desenho antigo original. O projeto inclui iluminação por lâmpadas led para visitas noturnas.
CAFÉ DA MANHÃ
Maria Picassó
Se o mundo fosse uma sala de aula, a Espanha e a Itália seriam as meninas tagarelas «tasse bem», a França a aluna coquette, a China a marrona sem ajuda cujo sucesso só o sacrifício explica. O Japão dava para «cromo» sentado na primeira fila, a Inglaterra para o snobe de serviço. A Alemanha cumpriria o papel do disciplinado exemplar, mochila pejada de manuais, encostado á porta da sala de aula antes do toque da campainha. O Irão não engana: aluno metido consigo e de olhar arrevesado. Em todas as turmas há o gorducho pateta e rico, os EUA, claro!, os meninos pobrezinhos com direito a merenda à borla e a livros em segunda mão, da África, no caso. O grupo dos rufias dados a fanar o alheio e a fumaças proibidas seria da América Latina, os de Leste já foram os remediados com roupa de marca comprada na candonga.
Não há classe sem alunos mandriões de boné às avessas que gozam os atentos e recebem as más notas mascando chicletes num riso descarado, sem perderem o ar gingão. Não desligam o telemóvel, menos ainda nos testes - iam lá perder a cara zonza da professora que os apanha a receberem por ‘sms’ as respostas às perguntas? Não fazem trabalhos de casa, faltam às aulas para fintas e danças com a bola em que são exímios, curtem com as colegas que desviam para o shopping e partilham as «bejecas». Chegam atrasados às aulas de História e, por isso, repetem erros antigos. Medíocres em Matemática, nunca acertam as contas internas com as externas e das línguas estrangeiras aprendem o mínimo que desenrasque turista e engate miúdas. Uma vergonha de alunos! Porém, no papel de papagaios de boatos e anedotas que ridicularizem os outros não há pai para eles. Estes somos nós.
CAFÉ DA MANHÃ
Andrew Bennett
“Alqueva está a bater recordes mundiais de produtividade por hectare, pelo menos em oito categorias de produtos. Milho, beterraba, tomate, azeitona, melão, uva de mesa, brócolos e luzerna rendem, em certos casos, três vezes mais que no resto do mundo, em termos médios, se forem produzidos em Alqueva.
O Expresso cruzou dados do INE e da FAO (Nações Unidas) com a informação da EDIA, que gere o regadio de Alqueva - e também com testemunhos de alguns produtores - e o resultado é surpreendente: média de 14 toneladas de milho/hectare contra 5,5 toneladas a nível mundial. 100 toneladas de tomate contra 33,6 toneladas para o resto do mundo ou ainda 30 toneladas de uva de mesa em comparação com 9,6 toneladas a nível global.
A fama de Alqueva ultrapassou há muito fronteiras e há já investimentos de oito nacionalidades, desde a África do Sul a Marrocos, passando pela França, Itália e Escócia. Espanha lidera claramente entre os vários países que estão a investir no Alentejo. Atualmente de Alqueva sai cebola para a Mc Donalds ou amendoim para a PepsiCo, para além de uvas sem grainha com destino a várias cadeias de distribuição britânicas e de outros países do norte da Europa. Ainda esta semana, numa feira agrícola em Don Benito, na Extremadura espanhola, a EDIA foi abordada por um banco do país vizinho pedindo informações sobre as disponibilidades de terra na área do regadio, com o objetivo de aconselhar clientes seus a investir no Alqueva.
O que diferencia Alqueva de muitas outras zonas agrícolas na Europa, mas também de outras noutros cantos do planeta são sobretudo três fatores: uma terra praticamente virgem, livre de químicos e de fungos, pois durante muitos anos apenas recebeu cereais de sequeiro; abundância de água para regar quando as plantas mais precisam (ou seja, na primavera e no verão) e, não menos importante, uma exposição solar prolongada, o que acaba por ter um efeito multiplicador na fotossíntese das plantas e, consequentemente, na produção de alimentos mais saborosos.
Mas há ainda uma grande vantagem comparativa. É que, mesmo em relação a outras zonas do país, Alqueva permite ter produtos nos mercados abastecedores duas a três semanas antes de toda a concorrência. E se a comparação for feita com outros países europeus a vantagem aumenta à medida que se caminha para norte. De Espanha para cima, muitos dos produtos são obtidos em estufas, com climatização artificial, ou seja, com custos energéticos acrescidos considerados avultadíssimos, o que acaba por se refletir no preço final ao consumidor.”
CAFÉ DA MANHÃ
Ponte do Diabo de Mizarela, Portugal
Sei que as pontes são obras de engenharia complicadas de desenhar e construir. Em idos remotos, sendo muitas as dificuldades, as populações recorriam às forças do oculto para, julgavam no obscurantismo reinante, as ajudarem a erguer a obra. Disto, contam as lendas. Por toda a Europa há "pontes do diabo" desde Gales, no Reino Unido, à Bulgária, a França, à Itália, às montanhas da Suíça, a Espanha e até em Portugal. Todas com alguns séculos em cima e com lendas que perduram. Por cá, o demónio também ajudou a construir algumas pontes sendo a mais emblemática a de Mizarela. Foi erguida na Idade Média e reconstruída no início do século XIX. Mizarela é sita a 13 km da sede do concelho, no vale do Caldeirão, Parque Natural da Serra da Estrela, na margem esquerda do rio Mondego.
“Nos anos 80, aquando da construção da Casa do Povo, foi imortalizada num painel de azulejos colocado na fachada desse edifício a lenda que explica a razão pela qual Mizarela ou Misarela é conhecida como a Aldeia do Melro. Conta a história que um agricultor andava pelos campos, de roda das cerdeiras, zelando pelas cerejas que estavam a amadurecer e, como tal, apresentavam uma cor amarelada quando vê fugir um melro do meio de uma das árvores. Tendo o dito pássaro o bico amarelo, contava ele que tal fosse uma cereja e desatou a correr atrás dele empunhando uma espada de cortiça. Quando o pássaro parou em cima de um barroco de granito o agricultor não pensou duas vezes e atirou a espada com o intuito de acertar no melro. Consta que a pontaria não foi a melhor mas que, tal a fúria e determinação das gentes da terra, ao que parece o dito barroco abriu-se com o impacto tendo a espada de cortiça ficado cravada nele. Alguns populares acrescentam que o dito agricultor correu atrás do melro bons quilómetros, até ao sítio do Apeadeiro de Sobral da Serra. Outras fontes mais pictóricas afirmam que o melro levava realmente uma cereja no bico e que, para fugir da espada, a deixou cair e esta se foi enfiar na brecha recém-aberta no barroco e que daí rebentou uma cerdeira.”
Segundo outra lenda, um criminoso fugido da justiça viu-se encurralado e desesperado ao chegar aos penhascos sobranceiros do rio. Talvez pelo peso da consciência, o criminoso invocou o nome do mafarrico que de imediato apareceu. Disse o diabo: _ "Ajudo-te a passar mas em troca dás-me a tua alma". Em ato de desespero, o que importava era salvar o corpo em vez de ser capturado e enfrentar a justiça o criminoso assentiu. Num ápice, o diabo fez aparecer a ponte, o foragido passou para a outra margem deixando as autoridades perante obstáculo intransponível, pois a ponte já se tinha esfumado. A estória não se ficou por aqui. Passados tempos, o pobre homem sem alma viria a arrepender-se do pacto que tinha feito e foi contar o sucedido a um padre. Disse o padre: _ "Pecado, terrível pecado! Vais outra vez ao mesmo sítio e voltas a chamar o Diabo, pedindo ajuda para a travessia do rio. Deixa o resto comigo." Assim foi. Já no local, o desgraçado volta a chamar o chifrudo que logo apareceu e concede-lhe o desejo: a ponte surgiu. A meio da travessia, o homem parou, o padre escondido apareceu com água benta e aspergiu-a. O diabo esfumou-se no ar, deixando odor intenso a enxofre. O diabo tinha sido enganado. O homem recuperou a alma, a ponte ficou benzida e permanece.
Da ponte da Mizarela advém ainda mais uma lenda - “Quando uma mulher não levava a bom termo a gravidez ou pelo simples medo de perder o primeiro filho ainda na gestação, devia pernoitar na ponte até ao alvorecer, impedindo que algum ser vivo por ali passasse. De manhã, esperaria pela primeira pessoa que aparecesse, pedindo-lhe que com uma corda comprida presa a um recipiente apanhasse água com a serventia de benzer o filho ainda na barriga e ser o padrinho ou madrinha da criança. Rezavam um Pai Nosso e uma Avé Maria. "Se for rapaz chamar-se-á Gervaz, se rapariga, Senhorinha." Feito o pré-batismo, a mulher tinha sucesso na gravidez.”
Fontes – TSF e Wiki.
CAFÉ DA MANHÃ
Pablo Picasso – Bullfight, 1934 Pablo Picasso
Morremos por tudo e por nada. Morremos de fome, de sede, de cansaço, de sono, de vontade, de tédio, de calor, de frio, de dor-de-cabeça e do mais que aqui não cabe pelo tamanho do lençol desta redação. Dos verbos, o «morrer» é, provavelmente, dos mais usados em Portugal.
Finos como alhos da horta, ao declararmos tantos passamentos, é conferida à banalidade o tom dramático que tão bem quadra com o temperamento latino mediterrânico. Excetuo os franceses do sul – na barriga cheia de vento, os melhores - geneticamente cartesianos, podres de chique, para os quais morrer de surpresa é atitude de mau gosto. Improviso de que não conste «finesse» e planeamento tira do sério francês de gema. Acabado o ato fúnebre, como servir aos familiares e amigos do morto dignas trufas fatiadas envolvidas em ovos, escargots comme il faut, bouillabaisse fria à marseillaise se o finado não teve a decência de dar tempo para abastecimento de linguados e camarões?
Na Itália, descendo pela bota, morrer ganha consistência em número e razões – o Vesúvio, o Stromboli e a Sicília ali tão perto, a matriz acalorada dada a paixões compatíveis com ilícitos gravosos legitimam surpresas mortais. Pelo perigo eminente, os italianos habituaram-se ao improviso do post mortem. E saltam dos gavetões lutos como os franceses sacam queijos, tintos e baguetes - a massa destas pode não ter levado a mão de Cristophe Vasseur no “Pain et des Idées” da rua Yves Toudic, mas, ainda assim, diferem do plástico das nossas. Em síntese: os italianos sabem carpir quase tão bem como nós. Não surpreende o gosto das portuguesas por Itália como destino de férias, enquanto os respetivos escolhem Paris. Entendo: nós somos as mais ligeiras no manifesto de morrermos por desconforto.
Em Espanha, o morrer na arena é trivialidade. Os touros finam rodeados de (…)
Nota: texto publicado no "Escrever é Triste".
CAFÉ DA MANHÃ
Breve a fuga. Sempre curto demais encontro silencioso com o espírito. Também por isso aproveitado cada instante. Fruição. Até na espera do ferry e das sardinhas em Setúbal.
Casal de alemães rondando sessenta e pós sai da caravana luzidia. Elegantes, bronzeados, cedem ao vício dum cigarro com Arrábida em fundo. Gozando da brisa fresca, dos meus cabelos por ela levantados, do sol entre nuvens no seu brincar com sombras e repentes de luz gloriosa, sentia com gosto o temperamento da meteorologia. A mulher aproximou-se e foi o inglês posto ao serviço do diálogo. Comentaria: _ “É rica?”. Perante a minha perplexidade, acrescentou: _ “Esta zona é muito cara. Quem ali circula distingue-se dos algarvios e alentejanos.” Expliquei o critério que preside no ‘Troia Resort’ – pelo custo dos catamarãs, injustamente arredada a população de Setúbal da praia histórica na infância de muitos. Pelos custos elitistas, o português hesita ou é impedido pelos salários e empregos parcos. Seleção obediente a cimeiros interesses económicos tendo em vista lucros crescentes. O homem comparou: _ “ Fosse em Espanha e a costa estaria pejada de hotéis impressivos.” Que não, que em Portugal eram (mal) protegidas reservas naturais. Dei exemplos. Quase batiam palmas.
O casal viera desde a harmoniosa Colónia, percorrera Sul de França e de Espanha, permaneceu no Algarve, os dias últimos em Lagos. Espreitaria a Costa Alentejana e Évora. Do Algarve, em particular de Lagos, opinião do pior. No entanto, estabeleciam diferença profunda com a Grécia onde peregrinaram no ano anterior. Lixo, gentes tristes, pobreza a esmo. Em Portugal, tudo é distinto e garantia o casal confiar na ressurreição económica do país. Inquiridos como viam os alemães Angela Merkel, resposta entusiasta de manifestos apoiantes. Europa forte, defendem.
A estranheza maior relatada foi a quantidade de autoestradas cortando país tão pequeno. Teriam vindo da Europa os euros? _ Que sim, que haviam sido mal aproveitados ao privilegiarem comunicações viárias em vez da educação como faria qualquer novo-rico. Avistado o ferry, despedida. Mágoa pelo diálogo interrompido.
CAFÉ DA MANHÃ
Som da fuga
Fotografia de Teresa C., autor que não foi possível identificar, Fabian Perez
Neste Verão prestes a definhar, o apetite por esplanadas descobriu novas onde a paz acontece seja meada manhã ou tarde, cinza ou soalheiras as horas. Amplitude no horizonte diante para que a janela do olhar se levante das páginas e analise o lido, a perfeição duma frase, o momento interior, os silêncios de outros companheiros na sombra escolhida. Nesses instantes, a vida é série filmada, digerida por episódios. Flashbacks revelam subentendidos nas curvas do guião que se desenvolve no ecrã íntimo. É sempre assim nos lugares onde a leitura é objectivo. Se caseira, as paredes confinam deambulações ambiciosas, a falta do longe ao olhar entope a descodificação dos signos por o espírito tender a enredar-se em detalhes ociosos _ Aquele quadro está desalinhado, não posso esquecer ligar a máquina da roupa, tenho de organizar esta papelada. No regresso às letras impressas, ficou diluída a emoção. Já pela noitinha, quando o sono indicia para breve adormecer o corpo alongado na cama/esplanada e parece anular a força da gravidade, a metacognição está apurada. Expostas ficam impressões subjectivas.
Em lugares de perdição, andarilhei pelo México e Espanha sem do mesmo poiso sair. Partilhei bravuras, homens/desamores, traições, fidelidades, vidas corridas no fio da espada. Segui o tortuoso carreiro de duas mulheres, Teresa Mendoza uma delas. Decidida, arrojada, contida, é a que se pensa com lucidez, que pensa aqueles de quem é próxima, que pensa como (sobre)viver na lateralidade dum mundo mentiroso onde tudo e quase todos são comprados. Trafica “La Reina del Sur”. Será “La Reina del Sur”. Arturo Pérez-Reverte desenha realidades submersas, e, logo de início, coroa Teresa Mendoza. Com justiça a honra nas quinhentas e trinta e uma páginas que apetecem duplicar não seja perdido o feitiço de tão impressiva escrita.
CAFÉ DA MANHÃ
Sorayama
A partir de sete de Março, limite máximo de velocidade em auto-estradas espanholas: 110 Km.h-1. Nas localidades, a velocidade limite admitida é de 30 Km.h-1. Poupança de 15% em gasolina, de 11% em gasóleo. Com ela, Madrid subsidiará redução no preço dos transportes públicos. Economia para os cidadãos e para o país; previsível redução do número de acidentes rodoviários.
Nós, que temos mordendo calcanhares colectivos o FMI e ajudantes, pelas excessivas vítimas bem precisamos de repensar doudices nas estradas e gastos em barris da mistura negra, ouro nas sociedades de hoje. Não recuso já exceder a minha paciência rodar a cinquenta por ‘estradas de lá vem um’ por não descolarem as moradias à beira – freguesias esticadas ao longo do alcatrão num ror de milhares de metros que mais parece dele não haver fim. Piores os semáforos atentos que interpõem encarnado em percursos descampados por leve pressão no acelerador. «Uma seca» o percurso, segurança melhorada que não admite dúvida.
A carestia do petróleo e seus derivados que injectados nos automóveis os fazem mover já tem efeitos visíveis – o Eixo Norte/Sul, nas clássicas horas de ponta, aparenta caminho vazio com destino no ‘pomar de Jesus’. Ao preço escandaloso do combustível por litro, as famílias repensam atitudes: evitam viatura própria, optam por transportes públicos, diminuem gastos, estafas e, de caminho, beneficiam o planeta. Pena foi ter se sobrevir penúria para racionalizar pecúlio, a Terra como maior.
CAFÉ DA MANHÃ
Não resisto a mais esta bica/cimbalino por 'dica' do Cão do Nilo.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros